quarta-feira, 18 de julho de 2012

Não se iluda...

Estamos só o início, muita coisa ainda vai acontecer...

Quando meu amor soube do blog, ele ficou muito feliz. Abri para ele a postagem "O início de tudo", e ao perceber do que se tratava exclamou:
"Não acredito... É a nossa história!"

Respondi que era mais ou menos isso sim, mas que na verdade, era uma forma de expressar meus sentimentos, um desabafo, uma espécie de diário virtual.

Permaneci ao lado dele por uns instantes, e depois deixei-o sozinho lendo.

Ao terminar, ele me perguntou se não seria "perigoso", escrever essas coisas, pois algumas pessoas poderiam se iludir, ou criar expectativas em algo que pode não se concretizar. As pessoas poderiam achar que a doença tem cura, ou é fácil de ser tratada.

Imediatamente eu me recordei do blog que me serviu de inspiração (Amando um Dependente Químico), pois numa determinada postagem, uma leitora comentou exatamente isso, que a autora poderia estar criando falsas esperanças em outras mulheres que vivem histórias parecidas.

No caso dela, descordei completamente, pois ela já descreveu muita dor no blog. Muitas situações cheias de sofrimento e angústia. Momentos em que via o esposo chegar dominado pela droga. Carregando um bebê no ventre, ela chorou diversas vezes e passou grande parte da gravidez na fase de adicção ativa do marido. Durante a leitura de algumas postagens eu me emocionei.

Mas aqui, nesse blog, eu não cheguei a descrever os momentos horríveis pelo qual passei. Foi um ano onde vivi apenas em função da doença dele, e acabei adoecendo também. Minhas dores não foram transmitidas aqui, ao contrário, comecei a escrever quando meu bem já estava rendido ao tratamento, quando já havíamos reatado o relacionamento.
Comecei a escrever quando a Primavera já adentrava em minha vida...

Talvez isso faça sim, alguém criar esperanças em terreno que ainda não está firme. E essa não é a minha intenção. Deus me livre disso!

Não quero criar ilusões...
Como já mencionei algumas vezes, a dependência química é muito cruel. Nada fará o DQ parar de usar, a não ser sua própria vontade de parar. Ele não vai se importar com seu amor e dedicação, ele ultrapassará qualquer barreira para sustentar seu vício, sua fonte de prazer.

No dia que conversei com minha amiga que está vivendo a mesma situação que eu, falei isso com ela, que ela deveria ter consciência de que seu (ex)namorado fará coisas cada vez piores para conseguir usar a droga. E que o tratamento é possível sim, se ele se render.
E essa é a parte mais complicada! A rendição...
O DQ precisa aprender a descobrir quem ele é, precisa aprender a lidar com as perdas e frustrações.
E isso é muito difícil para eles.

Meu amor permanece limpo há 4 meses, mas só está bem e focado há cerca de 3 meses. Ele chegou a tentar nos manipular para encerrar o tratamento. E essa não é sua primeira internação, ele vem amadurecendo a ideia de ficar limpo desde 2009, e já passou por várias clínicas, além de usar drogas desde a adolescência.
O coração de quem o cerca já sangrou muitas vezes.

Minha vida ao lado dele não foi um mar de rosas, ao contrário...
Só agora eu comecei a ver as flores nascerem no meu jardim, e agora elas estão muito bem enraizadas...

Portanto, em se tratando de dependência química, mantenha sempre seus pés bem cravados no chão.
Filtre aquilo que escuta, procurando ler as entrelinhas das palavras do adicto que está ao seu lado.
Não se iluda, e não vá além do que puder suportar. E não se culpe se não tiver forças para seguir adiante.
Deus não quer sua dor, e nem a minha. Tenha fé...

Muita paz para todos!

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