sexta-feira, 23 de maio de 2014

Se um dia a casa cair... Reconstrua....

Eiiiiii... 

Nossa, quanto tempo!
Andei sumida. Muita coisa aconteceu por aqui (comigo, vale frisar!).

Atualmente estou de férias, mas no último mês de trabalho eu estava tão abarrotada de coisas que chegava em casa mais morta que viva, sem forças para voltar para frente do computador.

Bom, mas vamos lá...
Quando iniciei o blog eu já havia passado por muita coisa com  meu adicto.
A fase da ativa havia chegado ao fim, graças a Deus, e estávamos recomeçando a escrever nossa história juntos.
Naquela época eu já tinha um bom conhecimento sobre a doença dele e também sobre a minha (codependência).
Eu estava vivendo minha primavera, minha poética primavera.

E o tempo correu...

E vieram algumas recaídas, tanto as dele, quanto as minhas.

A codependência, assim como a DQ, deixa a gente cega, louca, surtada, sendo assim, também estamos sujeitas a recaídas emocionais. 

Hoje, quando olho pra trás, percebo que minhas recaídas foram muitos mais graves e frequentes que as dele.
Tento me perguntar o "porque", mas ainda não consegui chegar a resposta.

Ele saiu da clínica em setembro de 2012, e tudo ficou bem por uns meses. Mas, a partir do início de 2013 nós dois entramos em ciclos doentios.
Foi horrível!
Ambos totalmente recaídos e doentes.

Ele na arrogância, prepotência e auto-suficiência, e eu no ciclo depressivo da auto-piedade.

Foram brigas horrendas, palavras de dor, vontade de desistir de "chutar o balde".
Em alguns momentos eu sofria tanto, tanto, que desejava apagar tudo da minha vida (no sentido de memórias, por favor...).
Eu queria que nós nunca tivéssemos nos conhecido. Sentia ódio de mim mesma por ter entrado nessa relação.

Desejei ser a Bela Adormecida... Dormir por cem anos e não me recordar de nada quando acordasse.

Mas, em outros momentos, quando eu desejava lutar para sair do martírio da dor, eu me lembrava daquela canção do Titãs:

"Quando não houver saída
Quando não houver mais solução
Ainda há de haver saída
Nenhuma ideia vale uma vida

Quando não houver esperança
Quado não restar nem ilusão
Ainda há de haver esperança
Em cada um de nós
Algo de uma criança

Enquanto houver sol..."

E então eu tentava renovar minhas forças acreditando que ainda deveria haver esperança. 

Mas preciso deixar claro aqui, que eu não era nenhuma vítima na história, ao contrário, ambos estávamos errados. Não tenho o direito de atribuir-lhe a culpa de tudo que não dava certo.
Foi então que eu conheci o Nar-Anon. Eu estava afastada do Amor Exigente já tinha algum tempo.

Estou completando UM ANO de Nar-Anon, e GRATIDÃO é a única palavra capaz de traduzir meus sentimentos em relação a essa Irmandade.

E ao longo desse UM ANO, será que eu consegui me manter bem e lúcida?
Será que consegui encontrar a paz e a serenidade?
Será que consegui fazer o sugerido?

NÃO!!!! Absolutamente NÃO!
Mas ainda assim sou muito grata!
Grata por um Programa que salvou, e está salvando diariamente, a minha vida.

Hoje, e digo hoje mesmo, consigo ver exatamente em que ponto eu erro (sim, ainda erro demais!).
Eu me cobro além da conta, quero ser perfeita, quero que tudo se encaixe bem.

Nas reuniões a gente sempre escuta que "o segredo está na próxima". Na literatura a gente lê que "cada um tem seu tempo de entrar em recuperação".
E eu deixei minha ansiedade me sabotar de maneira cruel diversas vezes.

Desde que conheci o Programa, percebi que minhas recaídas foram piorando, foram mais dolorosas.
É muita loucura!

E então, recentemente, comecei a me observar. E finalmente senti que o Programa estava entrando na minha vida.

Algumas máscaras começaram a cair.
Descobri que não sou nenhuma santa, descobri que eu também sou muito manipuladora dos meus sentimentos.
É como se, se repente, um espelho aparecesse diante de mim e me fizesse ver quem eu realmente sou!

Isso doeu demais, mas está me tirando um peso dos ombros, pois significa que estou começando a entender de verdade que se eu não deixar o controle, permanecerei na montanha russa emocional.

O Lema "PENSE" nos diz que: 
"Precisamos perceber e aceitar que são os nossos pensamentos que geram os nossos sentimentos, ou seja, se estamos acostumados a produzir pensamentos negativos e perturbadores, desenvolveremos sentimentos ruins e desagradáveis, como o medo, a culpa, a autopiedade e a raiva."
(Muito eu!)

Minha mente é doentia e minha imaginação é extremamente fértil, e esse é o motivo de eu viver no ciclo.
É como se meus pensamentos me impedissem de seguir adiante, por mais que eu saiba que tudo não passa de loucura e auto-sabotagem, eu não consigo vencê-los. 
E isso faz com que eu protele minha recuperação.
Faz também com que eu sinta muito dor. Uma dor que sufoca.

O Poder Superior me diz que tenho que soltar a corda, e eu finjo que solto, mas continuo segurando uma pontinha do fio.

No último domingo cheguei a um momento de decisão. Eu estava discutindo (por motivos fúteis, mais uma vez) com ele, quando ele soltou a frase:
"É isso que você quer? Viver com uma casa linda e sozinha? Acorda!"

Eu simplesmente sai de perto, respirei fundo e olhei para mim mesma, e para o que eu estou fazendo com minha vida (que é linda) e me perguntei:
"E então, responda, é isso que você quer? Viver assim, nesse ciclo?"

Depois um anjo soprou ao meu ouvido:
"Desiste, Flor... Pare de buscar resultados diferentes fazendo as mesmas coisas!"

Pois é, minha casa está caindo, e por isso, finalmente, eu resolvi escutar esse anjinho, porque ele vai me ajudar a reconstruir a casa. Ainda dá tempo!!

.........

Naquele instante, eu sai de casa e fui a um lugar que eu já estava protelando em ir há algum tempo. E quando foi a minha vez de falar eu disse:

"Minha mente é doente e extremamente fértil, e meus pensamentos funcionam na velocidade da luz!
E por isso eu vivo numa montanha russa emocional.
É como se a voz de um anjinho soprasse ao meu ouvido o tempo todo 'fica quieta, não vai dar certo se você falar isso ou fizer aquilo. Deixa pra lá. Silencie.'
Mas ao invés de ouvir o anjinho, eu o ignoro e faço a besteira mesmo assim! Eu me saboto.
Eu não tenho um anjinho de um lado e um capetinha do outo lado, como a gente vê nos desenhos animados. Eu só tenho o anjinho, mas eu não dou importância ao que ele está me dizendo...
Eu ainda não descobri porque eu me saboto tanto. Talvez seja medo de encarar a realidade, de descobrir quem eu realmente sou... Sei lá...
Eu já sei que não sou santa, estou começando a ver meus defeitos de caráter na minha frente. Isso dói bastante.
Não sei o que acontece comigo, só sei que estou muito cansada de viver assim. Minha vida é maravilhosa, mas parece que eu tenho dificuldades em desfrutá-la.
Então é por isso que estou aqui, e pretendo continuar voltando, porque eu sei que o segredo está na próxima!
Obrigada por vocês terem me ouvido."

Foi com o intuito de dar início ao processo de  reconstrução que eu procurei uma Sala.
Era uma sala de outra Irmandade de 12 Passos, Lemas e Tradições.
Era uma sala de Neuróticos Anônimos, cujo programa é direcionado para os males emocionais, as doenças da alma.
Percebi que lá tem também adictos e codependentes, que buscam, assim como eu, unificar os programas de outras Irmandades a esse.
Foi muito bom!

A codependência, assim como a DQ, ou ainda a diabetes, não tem cura.
Cabe a nós decidir se vamos deixar que ela nos controle ou se vamos buscar as armas para controlá-la.
Cabe a nós decidir se vamos continuar nos escondendo atrás de nossas máscaras ou não.

Consegui enxergar que Deus não desiste de mim, e por isso eu também não tenho o direito de desistir, pois isso seria INGRATIDÃO.
Então eu decidi lutar por mim mesma.

Se GRATIDÃO é a palavra que define meu sentimento, é nela que eu tenho que focar.
E é isso gente.

Estou tentando viver um dia de cada vez.
Se não der certo, uma amiga me deu uma dica: viver uma hora de cada vez, um minuto de cada vez, e vamos que vamos...
Uma hora a gente acerta!
]Paz e serenidade a todos!