quarta-feira, 4 de julho de 2012

"Não perca de vista a primavera que o outono prepara"

Boa noite!

Lembro-me de que quando meu bem saiu da fazenda ano passado, eu estava tão feliz em saber que ele havia feito o tratamento e que seríamos felizes para sempre, que eu irradiava otimismo!

Eu falava o tempo inteiro coisas boas com ele, que tudo daria certo e que ele não precisaria se preocupar, pois estaríamos sempre juntos.
Ele sempre fazia piada disso, chamando de "otimismo irritante"!
Eu não percebia os sinais...

Ele me contava das reuniões do NA, eu contava das reuniões do Amor Exigente, enfim...
Eu tinha certeza de que ele estava bem, e que aquele mal humor era esperado, pois, com certeza, nada estava sendo fácil para ele.
Era uma nova vida.

E realmente não é fácil. O DQ precisa aprender a viver sem a droga, ou melhor, ele precisa aprender a VIVER!
E a mudança é muito mais complexa do que imaginamos.
É preciso uma mudança geral em todo o comportamento. Na alimentação, na rotina, no trabalho, nos horários, nas amizades, nos pensamentos.
É um renascimento!

Quando ele teve a primeira recaída fiquei arrasada, sem chão, sem ar.
Depois que aquela primeira tempestade passou eu disse a ele que eu jamais perderia aquele "otimismo irritante". Que não tinha problema, pois recomeçaríamos tudo de novo...
E várias outras vieram... E, contrariando minhas expectativas, eu fui perdendo o otimismo...
E após uma delas, chorando, eu implorei a ele que me fizesse voltar a ser "irritantemente otimista"!
Mas ele não foi capaz de fazer isso por mim!


Ontem, uma querida amiga me perguntou porque eu associava a fase ruim ao outono, e não ao inverno.
E eu respondi a ela que acho o outono meio triste, sem graça, as árvores ficam feias. Não gosto.
O inverno é frio, mas é aconchegante, as pessoas se aquecem no inverno, aquecem umas as outras, se aproximam. Há uma certa poesia no inverno!

Eu eu orava: "Senhor, faça com que minha primavera chegue logo. Faça com que o outono se vá rapidamente".
Até que um dia percebi a sabedoria das palavras ditas pelo Pe. Fábio em uma canção:


"Como é que você reage às quedas que sofre na vida?
Como é que você administra os fracassos?
Não há receitas mágicas que nos façam vencer os obstáculos.
Mas ouso dizer que há um jeito interessante de olhar para as quedas que sofremos.
É só não permitir que elas sejam definitivas.
É só não perder de vista a primavera que o outono prepara.
Administre bem os problemas que você tem, não permita que o contrário aconteça.
Se você não administrá-los, eles administrarão você."


E então eu comecei a não brigar tanto com o outono...

Hoje vivo dias de calmaria. Desejo muito que as tempestades não voltem.
Desejo viver a primavera que o outono está preparando.
A fase de internação findará no início da primavera, após 21 de setembro.
E será neste momento que a recuperação dele irá verdadeiramente começar.

Graças a Deus ele está cada dia melhor, mais consciente de suas falhas e fraquezas.
Cada dia tem se dedicado mais ao programa. Já fala em tentar reparar os erros, em pedir perdão.
As coisas precisam acontecer devagar com ele, para que a mudança seja plena e verdadeira.

Como eu mencionei numa postagem anterior, dentro de mim, tudo está acontecendo muito rápido, e isso me deixa meio tonta, mas ao mesmo tempo, de forma bem serena, pois estou vendo tudo de forma muito limpa.  Até minhas preces estão mais sensatas, menos aflitas. E é assim que tem que ser!

Amanhã é 5ª feira, e é dia de ligação, teremos alguns minutos para falar por telefone.
Isso é bom!


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