segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Deus armou tudinho!

Sim, Deus é mesmo muito bom e perfeito...
E me mostra a cada minuto da minha vida o quanto Ele me ama e quer minha felicidade e meu bem estar.

Já é madrugada dessa segunda-feira... Estou exausta... Mortinha da silva...
Mas eu precisava vir aqui contar o que Deus me aprontou nesse domingo!

Comecei a escrever o último post no sábado a noite e terminei na parte da manhã de domingo, enquanto meu amor estava na reunião em uma de suas salas preferidas.
Na verdade, só faltava finalizar a parte das estações, e como mencionei no final, apesar das tribulações recentes, nossa sintonia está voltando. Tivemos uma sexta-feira e um sábado perfeitos, com tudo tranquilo e em paz, sem brigas e com muito carinho. Até consegui cozinhar pra ele! (E isso é praticamente um milagre!)

Porém, depois que o deixei lá, quando já estava a caminho de casa, percebi que as chaves não estavam comigo, e voltei para buscar. Ouvi de longe a voz dele partilhando. Apesar de ser uma reunião aberta, não entrei. Pedi a um amigo dele que pegasse para mim.
Fiquei muito nervosa, pois lembrei da semana passada. Foi nessa mesma sala que ele se queixou injustamente de mim.
E foi mais forte que eu, acabei ficando escondida, de longe, tentando ouvir o que ele falava (eu escuto mais que golfinho!), mas dessa vez o som não me chegou bem, talvez pelo meu nervosismo.
Peguei apenas palavras soltas...

"... Meu trabalho... Irritado... O carro dela... Sem paciência... Fuga... Peguei o atendimento por ganância... Meu padrinho... Ela não aceita... blá-blá-blá..."

Voltei pra casa sem ouvir o restante com o coração sufocado. Minha imaginação fértil já logo criou uma história na minha cabeça...
"Ele está cansado de mim!"

Chorei!
Achei melhor não modificar nada que já havia escrito e postei...
Quando fui buscá-lo ele já logo começou a falar de sua partilha.
"Fui o segundo a partilhar e um monte de gente se identificou!"

Silêncio...
Ele percebeu minha quietude e me perguntou se estava tudo bem. Acenei negativamente com a cabeça... Expliquei o que ouvi...
 Risos (dele)...

"Amor, foi exatamente o contrário... Falei tudo isso sim, mas de outra forma... Falei que estava perdendo a paciência com você por bobagens, que estava fugindo do programa, priorizando apenas meu trabalho e deixando de ficar ao seu lado. Que me afastei do meu padrinho por pirraça... Que fui grosso com você... Que eu estava marcando compromissos fora de hora sem te consultar... Eu PRECISAVA me ouvir... Não fica assim não... Eu te amo..."

Ele ainda não sabia que eu havia atualizado o blog, a acabou partilhando exatamente o que postei!
Obra Divina!!!

Almoçamos juntos. Dividimos algumas tarefas. Brincamos com 'as crianças' (nossa cachorrinha e nossa gatinha). Fomos fazer um atendimento em domicílio (que ele já havia me avisado que faria, e dessa vez, com antecedência). Ele viu a corrida.
Muita paz!
Ele me abraçou várias vezes durante o dia.

Mas nosso domingo, infelizmente, não foi tão perfeito, apesar de termos ficado o dia todo juntinhos.
Eu, que me queixei tanto por ele me deixar de lado por conta do trabalho, acabei fazendo isso hoje. Estou me sentindo culpada!
rsrs
Como saí da Escola faltando apenas duas semanas para finalizar o ano letivo, tive que correr feito louca para deixar tudo pronto... Passei o dia inteiro fechando notas e fazendo essas loucuras que os professores fazem!

Mas, como eu disse no início... Não podia ir pra cama antes de contar como percebo que Deus está tomando conta da gente!

Uma excelente semana a todos!
Beijos no coração!


domingo, 25 de novembro de 2012

As estações


Oi pessoas,

Desculpem a ausência, foram tantos acontecimentos, bons e ruins, que nem sei se conseguirei expor tudo. Vou tentar dividir a postagem em tópicos diversos.

Está tudo bem e em paz, graças a Deus. Estamos nos esforçando cada dia mais para acertar. E tenho fé de que vamos conseguir. Vamos lá...



“A história de nós dois”

Quem me acompanha aqui sabe que eu e meu amor tivemos um ‘lance’ há mais de 10 anos atrás (nada sério, porém marcante para mim), naquela época não era nada sério, então não houve uma rotina entre nós dois, não nos conhecíamos profundamente. Reencontramo-nos no final de 2010. Estamos juntos desde então.
Passamos por momentos dificílimos juntos. Sua fase ativa de adicção me deixou muito mal, e quase fui para o fundo do poço junto com ele.
Foram noites e mais noites sem dormir, apenas orando a Deus para que ele chegasse vivo em casa e não machucasse ninguém enquanto dirigia naquele estado descontrolado. E depois de cada recaída vinham as promessas, que nunca eram cumpridas. Lembro-me que quando as últimas recaídas aconteceram, eu já nem sofria tanto mais, era apenas um sentimento de raiva misturado com frustração, sei lá...
Bom, como precisamos ver o lado bom dos fatos, pelo menos aprendi a ser menos boba e a estabelecer limites a mim mesma. E estou tentando colocar em prática o que aprendi.



“Superação”

Superei tudo. Quando resolvi aceitar reatar o namoro, em junho deste ano, decidi colocar uma pedra em cima de tudo que passou. Só assim seremos capazes de construir uma relação em terreno firme. Toda aquela dor e aquelas lembranças horríveis não me atormentam mais. Não uso o passado como arma durante uma discussão. Não posso fazer isso, pois se eu agir assim estarei abrindo feridas em ambas as partes.
Não vale a pena!
Eu sempre tive uma capacidade de superação da dor muito grande. Aprendi isso no relacionamento difícil que tenho desde a infância com minha irmã. Crescemos brigando, ela me ofendia e depois ficávamos bem. E é assim até hoje. Eu, simplesmente, aceitava. Achava que era melhor fingir que nada aconteceu e viver bem. Não sei até onde isso é saudável!



“Mas as palavras tem poder”

Ultimamente estamos tendo brigas que começam a partir de divergências e discussões bobas e acabam tomando uma dimensão maior do que deveriam.
Isso dói!
Dói mais ainda saber que superamos coisas tão piores, mas estamos nos machucando por infantilidades e egoísmos.
Dói...
Dói saber que nosso amor é verdadeiro e sagrado, mas mesmo assim não estamos acertando em detalhes.
Dói quando ele fala coisas para me ferir...
Nesse ponto ele é cruel. Sei que o que diz não é o que sente. Sei que ele se arma para me machucar e finalizar a discussão. Mas isso não é justo.
Sei que tenho cometido muitos erros também, como minhas inseguranças e as oscilações de humor que andaram me atormentando, mas esse erro, de ser cruel, eu não cometo.
O poder das palavras é enorme, e por mais que não tenham o real significado, ficam cravadas em nosso coração.
Dói ter a consciência de que passei por cima de tantas coisas piores, mas ele não tem se esforçado para superar coisas pequenas. Qualquer coisa o leva a perder a paciência e ele desconta em mim com atitudes cruéis. Dói...
Dói quando faço tudo para tentar acertar, meço as palavras, me esforço para não falar além do que devo, quando tento lembrar das coisas que ele gosta, quando tento agradar, mas um pequeno deslize coloca tudo a perder.
Depois ele se desculpa, diz que não falou de verdade, que arrependeu-se, que me ama muito e que sabe que Deus nos quer juntos. Mas mesmo assim ele me machuca.
Dói...
Mas algo me surpreendeu muito na última briga.
Já era madrugada quando eu ainda tentava mostrar-lhe como ele anda tendo atitudes egoístas, como se apenas sua vontade tivesse importância. E suas palavras antes de sair do quarto foram:
“Eu até gostaria de me desculpar, mas não sinto essa vontade...”
Minutos depois ele retornou e pediu que orássemos juntos. Isso nunca havia acontecido.
Ele dirigiu toda a oração, com palavras lindas de submissão a Deus.
Tomei posse, mas confesso que me peguei pensando em até quando esse sentimento de submissão irá durar.
Estamos bem desde então. Em sintonia. Em paz!



“O trabalho”

O terapeuta acha que ele está usando o trabalho como fuga, como aceitação social. Sua dedicação está grande demais, e ele está deixando as reuniões em segundo ou último plano. E aceitação social não é recuperação.
Outro dia ele falou de forma agressiva que para ele a única coisa que importava era o trabalho dele. Isso me incomodou demais. E também doeu!
Desde então, resolvi colocar nas mãos de Deus, que sabe de todas as coisas.
Todos sabemos que estar limpo é diferente de estar em recuperação. Estou tentando arregalar meus olhos quanto a isso e pergunto-me se ele, no momento, apenas está se mantendo limpo.
Tenho medo de descobrir a resposta correta, que às vezes me vem positiva, e às vezes me vem negativa.
Muitas de nossas brigas aconteceram por causa de seu trabalho, e por isso ele acha que eu não entendo, não me orgulho e não respeito.
Isso dói também, pois eu tenho sim, muito orgulho dele e de sua dedicação. Fico toda boba ao vê-lo sair de casa com uma postura tão diferente do passado. Fico muito feliz ao ver algum cliente mandando mensagens de agradecimento, ou confiando a ele situações delicadas.
O que não acho justo é o fato dele impor situações sem considerar meus compromissos ou sem sequer se preocupar se tenho algo a fazer.
Parece que o fato de o carro ser meu está sendo um peso para ele, e por isso se sente dependente de mim, e acaba descontando em mim alguma frustração perante isso. E então ele fala como se eu não me orgulhasse dele.
Justo eu, que me disponho, por amor e alegria, sempre a estar com ele, em qualquer momento. E ele está vendo como se eu fizesse isso por piedade, sei lá...
Ser prestativa é uma qualidade que tenho. Tantas vezes saí de casa para atender alguma amiga ou alguém, sem nunca cobrar nada em troca. Faço por amor, por achar que não me custa nada, por saber que se me solicitam é porque estão precisando. Gosto de ser útil, e quem me conhece sabe disso. Mas ele está vendo da maneira errada. Conversamos sobre isso e acho que foi produtivo. Expus meus sentimentos e pensamentos, e disse-lhe que me importo sim com o reconhecimento que ele está recebendo, apenas quero que ele tenha o cuidado de priorizar somente o trabalho e esquecer-se do restante.


“Não deu certo”

Ser fofoqueira não deu certo...
Perante os últimos fatos, concluí que eu estava certa quando achei que não deveria me meter em sua recuperação cobrando dele a presença nas reuniões.
Sei que elas são de uma importância enorme, e sei que tenho o direito de sinalizar certos pontos, mas não posso obrigá-lo a ir se essa não for a escolha dele.
Ele já tem idade para saber o que é certo e errado, para saber o que é bom ou ruim para ele. Ele precisa das reuniões, isso é um fato, mas não sou eu que devo dizer isso a ele, pois ele tem ciência disso melhor que eu.
Nossas brigas aumentaram depois que comecei a cobrar dele, assim como o terapeuta me orientou a fazer.
Ele ficou irritadíssimo comigo. Deu tudo errado!
Ele me machucou demais em uma partilha dizendo que o padrinho havia me mandado agir assim e eu o estava amolando. Senti-me exposta como uma bruxa má. Chorei!
E então, mesmo ferida e com a certeza de que ele foi imensamente injusto em suas últimas atitudes comigo, me coloquei no lugar dele. Também não gosto de fazer algo por imposição, acho que ninguém gosta. E acabamos fazendo apenas porque fomos obrigados a isso, e o que poderia ser maravilhoso acaba se tornando um fardo.
Quando eu era criança, meu pai me obrigava a comer feijão, e eu detestava. Ele não me deixava levantar da mesa enquanto eu não comesse tudo. Era horrível para mim, a comida esfriava, eu chorava, mas ele ficava irredutível. Resultado: tomei trauma e até hoje não como feijão!
Não vou me meter nisso mais, não dessa maneira. Muitas vezes tenho vontade de falar algo, mas estou me segurando. Não será minha postura ‘ditadora’ que irá impedi-lo de voltar para as drogas.
As coisas melhoraram muito desde então, nossa sintonia está voltando.


“As estações sempre nascerão”

Padre Fábio de Melo tem uma canção que se chama ‘As estações da vida’ que diz assim:

‘...Vida, tua cor colore o céu
Vida, teu calor acende a luz
Tece a melodia e deixa teu sinal, onde o vento canta ao sol
Sombras se dissipam e se vão quando se demonstra o teu poder
Alma do universo, expressão de Deus, digo sim ao teu querer
Mesmo que hajam forças contra ti sempre nascerão as estações
Incansável luta, não te cansarás eu sei que sobreviverás...’

Estamos numa fase difícil. Achei que viveria minha primavera linda e alegre, mas as outras estações também fazem parte do ciclo.
Dias chuvosos também são importantes, pois a terra precisa da chuva para dar boa colheita. No outono as noites são mais longas, as temperaturas mudam bruscamente e as folhas das árvores não estão tão bonitas, ficam amarelas. Mas isso é a característica que indica a passagem das estações. E é essa época que oferece as melhores colheitas, ou seja, tudo é necessário.
Sei que ele também sofre quando não estamos bem. E é por isso que vamos conseguir acertar juntos.


Um excelente domingo e ótimas próximas 24 horas a todos...
Beijo grande


Ah...
Amanhã começo meu trabalho na Secretaria de Estado da Educação.
Uma nova fase, com algo bem diferente do que estou acostumada.
Acho que vai ser bom. Torçam por mim! 


domingo, 18 de novembro de 2012

Resumindo...

"Eu escolhi viver de escolhas, não de chances.
Ser motivada, não manipulada.
Ser útil, não usada.
Me sobressair, não competir.
Eu escolhi amor próprio, e não auto piedade.
Eu escolhi ouvir a minha própria voz, e não a voz dos outros."

(Desconheço o autor!)

E é isso, minha gente...
Eu preciso muito aprender a ser o centro da minha vida, e isso não é egoísmo, é sabedoria.
Só serei útil para alguém quando eu conseguir ser útil a mim mesma!

Fiquem em paz e ótimas próximas 24 horas a todos!
E depois de todo esse feriadão, espero que tenham uma boa e produtiva semana!

Tudo bem?

Sim, está tudo bem...
E é isso que preciso enxergar.

Eu o amo tanto, e sei que ele também me ama, e é por isso que o medo às vezes me assombra e toma conta de mim. Já falei aqui que nunca fui acostumada a viver na felicidade, e por isso está sendo meio confuso na minha cabeça.

Insanidade?

Eu ainda preciso melhorar muito. Parei a terapia já tem uns meses, mas sinceramente, não acho que é disso que estou precisando agora. Já tenho as armas, já conheço minhas falhas, minhas qualidades, meus medos, minhas vontades, já sei quando me auto-saboto, quando estou melancólica.
Meus hormônios me dominam muito. Muitas vezes tomo medicações para a TPM.

Eu estou feliz, e PONTO! Mas é isso que está me confundindo, parece que estou com um emaranhado de nós dentro de mim, com toda essa mudança de vida.
Até ontem eu morava com minha mãe e cheguei a achar que seria assim para sempre, e hoje estou aqui, praticamente casada e sendo feliz. Realizando o único sonho que sempre tive na vida, desde a minha infância: CONSTITUIR MINHA FAMÍLIA!

Ele está em recuperação, e pela forma que as coisas caminham, o pesadelo das drogas está ficando cada vez mais distante de nós (mas nunca subestimando os perigos).

Temos um bom convívio, bons amigos, bons momentos... Somos felizes...
Temos uma casinha linda, arrumadinha, bons empregos, bichinhos fofos que amamos...
Somos cúmplices.

Mas insisto em manter-me confusa.

Sei que ele ainda tem muito que aprender, principalmente na paciência com as "coisas de mulher". Mas ele também tem consciência disso, e eu tento sinalizar. E eu também tenho o que aprender.
Sei que ainda vamos "bater cabeça" em muitas coisas, o que é normal com qualquer casal, mas a gente sempre se acerta.

Então o que está errado?
O que está me deixando tão tonta?

Fantasmas?
Sei lá...
Acho que é uma fase de adaptação... 
Vai passar...


Mas o que importa é que só por hoje estamos muito bem... E isso é uma coisa que eu também preciso aprender a repetir para mim mesma o tempo todo!
Sim, estamos muito bem.

Beijos grandes e fiquem todos na paz de Deus!
Bom finalzinho de feriado!

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Eterna vigília

Sim, é uma eterna vigília...

Ontem tive um momento com o terapeuta e padrinho dele, que me pontuou algumas coisas importantes sobre meu comportamento.
No início da internação de meu amor, fiz um acompanhamento em paralelo com ele, que me ensinava como agir, me direcionava. E agora recomeçamos esse acompanhamento.

EU também preciso me recuperar, EU preciso estar bem, consciente, atenta... Só assim posso ser útil na recuperação de meu amor.
Estar casada ou convivendo com um DQ requer alguns cuidados especiais, mesmo que ele esteja em recuperação. Trata-se de uma doença psíquica onde a mente deles pode sabotá-los se eles não estiverem suficientemente fortes e envolvidos em seu propósito de manter-se bem.

O principal ponto que ele me chamou a atenção, é sobre o fato de eu me envolver e cobrar diretamente sobre o processo recuperação dele.
"Realmente você não tem o direito de se meter... Você tem a OBRIGAÇÃO de fazer isso, e você VAI fazer."

Eu sempre comparo a DQ com doenças como a diabetes, que se não for cuidada, pode trazer graves consequências ao doente. Lembro-me que, quando trabalhei na industria, tive um gerente que era diabético, daqueles que precisa que tomar insulina todos os dias, mas ele não se cuidava da forma como deveria. Vira e mexe eu o surpreendia comendo um docinho ou um bolo, e eu puxava as orelhas dele de forma sutil.
"Chefe, chefe... Olha o açúcar... Não quero ficar sem você..."
Mas ele ainda não estava disposto a se tratar. E hoje me pergunto se sua esposa cobrava dele o tratamento.

O terapeuta me fez ver que se temos uma vida conjugal, não podemos ser DOIS separados, é preciso sermos DOIS em UM só!
Relação conjugal é a espécie singular de relação entre pessoas que se unem uma à outra, com o propósito de vida mútua em comum, distinta da ordinária vida social, ou da relação social a que se subordinam. As pessoas assim unidas chamam-se, por isso, cônjuges.
A palavra cônjuge vem do latim: con= 'um com o outro' + juge,re= 'ligação ou união'.

Quando cheguei em casa, ele já estava meio na defensiva sobre a conversa que teríamos. Achei que seria mais uma briga feia, e confesso que estava apreensiva. Mas, para minha surpresa ele me ouviu, meio emburrado, claro, mas ouviu. Quando fomos deitar, ele apenas me abraçou, como de costume. Nenhum questionamento.
Surpreendi-me com isso! Mas fiquei muito feliz.
Ele conhece o padrinho que tem, e no fundo sabe que ele sempre está certo.

Não podemos ser individualistas. Não posso simplesmente proibi-lo de palpitar em certas áreas da minha vida e nem ele pode me proibir de me envolver, pois isso não é viver em comunhão. E se optarmos por viver assim, começaremos a nos distanciar um do outro. Eu sempre fui contra a ter  relacionamentos onde cada um vive por si, cada um vai para onde desejar, cada um faz o que quer. Não sei viver assim.

Por isso, pessoas, quando estamos dispostas a entrar em recuperação junto com nossos amados, é importante que busquemos por ajuda profissional. Alguém que nos oriente como agir e que tipo de postura devemos ter. De preferência que seja algum profissional que também conheça a doença de nosso adicto.
Só assim aprenderemos fazer a coisa certa.

Um ótimo dia de feriado para todos!
Beijos!



quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Ele conseguiu!

Olá...
O cheirinho do feriadão já está no ar! Que delícia!

Boa tarde a todos!


A Poly falou (muito bem, por sinal) sobre depressão em seu post de hoje (Como vencer a depressão?). Vale a pena dar uma lida.


Nós, codependentes, temos uma forte tendência a nos preocuparmos além da conta com aquilo que não está sobre o nosso controle. Vivemos em função do outro e, muitas vezes, abandonamos nossas vidas. Algumas pessoas chegam a um grau tão doentio, que não conseguem mais levar suas vidas sem um foco problemático, ou seja, se tal problema foi resolvido, então a pessoa começa a buscar situações que possam lhe trazer novos problemas. É automático. Parece absurdo, mas acontece mais do que podemos supor. E o pior é que, na maioria das vezes, a pessoa não se dá conta ou não aceita que não está bem, o que dificulta o tratamento. Para buscar ajuda, é preciso assumir que existe um problema.

Lembro-me que foi por isso que busquei pela terapia, em 2007. Percebi que havia chegado a um estágio em que eu não estava mais dando conta de mim mesma. Se eu não encarasse de frente o fato de que eu não estava bem, poderia chegar a um grau de depressão tão grave, que tenho até medo de pensar no final. Demorei muito a descobrir quem eu era e a perceber que não tenho apenas defeitos, tenho muitas qualidades também e que minhas vontades também são importantes, na verdade, elas devem ser prioridades para mim.

Mas sei que ainda há muito a melhorar e a crescer, muita coisa a ser colocada em prática, como me disse meu amor. Algumas vezes eu saboto a mim mesma buscando conflitos onde eles não existem, como quando permito que os velhos sentimentos melancólicos me dominem e me pego confusa ou com medo de viver na felicidade. Procuro me policiar quanto a isso para não chegar a esse extremo da codependência. Tenho muito medo disso.

É comum também depositarmos nossa felicidade nas mãos dos nossos amados, amigos, parentes, enfim, qualquer um será responsável pela nossa realização, menos nós mesmas.
E na verdade, a minha felicidade depende apenas de mim, depende de EU ser capaz de conseguir administrar os meus problemas, frustrações e dores, não deixando que eles me administrem.
Altos e baixos existem em qualquer relacionamento, com nossos pais, irmãos, amigos, e, é claro, com nossos companheiros, sejam eles adictos ou não. E precisamos aprender a estar preparados para lidar com as dificuldades.

Usamos de algumas válvulas de escape para encarar nossas dificuldades, assim como nossos adictos. Eles, por não se aceitarem, buscam pela droga para fugir de quem verdadeiramente são, e nós buscamos por situações problemáticas para resolver, como se pudéssemos salvar o mundo.

Quanto a mim, descobri que sou codependente desde que nasci. Mas hoje, como já assumi isso, busco armas para não adoecer e me afundar. Tenho procurado viver de forma mais leve (isso é muito difícil) e aceitei que muitas situações da minha vida não estão em minhas mãos.

A briga horrível que tivemos talvez tenha aberto os nossos olhos, estamos em paz desde então. Percebi até que ele anda se esforçando mais em me ajudar em casa, de uma forma meio torta, mas está tentando, rs. Amanhã passaremos o dia juntos, sem compromissos maiores.

Esta última segunda-feira foi um dia que tinha tudo para ser tenso além da conta, eu poderia ter surtado de vez, mas conseguimos superar. Ele recebeu seu primeiro salário! E recebeu dos dois hospitais no mesmo dia, o que ele trabalhou por cerca de uma semana e o que ele está agora.

Para quem não sabe, o dinheiro é algo complicado para os DQs. Se estão em sua fase ativa, o dinheiro está associado às drogas, afinal é com isso que eles gastam. Apenas isso importa.
Quando entram em fase de recuperação, leva um tempo até eles conseguirem lidar bem com isso, e valores elevados em suas mãos deve ser evitado. É uma prova de fogo desnecessária.

Foi numa dessas que o namorado de minha amiga recaiu. Facilitaram para ele, e ele foi colocado numa situação que lhe favoreceu a ter em mãos um valor bem elevado de dinheiro, e por mais que ele já tivesse as armas para lidar com isso, ele não conseguiu. Nada justifica, a escolha de usar foi dele, mas cabe a nós, envolvidos em sua recuperação, estar atentos para essas situações.

Na parte da tarde, fui com meu amado receber o dinheiro em um dos hospitais, e de lá seguimos direto para depositar. Sua mudança de humor foi instantânea assim que saímos do banco. Ele ficou irritado, agitado, enfim... Talvez uma mistura de sentimentos: impotência, raiva, frustração, sei lá. Preferi não falar muito sobre isso, apenas disse que ele havia mudado.

Saí para trabalhar à noite, e quando ainda estava no caminho ele me ligou dizendo que havia acabado de receber o cheque do hospital que ele está trabalhando agora. Um valor alto. Engasguei, mas eu não poderia fazer absolutamente nada. Entreguei a Deus, que em todo seu amor por mim logo me acalmou e me mostrou algumas coisas: o documento dele estava comigo; ele não conseguiria descontar o cheque naquela hora, pois já estava de noite; nenhum comércio e nem ninguém trocaria o cheque para ele justamente por ser um valor alto e ele estar sem documento; além disso, se ele pretendesse fazer alguma coisa, ele não me ligaria avisando que havia recebido.

Relaxei!
Depois soube que ele ligou para seu padrinho e para minha mãe para contar. Achei graça. Parecia que queria se proteger contando aos próximos que estava com o cheque.
Mas o que importa é que ele conseguiu.
Cheguei em casa e o cheque estava sobre a cômoda.
Isso é recuperação, isso é o programa de NA.
Se ele optasse por usar, eu sofreria demais. Nem sei como iria lidar com a dor, mas a escolha seria dele, e eu não poderia fazer nada para impedi-lo. A única coisa que me restaria a fazer, seria seguir minha vida.

No mais, tenham um excelente feriado e fiquem com Deus!








segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Eu não tenho esse direito... E nem ele...

"Concedei-me, Senhor, a serenidade necessária
Para aceitar as coisas que eu não posso modificar;
Coragem, para modificar aquelas que posso
E sabedoria para reconhecer a diferença"

Essa oração tornou-se um mantra para mim. É perfeita...

Sábado:
Eu estava deitada num colchãozinho no outro quarto da casa, com o rosto escondido no travesseiro, chorando e com uma dor que me sufocava tanto que eu mal conseguia respirar. Já passavam das 22h, e ele chegou a se vestir dizendo que iria para o hospital para esfriar a cabeça, mas logo desistiu. Disse que nada o faria procurar por ela, mas sabia que se saísse eu ficaria preocupada então era melhor não ir.
Foi nossa segunda briga horrorosa... E ele usou de palavras cruéis para me atingir e conseguiu.

"Vou falar com minha irmã pra cancelar as alianças..."

O chão se abriu diante de mim... Desejei jamais ter escutado isso, mas escutei... Encarei aquelas palavras como um arrependimento por estar comigo. Mas no fundo eu sabia que era mais uma forma dele revidar.
Depois que os nervos se acalmaram ele sentou junto aos meus pés e falou algumas verdades.

"Minha Flor, você precisa aprender a praticar aquilo que escreve no blog. Leia o que anda escrevendo... Você cria histórias na sua cabeça sobre minha recuperação, vem me cobrando e eu fico logo p. e também não me controlo e falo um monte de besteiras com a intenção apenas de te agredir de alguma forma, mas depois me arrependo, além de não ser o que eu sinto de verdade. E eu preciso aprender a identificar quando você está assim, tão abalada..."

Ele estava certo quando falou que estou criando historinhas...
Mais uma vez meti os pés pelas mãos, sendo que sei, e repito a mim mesma todos os dias, que a manter-se em recuperação SÓ DEPENDE DELE! Eu não briguei, apenas tirei algumas conclusões precipitadas, que, mesmo que eu esteja certa, não tenho o direito de dizer. O máximo que cabe a mim é estar ao lado dele e apontar algumas falhas (e ele sempre me ouve nisso), mas não posso impor a ele que faça da forma como EU acho que ele deva fazer. Eu não tenho esse direito.

Mas ele também não tem o direito de dizer o que quer para me magoar e depois dizer que "não é isso que eu sinto", pois as palavras possuem um poder maior do que supomos, não podemos subestimá-las.
Mas ele já tem essa consciência, só ainda não está tendo sabedoria para colocar em prática. Ainda deixa as emoções da raiva o dominarem. E depois vem o arrependimento.

Eu não conseguia me virar para ele enquanto ele continuava a falar comigo numa voz doce e calma. Permaneci imóvel, deitada no colchão. E ele deitou-se ao meu lado, me puxou para junto dele, e continuou falando:
"...Eu não quero te deixar, eu não vou te deixar, eu te amo de verdade e quero passar o resto da minha vida com você, você me faz bem e eu te amo muito..."

Mas entendam, apesar de o assunto 'recuperação' estar no meio do furacão, a briga em si não tem relação com adicção do meu amor, pois brigas acontecem com qualquer casal. O ponto é o equilíbrio que precisamos buscar nas diferenças dos dois, precisamos aprender a respeitar os limites um do outro, pois agora dividimos o mesmo teto.
E é isso que estamos aprendendo a fazer. E para ser sincera, acho que estamos até na vantagem em relação a muitos outros, pois brigas nesse nível, além de raras, são resolvidas logo. Nossa gratidão e amor um pelo outro ultrapassa nossas desavenças.
Dormimos abraçados e serenos, em paz.

Tivemos um domingo perfeito e calmo, e é assim que vamos aprender a nos respeitar. Ele trocou de ficha na reunião do NA, mas infelizmente não participei, pois não sabíamos que seria nesse dia e não fui (droga!).

Estamos em paz há 236 dias. Um dia de cada vez.



Hoje estamos completando 5 meses de recomeço (para quem não leu ainda, veja em Pergunte de novo...). É uma data especial para nós...

No mais, tenham uma semana abençoada e ótimas 24 horas.



sexta-feira, 9 de novembro de 2012

O Padre... E eu...

Por mais de uma hora conversamos com o Padre, que é uma pessoa fantástica. Muito sábio!
Já foi logo perguntando ao meu amor como nos conhecemos...
rsrsrs

Meu amor contou tudo, desde o início, mais ou menos assim:
"Nos conhecemos em um carnaval, há mais de 10 anos... Sempre ficávamos juntos, mas sem compromisso (o Padre quis saber o que era 'ficar', e ele explicou)... Eu usava drogas... (O Padre perguntou se ele usava coisas pesadas) Sim, tudo. E já fazia coisas horríveis para usar... Iiiii, nem te conto, Padre... Senti vontade de procurar por ela através de uns amigos em comum em 2010... Mas eu tinha uma ex-namorada que estava grávida... A criança morreu dois dias depois que nasceu... Eu estava internado em Ipatinga... Trocávamos cartas e começamos a namorar... Mas ainda não havia o despertar espiritual, eu não sentia o desejo de parar de usar... Foi então que fiz uma merda muito grande com ela (sim, ele xingou de levinho várias vezes, rsrs)... Fui internado de novo... Tive o despertar... Aprendi que as minhas vontades nunca dão certo... Que tenho que fazer aquilo que Deus quer que eu faça... Eu a pedi em namoro no dia 12 de junho... Quero casar com ela..."

Depois ele me perguntou mais ou menos a mesma coisa:
"É engraçado, porque depois de 2005, quando nos vimos pela última vez, eu nunca mais tive notícias dele, mas às vezes pedia a Deus para protegê-lo... Eu sempre tive certeza de que havia o dedinho de Deus unindo a gente... Tive respostas claras quando eu implorava a Deus para me dizer o que fazer... Algumas vezes até me assustava... Isso me dava forças para continuar ao lado dele... Casamento para mim é sagrado..."

Foi uma conversa bem proveitosa, pois ele falou com muito cuidado sobre as dificuldades e as alegrias da vida a dois. Nos aconselhou bastante... Contou histórias, disse que eu tenho que aprender a cozinhar, que podemos marcar logo o casamento, falou da importância dos filhos, que eles fazem parte do ciclo, e que devemos ter dois.

Nesse momento meu bem torceu o nariz, pois se depender dele, não teremos filhos. Ele diz que aceita essa ideia por saber que eu desejo ser mãe, mas que por ele não teria. Assume que talvez seja por egoísmo, por saber que será necessário abrir mão de muitas coisas.
Quando ele me falou isso pela primeira vez, senti um vazio enorme dentro do peito, e comentei que se fosse para ser mãe sozinha eu preferia não ser, pois seria muito sofrido. Assim como ele pode se apaixonar pela criança quando vê-la pela primeira vez numa ultrassonografia, pode ser também que ele não tenha paciência com o bebê quando ele chorar, por exemplo. Decidi que não mais falaria no assunto, a não ser que partisse dele.
Mas o Padre falou!!! Senti-me constrangida... (não sei porque!)

"Iiiii, Padre... Isso a gente ainda tem que ver... Sei que ela quer e faria isso por ela, mas por mim não teríamos... Poxa Padre, me ajuda... Dois???"

Prefiro não comentar nada nessas horas.
Ando tendo altos e baixos em meu humor ultimamente, não sei os motivos. Tipo, parece que estou em uma constante TPM. Esquisito...
E por isso, às vezes tenho medo de estar pressionando-o, mesmo sabendo que não estou, pois ele diz todos os dias que quer viver ao meu lado para sempre. Não tenho motivos para ter inseguranças, mas elas estão me atormentando... E o mais insano é que essa mistura de sentimentos nada tem haver com medo de recaídas, nada disso, é coisa minha mesmo. Já tentei conversar com ele, que até contou ao Padre:
"Não consigo passar uma segurança para ela de que eu a amo... Não sei mais o que fazer quanto a isso..."

Em alguns momentos sinto-me tão sozinha. Sinto vontade apenas de estar protegida nos braços dele, que às vezes até ri de mim.
Talvez seja a falta de costume de ver os sonhos se realizando, falta de costume de viver em paz e sentindo-me amada de verdade.
Nunca vivi assim!
Medo estúpido!

E também tenho tentado me policiar bastante em relação às cobranças quanto aos afazeres de casa, a mínima colaboração. Mas está difícil... Meu amor é extremamente bagunceiro e desorganizado, sempre foi assim, nunca foi cobrado quanto a isso, e não se esforça nada para mudar!

Então fico me perguntando o que devo fazer... Dar uma de doida, brigar, pedir com carinho, fingir que não vi, deixar pra lá, arrumar tudo sozinha mesmo, chorar, sei lá... Mas acho que nada disso é justo, ainda acho que ambos precisamos ceder e colaborar com as diferenças um do outro. Para muitas coisas eu não me importo, pois sei que, em geral, os homens não levam jeito para passar e lavar roupas, por exemplo, mas outras situações me cansam, como todos os dias a toalha estar pendurada no boxe do banheiro, molhada e com cheiro de umidade. Affff...

A vida a dois requer mudanças de postura também, ambas as partes precisam ter muita paciência e sabedoria. A insegurança pela felicidade que estou vivendo, associada as bagunças dele estão me deixando arrasada, e fico tentando me forçar a não pirar e ter atitudes insanas ou palavras que me levem a um arrependimento maior que eu possa suportar.
Mas eu o amo muito e sei que ele também me ama. Passamos por tantas situações piores que isso, que tenho certeza de que vamos superar.

Faremos outros encontros com o Padre, que já deixou bem claro que vai ficar de olho na gente, tomando conta direitinho! Acho que isso vai ser muito bom para nossa relação.

Hoje, praticamente ainda não nos vimos, saio bem cedinho para trabalhar e não me despedi da maneira que faço diariamente, e ele ainda não chegou do trabalho, e isso está me matando. Estou com muita saudade, parece que não nos vemos há séculos!

Nossa relação é perfeita, nos divertimos, nos entendemos, nos respeitamos, não conseguimos brigar e nem ficar emburrados, enfim... Fomos feitos um para o outro de verdade!
Tipo: Alma-gêmea, cara metade e coisas do tipo, sabe?!

E é por isso que preciso aprender a lidar com meus sentimentos, medos e fracassos.
Preciso deixar Deus comandar todas as coisas sempre.
Preciso dominar a codependência e não deixá-la me dominar.
Preciso aprender quer eu mereço, sim, ser feliz e acreditar que ele é feliz comigo.

Só por hoje (e para sempre) estarei procurando ser uma pessoa melhor e acreditando mais em mim.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Por todos os dias de nossas vidas...


Hoje é um dia especial, eu estava ansiosa por ele. Preferi não comentar nada antes, pois senão eu ficaria mais ansiosa ainda.
Hoje começaremos um acompanhamento com um Padre.

Deixe-me explicar:
Sempre fui muito romântica, e o casamento e a constituição de uma família é um sonho que tenho desde a infância. Mas entendo o casamento como algo sagrado, nunca quis me casar pensando que ‘se não der certo me separo’. Para mim, deve ser para sempre.

Desde que me entendo por gente, o casamento dos meus pais sempre foi fracassado, e minha mãe suportou durante anos uma relação falida, apenas por medo de assumir aos outros que as coisas não caminhavam bem. Sempre houve muita briga lá em casa, e eu pensava que se um dia eu me casasse tentaria fazer tudo diferente do que via desde pequena.

E é o que estou buscando...
Cumplicidade, carinho, amor mutuo, sonhos, felicidade, confiança, fidelidade, fé, colaboração, companheirismo, verdades, enfim... tudo que é necessário para que as coisas caminhem para uma eterna primavera.
Mas viver com ele sem ter recebido a benção de Deus é uma coisa que me incomoda um pouco. Isso vai contra meus princípios religiosos, apesar de ter mais do que certeza de que foi Deus que nos uniu. Acreditei nisso desde o início, e acho que foi isso que me manteve ao lado dele nos piores momentos.

Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, por todos os dias de nossas vidas...

Conversamos e expliquei a ele essa minha angústia, e perguntei se ele toparia que a gente procurasse por um Padre que fizesse um acompanhamento com a gente, que soubesse de nossa história para depois celebrar nosso casamento.
E ele topou (para minha surpresa!).
Meu amor sabe que isso é importante para mim, e apesar de, lá no fundo, parecer achar isso uma bobagem, está de acordo. Acho que por ele não iríamos, mas ele não se manifestou contra em nenhum instante.

E então começou minha busca por um Padre que fizesse isso por nós. Conheci uma moça que é administradora do seminário, e, sem maiores detalhes, cheguei a perguntar se ela me indicaria algum, e ela foi super solícita dizendo que me ajudaria sim. Mas nem precisei de tanto... Deus é tão perfeito, que colocou um anjinho no meu caminho para fazer essa ponte de maneira mais fácil ainda.
Uma das meninas do grupo ‘Juntas Podemos Mais’ é sobrinha de um Padre, que faz acompanhamento de casais, e para melhorar ainda mais a situação, já trabalhou com DQ.

Daqui a pouco estaremos com ele.
Torçam por nós.

Porque Deus me ensinou que devo amar o que me faz feliz

Vamos aos fatos...
No último post eu falei do que aprendi no Encontro, agora vou falar de como foram as coisas.

Como eu já comentei numa postagem anterior, meu amor estava meio que trabalhando além da conta, como se quisesse recuperar o tempo perdido.
Sua dedicação estava chegando a ser doentia, principalmente porque estava recebendo um 'senhor voto de confiança' de seu antigo e atual patrão, que tantas vezes deu a ele 'mais uma chance', e em todas elas ele meteu os pés pelas mão!

O terapeuta e padrinho dele, com todo seu 'jeito ogro de ser', lhe abriu os olhos com um digno esporro:
"Desde quando trabalho é sinal de recuperação? Eu quero você nas reuniões pelo menos quatro vezes na semana. E se você arrumar qualquer desculpa a Flor irá anotar e me contar. Se você continuar nesse ritmo vai recair. E eu mesmo vou ligar pro seu patrão e avisar. Tá me entendendo?"

E depois, numa terapia em grupo, tornou a repetir em tom debochado:
"Tem gente por aí achando que trabalho é sinal de recuperação... Só quer saber de trabalhar pra recuperar o tempo perdido. Não frequente às reuniões não, para ver no que vai dar..."

E chega a ser engraçado, pois os afilhados dele, que o chamam carinhosamente de titio, costumam dizer que ele é um profeta, e por isso ficam apavorados quando recebem certas 'ordens' desse nível.
"Tudo que titio fala acontece, então é melhor obedecer e fazer o que ele mandar..."

Então...
Seguimos para o Encontro na 5ª feira à noite. E quando chegamos lá, meu amor estava completamente emburrado, mal humorado e distante. E isso piorou muito quando ele percebeu que celulares não funcionavam, ou seja, estávamos completamente incomunicáveis. Parecia arrependido de estar ali. Só conseguia pensar nas cirurgias que havia feito, que não teria como buscar notícias dos bichinhos, e blá-blá-blá...
Comentei com o terapeuta, que logo puxou as orelhas dele, mais uma vez, de uma maneira bem delicada!

Mas eu permaneci inquieta até o dia seguinte, e cheguei a pensar (aliás, tive certeza) de que ele só estava ali fisicamente, e fiquei muito chateada com isso. Senti-me no estúpido direito de dizer isso a ele, que, é óbvio, irritou-se muito e chamou minha atenção dizendo que o mal humor já havia passado, e que estava muito feliz por estar ali... Chegamos a discutir.
Nessas horas eu percebo o quanto ainda preciso melhorar, pois ainda fico sofrendo por algo que está fora de meu alcance. Sofri...
Mas, sempre ficamos tristes quando discutimos e logo damos um jeitinho de colocar os pingos nos 'is'. Ele me confortou dizendo que me amava.
A partir dali deixei por conta dele, como deve ser. Como sempre digo, a recuperação não está e nem nunca estará em minhas mãos.


Desejei do fundo do meu coração que todos os adictos que conheço, se entreguem verdadeiramente a esse Programa Divino.

Como eles mesmos disseram, o Programa é bem simples, mas a simplicidade pode ser assustadora, pois requer disciplina e mudanças de vida.
E é por isso que muitos não dão conta e fogem para as drogas novamente. O Programa não promete que o adicto nunca mais irá usar, isso vai acontecer de acordo com o grau de entrega de cada um.


O Evento foi maravilhoso, mais que eu imaginava.
Em muitos momentos me emocionei, não exatamente pelas histórias de vida, mas por me identificar com alguns sentimentos mencionados por eles: traumas sofridos na infância, dificuldades de relacionamentos com algum familiar que se ama, perdas afetivas, baixa auto-estima.
Sentimentos estes que venho buscando tratar dentro de mim já há alguns anos, e que sei que já melhoraram bastante, mas em alguns momentos insistem e me incomodar.
Fantasmas...

O momento em que mais me emocionei foi quando um deles, que é um cara extremamente gente boa e visivelmente de bem com a vida (já o vi várias vezes nas reuniões abertas), partilhando sobre o 11º passo (..melhorar o contato consciente com Deus...), falou de como ele conseguiu compreender Deus em sua vida, que em muitos momentos manifestou-se, mas ele não permitia Sua entrada.
Ele foi pai recentemente, e seu filhote estava lá (muito fofo!), e ele falou que hoje percebe que esse filho foi a maior prova da presença de Deus em sua vida, que ele jamais pensou que fosse viver tamanha alegria.

Esse cara tocou em dois pontos que mexeram comigo: Deus e constituição de uma família.
Ainda agora me arrepio ao lembrar das palavras dele.

Hoje vejo meu amor falar de Deus e fico tão tocada com isso. Ele que há pouquíssimo tempo atrás julgava-se acima de todas as coisas, que achava que não precisava de Deus, que recusava-se a acreditar que sua vida poderia ser melhor na presença Dele.

Me comovo muito também quando ele diz que me ama e que quer viver ao meu lado para sempre.
Ontem ele falou que estava muito feliz com sua nova vida.
"Fui para o trabalho emocionado, pensando em como está minha vida.."

E quando fomos dormir eu o perguntei porque ele achava que me amava:
"Porque Deus me ensinou que eu devo amar aquilo que me faz bem, que isso me deixaria feliz. Eu não consigo imaginar minha vida longe de você."

O fato é que eu também não consigo imaginar minha vida sem ele.
Tenho meus medos, mas não deixo eles me dominarem.
Ontem eles ficaram latentes dentro de mim...
Não sei, por exemplo, como iria lidar com uma recaída. Não gasto energia pensando nisso, mas é algo que pode um dia acontecer, a acabou de acontecer com o namorado de uma amiga, que já estava refazendo seus sonhos com seu amado (que estava reagindo super bem ao tratamento, e estava internado na mesma instituição que meu amor ficou). (Ele já está fora de casa a quase 48 horas. Sem notícias...).
Não sei também o que seria de mim em caso de uma traição, fiquei muito triste com a última postagem da Poly.

Mas nada disso está em minhas mãos... Nada...
A única coisa que está em minhas mãos é permitir-me a viver sem turbulências e acreditar que eu mereço, sim, ser feliz. Amá-lo, ser feliz ao lado dele e fazê-lo feliz também.
Assim chegaremos longe!

No mais, desejo dias melhores sempre.
Fiquem em paz!

domingo, 4 de novembro de 2012

Eu vou dar de graça o amor que recebi

Oi pessoas...

Estou exausta, mas acho que merecem que eu venha contar como foi o encontro...

Mas antes preciso explicar umas coisas:
Há cerca de pouco mais de um ano, aprendi, da pior e mais dolorosa forma possível, o que era a dependência química.
Aprendi a ter um olhar que jamais havia tido antes, talvez por ser um assunto longe da minha realidade (apesar de trabalhar num dos pontos de tráfico mais fortes da minha cidade), talvez por ignorância, talvez por falta de curiosidade, enfim... Aprendi! Pois até então, eu jamais havia parado para pensar sobre a dependência química, e nem sabia que era reconhecida pela OMS como doença (CID 10).
Eu sabia que muitas pessoas tinham problemas com drogas e PONTO! Que muitas pessoas que conheço usam 'socialmente'. Que muitos eram 'viciados' ou 'drogados'... e... SÓ!
Eu sabia que alcoolismo era doença, apenas isso!

Descobri o quanto é difícil tomar a decisão de 'parar de usar'. Não por malandragem, mas por fuga, ou por medo de descobrir-se, de encarar-se. Mas atenção, eles também não são nada coitadinhos!

E desde então comecei a me familiarizar com termos até então desconhecidos: codependência, adicção, auto-engano, auto-aceitação, comunidade/centro terapêutico, irmandade, 12 passos, grupos de mutuo ajuda, só por hoje, etc.
E comecei a compreender um termo que eu já havia ouvido falar, mas não tinha a menor ideia de como funcionava: o Narcóticos Anônimos, com os seus 12 Passos, suas 12 Tradições e seus 12 Conceitos.

Inicialmente, no começo da relação, eu sabia poucas coisas sobre NA, mas acho que já sabia o principal: que é a forma mais eficaz de manter-se em recuperação. Que quem segue o programa da forma como é sugerido, consegue manter-se limpo.
Eu comecei a perceber que meu amor ainda não havia decidido parar de usar quando eu notei o quanto ele se negava comparecer nas reuniões, o quanto ele criticava tudo, o quanto ele se recusava a pedir um apadrinhamento.

"Eu não acredito nesse programa... Esse papo de '12 passos' é ridículo... Quero fazer do meu jeito!"
(Ele falava)

"É engraçado... Funciona para todo mundo, mas você não acredita em nada que funciona... Você é diferente..."
(Eu respondia sempre)

Mas Deus, em toda Sua sabedoria, só age mesmo na hora certa, na hora em que permitimos que ele aja em nossas vidas.

Foi na Convenção Carioca de NA, que fomos em julho desse ano, que tive meu primeiro contato mais profundo com o tal Programa de NA.
Eu olhava para aquelas pessoas todas dando suas partilhas, aparentemente tão 'normais', que falavam coisas horríveis de si mesmas, sobre seus fundos de poço, suas atrocidades cometidas durante a fase de adicção ativa, e pensava "Não é possível... Inacreditável...".
Mas, mais inacreditável ainda era perceber como essas mesmas pessoas, donas de personalidades tão monstruosas no passado, demonstravam tanto caráter, tanta felicidade, tanta fé, tanta integridade no presente. Ou seja, para essas pessoas, não basta parar de usar a droga, é preciso reformular a vida, e para isso, faz-se necessário exercitar o Programa todos os dias.

Era o Programa de NA! Eram os 12 Passos...
Era o milagre da recuperação acontecendo.

E depois que meu amor finalizou a internação, comecei a frequentar as Reuniões Abertas de NA com ele. E eu gosto muito!
E comecei a entender como são praticados os 12 Passos, que para mim era apenas interpretar e absorver o texto que a gente encontra fácil na internet.
Na verdade, existe uma espécie de manual, um guia que ensina a destrinchar os tais passos. Há uma série de perguntas a serem respondidas, onde a pessoa vai se conhecendo, vai descobrindo seu real caráter, vai aprendendo a se perdoar pelos erros do passado, vai sentindo a necessidade de reparar os erros, vai aprendendo a ter gratidão e fé.
Todos aqueles que realmente vivem o Programa, se aproximam verdadeiramente de Deus e sentem-se muito amados. 
Mas como NA não é uma entidade religiosa, não podem falar sobre Deus de maneira unicamente cristã, então eles mencionam a existência de um Poder Superior, que será entendido de acordo com a crença de cada um.
Quem é membro de NA possui uma literatura de estudo, porém nada no Programa é obrigado ou imposto, TUDO é apenas SUGERIDO!
Uma dessas literaturas, eu leio com o meu amado. Chama-se "Só Por Hoje". É um livro de leitura diária com 365 reflexões sobre recuperação. Mas na verdade, ele é uma excelente leitura para qualquer pessoa, adicta ou não. Basta adaptarmos para nossa realidade. É lindo!

NA é uma irmandade, criada a partir do AA, em 1953 na Califórnia, mas que hoje existe em 126 países e oferece cerca de 40 mil reuniões por semana!
É um Programa  completamente espiritual (mas não religioso), que ensina que sem o Poder Superior não somos nada.

É um Programa  muito simples, mas o difícil está nessa simplicidade. Todos chegam completamente derrotados, mas ainda não estão totalmente decididos a parar de usar. A sala de NA oferece apenas um ambiente saudável para o adicto se recuperar. E o único requisito para tornar-se um membro é o desejo de parar de usar. E o mais perfeito de tudo: É GRATUITO!!!

O ENCONPASSO é um encontro para aprofundamento dos 12 Passos, que acontece em diversos locais no Brasil, que os explica de forma muito clara através de partilhas proferidas por membros em cima de cada um dos passos, ou seja, foram 12 partilhas. Após cada uma, todos os membros presentes dividiam-se em grupos para tentar chegar a uma conclusão do que absorveram sobre aquilo tudo.

Mais uma vez eu olhava todas aquelas pessoas, cheias de vida, cheias de amor, cheias de fé, que prezam o caráter, a gratidão e a honestidade acima de tudo e pensava "Não é possível que esse é seu passado..."

E foi ali, naquele hotel fazenda, durante esses últimos dias que eu confirmei algo que eu já sabia: 
Milagres acontecem de verdade quando se tem fé!

Cada uma daquelas vidas é um milagre de Deus. Não há outra explicação. Cada uma daquelas pessoas só está viva graças ao amor e a misericórdia de um Deus amoroso.
Emocionei-me em alguns momentos. Meu amor se emocionou me vários.
O amor era o sentimento mais vivo ali dentro, e era um amor verdadeiro, sem máscaras, como eu nunca vi igual.
Acho que as únicas pessoas que não eram adictas lá eram eu, minha amiga (cujo namorado é adicto também), e os filhos de alguns membros, e fiquei muito feliz por Deus ter me permitido conhecer esse Programa de Recuperação. Compreendi profundamente que estar em recuperação vai mesmo muito além de estar limpo...

Mas atenção, não estou dizendo que ter um companheiro adicto é a coisa mais linda do mundo e que recomendo a todos, ao contrário, passamos por muita dor até chegarmos aqui, que não desejo a ninguém. Porém, mesmo assim, hoje sei que ele é o homem da minha vida, que eu amo e escolhi viver ao lado dele, e por isso preciso aceitar sua doença e suas limitações. Virei a página de nossa triste história antes dele entrar em processo de recuperação (mas isso não significa que esqueci) e aprendi a  viver nossos dias sem pressa. E, principalmente, preciso aprender a vivenciar o Programa com ele, praticando os 12 Passos.

E isso, minha gente, farei de coração aberto, pois sei que, apesar de já ter aprendido muito sobre mim em sete anos de terapia, há muitas coisas que ainda precisam ser tratadas.


Vejam um pouco sobre como interpretei os 12 passos com o que aprendi no fim de semana:

Doze Passos

1º. Admitimos que éramos impotentes perante a nossa adicção, que nossas vidas tinham se tornado incontroláveis.                                                                                                              
É a libertação total da dúvida, quando se arrancam as máscaras. Todos passam a ter consciência de que usar drogas não vai adiantar mais nada. Nessa fase, a dor leva a necessidade de mudança de vida, leva a superação.


2º. Viemos a acreditar que um Poder maior do que nós poderia devolver-nos à sanidade.      
Aqui o adicto é preparado para acreditar que há um Poder Superior maior que ele, seja qual for esse poder (a sala de NA, o terapeuta, o padrinho, até chegar a Deus). E assim surge e fé.


3º. Decidimos entregar nossa vontade e nossas vidas aos cuidados de Deus, da maneira como nós o compreendíamos.
Esse passo abre o caminho para a recuperação a medida que se caminha nos próximos passos, mas é preciso ter paciência pois nada muda rápido. É uma entrega diária. É um momento de rendição e submissão ao extremo.

4º. Fizemos um profundo e destemido inventário moral de nós mesmos.
Para muitos, é o mais temido, mas também pode dar uma enorme sensação de liberdade, pois vale a pena se ver. E depois descobre-se que a dor de não fazer é maior que a dor de estar fazendo. É um passo muito libertador.

5º. Admitimos a Deus, a nós mesmos e a outro ser humano a natureza exata das nossas falhas.
É um passo de aceitação. A presença do padrinho é importante, pois ele também é um adicto e entenderá o que se diz. E o que começou com dor, terminará com alegria. Mas a auto-aceitação não significa que não há mais nada a melhorar.

6º. Prontificamo-nos inteiramente a deixar que Deus removesse todos esses defeitos de caráter.
Aqui começa-se a viver com honestidade. Mas é preciso calma, pois os defeitos só serão mesmo removidos quando Deus quiser.

7º. Humildemente pedimos a Ele que removesse nossos defeitos.
Constitui uma escolha espiritual. É preciso tornar-se humilde e ter uma vida limpa para viver uma vida espiritual. A paciência, mais uma vez, é uma das virtudes a serem trabalhadas.

8º. Fizemos uma lista de todas as pessoas que tínhamos prejudicado, e dispusemo-nos a fazer reparações a todas elas.
Perdão... É preciso ter paz para andar de cabeça erguida, é preciso se perdoar. Listar, mas esta lista NUNCA será completa. Este passo pede ação, mas ainda não é o momento da reparação, é apenas para saber que será preciso a reparação...

9º. Fizemos reparações diretas a tais pessoas, sempre que possível, exceto quando fazê-lo pudesse prejudica-las ou a outras.
Uma reparação exige muita coragem e fé. Muitas vezes, a única forma de reparar certas situações vividas é manter-se limpo e tentar ser uma pessoa melhor. A reparação deve ser interna, independente de como o outro irá me receber, e deve ser também diária consigo mesmo.

10º. Continuamos fazendo o inventário pessoal e, quando estávamos errados, nós o admitíamos prontamente.
Fazê-lo diariamente, em todas as situações cotidianas pelas quais passamos...

11º. Procuramos, através de prece e meditação, melhorar nosso contato consciente com Deus, da maneira como nós O compreendíamos, rogando apenas o conhecimento da Sua vontade em relação a nós, e o poder de realizar essa vontade.
Deus existe e está dentro de cada um, cabe a nós nos presentearmos com Ele. Aqui se busca melhorar o contato consciente com Deus, da forma como Ele é compreendido por cada pessoa. A disciplina é fundamental. 

12º. Tendo experimentado um despertar espiritual, como resultado destes passos, procuramos levar esta mensagem a outros adictos e praticar estes princípios em todas as nossas atividades.
Levar a mensagem àqueles que ainda não conhecem NA e que ainda sofrem. Quando estamos ajudando alguém, estamos ajudando a Deus a nos ajudar. Quando fazemos pelos outros, Deus faz por nós aquilo que não conseguimos.



Nunca vi nada mais lindo e profundo na minha vida, e falo isso sem um pingo de exagero!
Precisamos aprender a ser pessoas melhores a cada dia de nossas vidas, pois a vida foi o presente mais lindo que Deus nos deu, e a única coisa que Ele nos pede é que a gente cuide dela direitinho!

E para fechar com chave de ouro, veja parte da leitura do dia 4 de Novembro do livro 'Só Por Hoje':


Troca de Amor
"(...) damos amor porque ele também nos foi dado tão livremente. Novas fronteiras se abrem para nós, à medida que aprendemos a amar. O amor pode ser o fluxo de energia vital de uma pessoa para outra."
(...)
Só por hoje: A vida é uma nova fronteira para mim e o veículo que vou usar para explorá-la é o amor. Eu vou dar de graça o amor que recebi.

Espero que tenham ótimas próximas 24 horas...
Boa noite!

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Viver de "e se..."? Quero não!

Oiiiii........

Vixi, o dia de hoje deveria ter tido, no mínimo 72h!!
Acho que só sentei três vezes o dia todo: para almoçar, para passar roupas (sim, eu passei roupas sentada!) e para escrever aqui!

Estou de saída agora, vamos pagar a estrada para uma cidade próxima onde iremos participar do ENCONPASSO - Encontro de Passos na Recuperação.
Será o segundo evento desse que meu amor participa.
O primeiro foi logo no início de sua internação, no primeiro mês, e aconteceu em BH.

Logo depois que ele chegou, quando se deu conta do tamanho da mudança de vida que ele deveria ter, logo tentou manipular a mãe para sair da clínica.
Como diz o terapeuta: "Tomou o chá do 'já tô bom!'"
rsrsrs
Mas, graças a Deus, sua tentativa foi em vão! E ele prosseguiu o tratamento e se permitiu renascer.

Gente, como eu já disse aqui uma vez, viver no 'só por hoje', para mim precisa de ter o sentido de 'para sempre'. Não acho que por viver ao lado de um adicto, eu não possa fazer planos.
Ao contrário... Devemos sim pensar sempre que tudo dará certo.
O que precisamos é apenas um pouco mais de cautela e estar atentos a qualquer comportamento fora dos padrões de recuperação.
Deus nos ensina que devemos viver o hoje, e entregar o amanhã nas mãos Dele. Mas Ele não me ensina que amanhã eu deva esperar viver o inferno novamente. Não, não... Ele sempre quer o bem para todos nós.

Tenho uma nova grande amiga e companheira, que conheci na sala de Amor Exigente, e que por ironia do destino, seu namorado foi internado no mesmo centro terapêutico que meu amor estava.
Isso nos aproximou bastante e estamos sempre juntas agora, e dividimos nossas dúvidas e falamos a mesma língua. E para melhorar, moramos bem pertinho uma da outra!
Deus é tão bom que providenciou isso para nós duas.

Então...
Outro dia, estávamos conversando e ela me contou que sonhou que estava morando junto com seu amado, mas estava muito nervosa, pois não sabia o que faria com as chaves de casa e do carro. Não estava sabendo como agir. E me perguntou o como eu estava fazendo.

Respondi:
"Amiga... Não escondo absolutamente nada. Me recuso a fazer isso. Não escondo chaves, objetos de valor, meus míseros brincos de ouro, nada... E nem me incomodo que ele leve meu tablet para o trabalho dele. Eu estava vivendo nessa loucura antes de tudo acontecer. E no dia que eu me vi fazendo isso pela primeira vez, eu vi que eu estava vivendo de forma doentia. A única coisa que faço hoje é não deixar muito dinheiro com ele."

Naquele dia, quando me peguei escondendo as coisas, eu chorei muito e percebi que não queria mais viver daquela forma.
E quando eu aceitei morar com ele, depois que ele saiu do centro terapêutico, eu, verdadeiramente entreguei nas mãos de Deus.

E é por isso que estamos sempre juntos em sua recuperação.
Vou às reuniões abertas de NA com ele. Fazemos terapia juntos. Partilhamos (na verdade, ele partilha muuuito mais que eu!).
E em paralelo, sigo fazendo por mim também: grupos, bate-papo, orações, terapia, etc...


Se fosse pra viver daquela forma, eu não seria feliz.
Se for para eu viver pensando "E se ele pegar minhas coisas...", eu vou pirar.
E voltarei para o grau máximo de doença que a codependência pode me levar.
Quero não!!

Fiquem com Deus, pessoas...
Preciso ir.
Depois eu conto sobre como foi o evento do fim de semana.