terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Behaviorismo

"Hoje eu já não quero mais ficar limpo só por mim. Hoje eu penso em você. Eu tenho muitas facilidades, você sabe... Sempre chego em casa mais cedo que você, tenho o carro da clínica, mas eu penso no quanto você iria sofrer, na sua dor, e resolvo não usar".

Essas foram as palavras que meu amor dirigiu a mim outro dia.

Essa semana fomos atender um cachorro da proprietária de uma clínica de recuperação recém inaugurada.
Ela é psicóloga e explicou como é sua linha de trabalho. Ele contou que também esteve internado.
E então ela questionou como está seu pós-tratamento e sua frequência nas reuniões.
Ele me olhou sorrindo e disse-lhe:
"Eu tenho ido sim, pelo menos umas duas ou três vezes por semana..."

Disparei a rir e o desmascarei!
A conversa foi descontraída e leve. Foi quase uma rápida seção de terapia entre nós três! E quando começou a apertar, ele fez de tudo para sair pela tangente!
Mas já havia levado um leve puxão de orelhas. (Diga-se de passagem: adorei! rsrsrs)
A semente foi lançada, se dará frutos de imediato ou não, não sei, e nem vou me desgastar com isso.
Ele sabe o que precisa fazer, então não cabe a mim ficar batendo na mesma tecla o tempo inteiro, até porque, quando fiz isso, só deu confusão!
Precisa partir dele a iniciativa de deixar de priorizar apenas o lado profissional e atentar também para esse Programa milagroso que salvou sua vida. E é isso que o padrinho dele cobra:
"Cadê sua gratidão por esse Programa?" 

Ele sabe que não tem sido grato. Resolveu focar em outra coisa: o trabalho!
Paciência!

Isso, a meu ver, é também nobre, até certo ponto!
Penso que seu patrão é um dos maiores alicerces em que ele se apoia para manter-se limpo.
Sua gratidão por ele é até invejável, às vezes até me dá uma pontinha de ciúmes (rsrs).
Esse homem lhe deu inúmeras oportunidades de emprego e de recuperação, mas meu amado jogou todas pela janela. Aprontou demais naquele hospital e, mesmo assim, as portas lhe foram novamente abertas.
Hoje meu amor tem retornos de seus clientes que o emocionam, e a mim também. Recebe inúmeros torpedinhos de agradecimento. E o patrão é louco por ele. E, por isso, meu amor voltou seu foco totalmente para o trabalho e coloca as reuniões em 2º plano!

Paciência...

É o caminho certo a seguir?
O Programa diz que não..
Mas quem sou eu para apontar os erros se está dando certo?

Ele não está frequentando como deveria. E quando vai, não consegue mais ficar centrado na reunião, sai com outros companheiros e fica de papo lá fora.
Às vezes me incomoda, mas ao mesmo tempo reflito:
"Ele está entre seus companheiros conversando coisas produtivas do mesmo jeito!"

Talvez eu esteja fechando meus olhos, talvez eu esteja no meu auto-engano...
Talvez, talvez, talvez...
Seja lá o que for, a recuperação dele NÃO depende de mim, depende apenas na BOA VONTADE dele!

Estamos felizes com nossa casinha, nossos empregos, nossa família, nossa cachorra e nossa gatinha!
E isso é muito importante.

Meu adicto sempre fala que nas terapias aprendeu muito sobre condicionamento da mente, e isso o ajudou muito, e ainda ajuda!

Vou falar um pouco sobre isso...


A Psicologia estuda diversas teorias sobre aprendizagem e aponta que algumas refletem no comportamento do individuo.
São as teorias comportamentalistas.

"Behavior" significa "comportamento", e o Behaviorismo  é um conceito generalizado que traduz as mais importantes teorias sobre o comportamento do individuo.

Surgiu com estudos de John B. Watson. Ele defendia o modelo behaviorista de S-R, que significa Estímulo-Resposta. O estímulo seria o incentivador do comportamento humano.
Trata-se do Behaviorismo Clássico, que acredita ser possível prever e controlar toda a conduta humana com base no estudo do meio em que o indivíduo vive.
Assim o organismo fornecerá determinadas respostas resultantes de um estímulo do meio-ambiente. Essas respostas provocam as manifestações do comportamento e a formação de hábitos.

Uma outra linha é a de Tolman, que trabalha em cima do sistema de aprendizagem.
É o Neobehaviorismo Mediacional. Está apoiada sobre as interações Estímulo-Estímulo – gerados nos mecanismos cerebrais.
Assim, para cada grupo de estímulos o indivíduo produz um comportamento diferente e, de certa forma, previsível. Há no comportamento uma intencionalidade, um objetivo a ser alcançado e uma intensa persistência na perseguição desta meta.

Com o tempo, o sentido de "Behaviorismo" foi sofrendo modificações, e hoje se entende que o comportamento é uma interação entre o ambiente (onde o "fazer" acontece) e o sujeito (aquele que "faz").



Nas terapias em que se deseja obter uma modificação comportamental, segue-se a linha Behaviorista, por condicionamento.

O DQ passou a vida estimulando-se ao uso da droga e arranjava meios quaisquer para obtê-la e saciar seus desejos, gerando assim uma resposta a esse estímulo. O que ele precisa, ao entrar em recuperação, é aprender a condicionar seus pensamentos e fornecer diferentes respostas aos estímulos antigos. Como quando eles, com suas mentes doentias, contam “historinhas” para si mesmos para justificar o uso.

Essa tem sido a tática de meu amor. Ele condiciona seus pensamentos e não cai no auto-engano!

Podemos usar essa metodologia em nossa recuperação também. Espero ter ajudado!
Beijo no coração!




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