terça-feira, 22 de janeiro de 2013

- Minhas máscaras -

Segunda-feira, 21 de janeiro de 2013...

Eu não consigo...
Não sei para onde olhar, nem para onde ir...
Um turbilhão de sentimentos e pensamentos me dominam. Borboletas batem as asas dentro do meu estômago o tempo todo...

Tudo (ou quase tudo) aquilo que sonhei e pedi a Deus está aqui, diante de mim, mas eu não consigo!
Estou confusa...
As flores estão na minha janela, mas eu não sou capaz de apreciar o perfume delas.

Hoje não quero falar da adicção do meu amor. Isso não tem sido mais minha angústia há algum tempo, graças a Deus. Aliás, hoje completam-se 10 meses que ele está limpo, e desejo que esses 10 meses se multipliquem sempre. Quem diria... Antes eu ficava feliz ao perceber que ele permanecia limpo por 10 dias...
Mas não quero falar disso. Hoje não...

Preciso de ajuda...

Hoje eu preciso falar de mim. Desabafar da forma que nunca fiz...
Sou boa em ouvir e dar conselhos, mas não sou boa em colocar para fora aquilo que me atormenta, que me assombra, que me machuca...
Preciso falar de mim...
Acho que nem na terapia consigo colocar para fora todos os meus sentimentos.

A terapia, vou começar falando disso.
Iniciei a terapia em fevereiro de 2007, após o término de um relacionamento tumultuado, cheio de idas e vindas.
Ele era mais novo, de família muito pobre (muito mesmo), morava no morro, e no início trabalhava como office-boy. E eu já era pós-graduada, tinha um bom emprego e morava num bairro nobre. Eu fui capaz de tudo para ajudá-lo a melhorar de vida. Paguei cursinho, faculdade, ajudei na reforma da casa dele, enfim... Codependência pura, e olha que eu nunca havia ouvido falar disso.
Em troca recebi mentiras e traição. Ganhei uma depressão profunda e muita dor.

Foi meu primeiro fundo de poço emocional, e achei que esse era o maior de meus problemas.
Estava enganada.
Aos poucos fui descobrindo o que realmente me atormentava...

Minha infância foi muito cheia de turbulências. Cresci vendo meus pais brigarem o tempo todo, minha mãe dando a alma para sustentar a casa, trabalhando em três horários, e meu pai sempre enrolado, fazendo tudo de forma atravessada e jogando dinheiro fora. Durante todo o tempo da faculdade, que cursei em outro estado, ele nunca me mandou um real sequer. Nunca tinha nada!

Meu relacionamento com minha irmã, nunca soube explicar o porquê, sempre foi cheio de conflitos. Ela é dois anos mais velha e desde que me entendo por gente, sempre tivemos brigas feias, saíamos no tapa quase que diariamente. Ela não me deixava brincar com ela; não queria que eu fosse junto pra escola; não tirava minhas dúvidas nas tarefas de casa, mas ensinava as outras crianças da rua; não gostava que eu fosse falar com ela no recreio; quando éramos adolescentes ela não me chamava para sair; durante o tempo que morei fora, ela me ligou uma única vez: para brigar comigo por causa de uma saia; me chamava de 'doida' pelo fato de eu ter que tomar remédios fortes para as crises de enxaqueca, que me acompanham desde os 10 anos, e ela dizia que era frescura.
Eu era muito magrelinha e branquelinha quando criança, e alguns meninos da rua implicavam muito comigo, atribuindo-me apelidos maldosos.
Eu chorava, devia ter entre 6 e 8 anos. E não era capaz de compreender porque ela não me defendia!
Eu achava que ela não gostava de mim...
Cresci sentindo-me culpada por ter nascido, achava que havia atrapalhado a relação dela com os meus pais.


Até hoje nossa relação é esquisita, contudo, ela tenta se aproximar, mas eu criei um bloqueio, e simplesmente não consigo. Às vezes sinto-me mal por isso, mas ao mesmo tempo, com a terapia, consegui perceber que sou humana e a relação sólida de amizade que poderia ter existido entre nós não aconteceu...

Mas confesso que isso ainda dói um tiquinho!
Passei anos tentando entender os motivos pela qual ela me tratou assim na fase da minha vida em que eu mais precisava da proteção dela. Pensei em ciúmes e em várias justificativas, mas percebi que não caberia a mim descobrir.


Com a terapia, as máscaras que eu usava para me esconder sei lá de que foram caindo.

Lembro-me de um exercício dificílimo que a psicóloga me passou e que eu custei a conseguir fazer: eu tinha que anotar 3 qualidades minhas por dia!!!
Caraca... Eu não enxergava que eu tinha qualidades! Apenas as qualidades dos outros me importavam.


Eu sempre prestei muita atenção nas qualidades de quem está ao meu redor. Nunca fui de ficar apontando defeitos, e sempre acreditei que as pessoas são boas.

A vida inteira eu tentei agradar os outros, tentei cuidar, ser uma boa amiga (e sou!), uma boa filha (sempre fui também, e ainda sou), boa irmã (acho que fui, apesar de tudo...), uma boa professora (também sou!). Mas eu nunca pedi a ninguém que fosse bom para mim.

Ser boa para os outros já me era suficiente. Eu não precisava de retornos.
Ouvi tantas vezes na infância que eu não era ninguém, que passei a vida me escondendo e cuidando de quem eu percebia que poderia cuidar.


A terapia, atrelada a fé que deixei despertar em mim, me fez ver que eu sou digna de receber coisas boas. Que eu sou merecedora da felicidade, e que tenho muitas qualidades.



Na postagem Mentiras e Verdades, eu falei do que vi na Convenção Carioca de NA no ano passado. Lá eu percebi que sou uma pessoa muito abençoada por não ter me envolvido com drogas, pois elas seriam uma excelente fuga para mim, ou seja, eu tinha a faca e o queijo na mão para tornar-me uma adicta!

Seria tudo o que eu precisava para fugir dos conflitos que me atormentavam.
Quantas vezes desejei um abraço e não recebi.
Desde a infância, e até hoje...


Mas eu ainda não consegui retirar todas as máscaras.

Eu ainda me escondo não sei de que. Talvez de mim mesma.
Olho para mim e tento descobrir o que eu quero, o que eu posso achar que está faltando. 
Às vezes me pergunto se eu sei quem eu sou...
Mas não tenho resposta para nada.


Há dentro de mim um vazio de um tamanho que não sei descrever.

A felicidade está aqui na minha vida.
Tenho uma mãe maravilhosa, uma família estável financeiramente. Tenho amigos abençoados e verdadeiros que Deus, para suprir a ausência da minha irmã, me presenteia sempre. Tenho casa própria, graciosamente mobiliada. Tenho um bom emprego, sou muito realizada profissionalmente. Tenho uma cachorra, uma gata e meu amor sem as drogas. Tenho fé e humildade.
E tenho a felicidade aqui comigo, mas não consigo deixá-la me dominar.


Algo dentro de mim me impede de seguir.

Eu simplesmente não consigo me permitir viver a felicidade, apesar de senti-la aqui.
É tudo muito estranho. O perfume das rosas não chega até mim.


Há algum tempo eu detectei minha enorme fragilidade emocional. Não tenho domínio sobre o que sinto. Hoje eu detecto os sinais de quando vou explodir, mas não sou capaz de conter a explosão.

Preciso de ajuda.
Preciso de colo.
Preciso de um abraço, de alguém que me diga que tudo ficará bem...


Sou ótima ouvinte e conselheira, mas não sei pedir colo quando estou frágil. Foram raras as vezes que consegui fazer isso.

Estou com medo de não conseguir ter sabedoria o suficiente, ou de não ter mesmo domínio sobre essas angústias e jogar essa linda história de amor ao vento.
Muito medo!
Insegura...


Não sei deixá-la me dominar, inundar o meu ser.

A felicidade está aqui.
Do que mais eu preciso? Deus me deu absolutamente tudo que desejei, mas não estou sendo grata...
Tenho medo de meu amor cansar, dele simplesmente não saber lidar com isso.
Tenho medo de escuro. De não conseguir retirar as máscaras.

Estou me sentindo triste e muito sozinha.

Eu me escondo o tempo inteiro, de tudo, de todos...

Não quero mais isso.
Mas não sei o rumo a seguir, não sei para que lado olhar.


Será que esse monte de conflito existe em outras pessoas também?


Eu voltei para a terapia e desejo conseguir retirar as máscaras, antes que seja tarde...



6 comentários:

  1. Flor...puxa amiga, vc pontuando suas qualidades, seus medos...já mostra um sinal de recuperação, não sou psicologa rs, mas vc muitas vezes não consegue ou não conseguiu lidar com alguns problemas da vida, a vida e os nossos relacionamentos não saõ perfeitos como num filme e muitas vezes a gente acredita que tem que ser, eu mesma já acreditei nisso...a terapia com certeza te ajudou muito, acredito que vc está bem melhor se comparando a tempos atrás, e continue na terapia, busque o PS porque muitas vezes a tristeza vem da alma...vc está no caminho certo...desculpa se disse alguma besteira aqui amiga rs, como te disse não sou uma expert no assunto !! um gde beijo, no que precisar conte comigo !

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  2. Se aceite...com defeitos e qualidades...e dai se ainda vc não se sente plenamente feliz...e dai...se mesmo tendo tudo o que vc quer ainda existe esse vazio..não existem pessoas normais nesse mundo...se alegre pq vc ta abrindo a porta da sua vida...assim como vc...de certa forma eu sempre quiz ser aceita e nem sempre foi assim...hoje ja não me importo em agradar ninguém..me importo em ser eu mesma...a quantidade de amigos diminuem mais a qualidade das amizades aumentam...hoje se não ta bem..amanhã estará melhor com certeza....um grande abraço e força na peruca muiéeee....juntas somos mais fortes...espante o medo de perder as coisas e perder sua felicidade...se sua felicidade está dentro de ti...não tem pq temer..bjus

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  3. Emily, muito obrigada pela força...
    Suas apalavras muito me ajudam, sei que já melhorei muito, mas ainda há um longo caminho e eu preciso aprender a ver a luz que está acesa.

    Kel, vc está certíssima. E fazer aquilo que EU gosto e que me deixa feliz é uma coisa que tô aprendendo a praticar.
    Mas inda não sei de onde vem o vazio, e é isso que me atormenta mais.

    bj bj bj...

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  4. eu sei as vezes sinto esse vazio...digo q pareço uma estranha no ninho...mais to aprendendoa ter paciÊncia comigo mesma...qd to com esse vazio tomando conta...to vendo q significa q parei de me preocupar coma vida alheia...rs..e começando a querer a me preocupar com a minha...rs..só que como não sei o que me completa fica esse vazio...eu tenho tentado aprender sobre espiritualidade quando esse vazio tenta tomar conta de mim...ai acabo lendo livros...naum é nem pq naum sei do que eu gosto..eu sei mais com 2 filhos pequenos fica dificil conciliar...então to tendo q redescobrir e me adaptar...fica a dica..bjinhu

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  5. Kel,
    Às vezes me pergunto de onde vem essa codependência que me acompanha...
    De onde vem essa permissividade que faz com que eu deixe o outro me magoar?
    De onde vem tanta culpa?
    Não consigo me impor. Não consigo proibir o outro de me machucar!
    Nunca reagi, por exemplo, às ofensas da minha irmã. Na minha concepção, se eu disser a ela as verdades que desejo serei cruel, pois talvez ela não tenha noção dos transtornos existentes no coração dela, talvez não tenha noção que me magoou tanto.

    Cheguei a questionar-me se eu não estaria entrando em depressão. Mas acho que não. Acho que o problema é o medo da felicidade mesmo.
    A sensação da felicidade nunca fez parte de mim, mas também nunca senti falta dela. Eu não precisava dela, pois o que me satisfazia era deixar o outro feliz.
    Minha TPM está muito mais intensa.
    Nesse mês afoguei-me em lágrimas diversas vezes, vi monstros inexistentes, fiz tempestades em copos d’água, desejei sumir, voltei a ter sonhos perturbadores, tive muita insônia, e, principalmente, senti-me sozinha.

    Não consigo explicar ao meu amado o que me aflige. E ele não é capaz de me ajudar.
    Sinto-me insegura. Penso que ele irá embora a qualquer momento, mesmo com ele sempre me dizendo o quanto sou importante para ele.

    Mas uma coisa me conforta muito: tenho total noção que estou potencializando muitas coisas e isso já é um grande ponto de partida para minha recuperação.

    Gostei quando disse: “qd tô com esse vazio tomando conta... tô vendo q significa q parei de me preocupar coma vida alheia”
    Excelente ponto de vista!
    SÓ POR HOJE prometo a mim mesma que sairei desse poço antes que ele fique mais fundo do que é...

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  6. Independente de religião...leia e reflita...não se intrigue tanto com os porques do passado...s preocupe mais com o como mudar seu presente...e naums e esqueça..PACIENCIA AMIGA CONOSCO EM PRIMEIRO LUGAR...BJINHUUU

    "Alimpai-vos, pois, do fermento velho, para que sejais uma nova massa." - Paulo. (I CORÍNTIOS, 5:7.)



    Existem velhas fermentações de natureza mental, que representam tóxicos perigosos ao equilíbrio da alma.

    Muito comum observarmos companheiros ansiosos por íntima identificação com o pretérito, na teia de passadas reencarnações.

    Acontece, porém, que a maioria dos encarnados na Terra não possui uma vida pregressa respeitável e digna, em que possam recolher sementes de exemplificação cristã.

    Quase todos nos embebedávamos com o licor mentiroso da vaidade, em administrando os patrimônios do mundo, quando não nos embriagávamos com o vinho destruidor do crime, se chamados a obedecer nas obras do Senhor.

    Quem possua forças e luzes para conhecer experiências fracassadas, compreendendo a própria inferioridade, talvez aproveite algo de útil, relendo páginas vivas que se foram. Os aprendizes desse jaez, contudo, são ainda raros, nos trabalhos de recapitulação na carne, junto da qual a Compaixão Divina concede ao servo falido a bênção do esquecimento para a valorização das novas iniciativas.

    Não guardes, portanto, o fermento velho no coração.

    Cada dia nos conclama à vida mais nobre e mais alta.

    Reformemo-nos, à claridade do Infinito Bem, a fim de que sejamos nova massa espiritual nas mãos de Nosso Senhor Jesus.



    Médium: Francisco Cândido Xavier. Da Obra: "Vinha de Luz". Ditado pelo Espírito Emmanuel.

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