terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Só por hoje, pense em você!


Ei pessoal, bom dia!

Desejo coisas boas e paz.
Estou orando muito por nós, companheiras de DQs, por nossos amados adictos e por aqueles que agora estão nas ruas sofrendo e usando.
É tudo tão complicado, difícil e sofrido. É tudo tão instável.
A mente deles é muito doentia, e o fato deles assumirem isso já é um grande passo. Se eles não permanecerem no propósito de recuperação não conseguirão se manter limpos. Se eles não assumirem sua doença também não conseguirão.

Um adicto, para firmar-se na recuperação, jamais poderá uma vida social “normal” dentro dos padrões da sociedade. A vigília deve ser eterna. Não dá para ficar limpo por muito tempo frequentando boates e baladas, por exemplo, ou tomando uma cervejinha de vez em quando.
Como diz o NA:
“Evite hábitos, pessoas e lugares da época de ativa”

Meu amor às vezes me explica como funciona o autoengano, como eles começam a contar historinhas para si mesmos para justificar os motivos que os levam ao uso. Há um leão feroz dentro deles dormindo, bem quietinho, um monstro, que se for despertado voltará a atacar.

Ele segue bem, limpo e sereno há nove meses e dezoito dias (293 dias corridos!).
Estamos vivendo uma lua de mel, graças a Deus. Cada dia mais carinho e amor.
Mas sei que o programa não promete, nem a mim e nem a ele, que será para sempre, ou seja, amanhã a escolha dele pode ser outra. Por isso eu entreguei por completo.
Ou seja, já que me permiti a viver aquele sofrimento todo, precisei aprender a tirar algo de produtivo em toda aquela situação.

No nosso caso, deu certo e está dando certo. Mas para isso o passado foi obrigado a ficar mesmo no passado. Uma pedra foi colocada em cima de tudo. Cartas e diários foram queimados.
E assim estamos conseguindo. Juntos.
É claro que torcemos para que a primavera permaneça entre nós, que os dias de inverno não retornem, mas se ele não decidir, verdadeiramente, por continuar a viver essa nova vida, certamente os dias de tempestade voltarão a surgir.

Nos dias inicias de sua internação, vivi o meu luto. Sofri, chorei, isolei-me, adoeci. Mas foi uma fase necessária para mim.
E depois desse luto, durante o tempo em que ele permaneceu lá, buscando sua recuperação, eu também fiz a mesma coisa aqui fora, procurei aprender a controlar a minha codependência. Passei a orar mais por mim, por minha serenidade e sanidade.
Consegui modificar meu olhar sobre a situação. Enxerguei claramente que eu precisava mudar certas posturas e que não posso controlar a recuperação dele.

Em relação a ele, eu apenas pedia a Deus que incomodasse o seu coração e que fizesse o melhor.
Só isso!

Infelizmente eu só aprendi a viver com ele depois que passei por situações que não desejo a ninguém, da pior maneira possível, mas quando olho pra trás, vejo que foi extremamente produtivo.
Mas não foi fácil, nada fácil. Tive que aprender a olhar mais para mim mesma. Tive que aprender respeitar meus limites e os dele também. Tive que aceitar suas limitações.
Tive que me afastar de quem eu amo para ser capaz de ajudá-lo.

Viver feliz ao lado de um adicto é possível.
Algumas de nós, companheiras de dependentes químicos, têm estrutura psicológica para ser feliz ao lado deles na ativa, vivendo, literalmente, o Só Por Hoje. Eu não conseguiria mais, mas respeito muito e admiro as que possuem essa força e controle emocional para lidar com isso.

E viver MUITO FELIZ ao lado de um adicto em recuperação é mais possível ainda.
Hoje, há entre nós dois uma cumplicidade que é difícil encontrar por aí, e sei que muitas de vocês também possuem essa relação.
Não há mais segredos, máscaras, fingimentos. Não vamos dormir sem resolver as coisas. Não saímos de casa sem dizer “eu te amo!”.

Mas como saber se ele está rendido ao tratamento?
Como saber se ele não está nos manipulando novamente?
Como saber se dessa vez vai dar certo?
Como saber se ele não vai sair para usar na primeira oportunidade que tiver?
Como saber se os dias de primavera chegaram?
Ou se ainda estamos no outono? Ou no inverno?
Como saber tantas coisas?
São tantas perguntas... Tantas dúvidas...
E não há respostas.
A única coisa que sabemos é que às vezes é necessário nos afastarmos, apesar da enorme dor que isso nos causa.
Mas por quanto tempo?
Sei não!
Não temos controle sobre nada quando se trata de dependência química.
Não há fórmulas mágicas nem regras gerais sobre como devemos agir.
Podemos apenas entregar e confiar!
Fiquem com Deus!

Pensem nisso! Concentrem-se em si mesmas!
Só por hoje pense em você.
Procure descobrir o que te deixa feliz e vá em busca disso.
E boas próximas 24 horas.


Forte abraço florido!

3 comentários:

  1. Adorei!! Obrigada!
    É exatamente estes questionamentos que passa em nossa mente e em nosso coração. É bom saber que não sou a unica nesse barulho rsrsr, mas nunca deixei de pensar em mim e fazer por mim, acho que isso é que me leva para frente e a buscar e a aprender...obrigada! TMJ

    Tatiana M Lopes

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  2. Amei... muito lindo, estou trabalhando em minha vida o desligamento emocional é muito difícil, mas acredito que vou conseguir.

    Paz e serenidade só por hoje

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  3. Muito lindo post Flor!!

    Sabemos que só podemos mudar a nós mesmas, não temos o controle sobre a vida do nosso amado, isso só ele tem, o que vale é nosso apoio e ajuda se assim ele quizer !!!

    beijinhosssssss

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