Oi pessoal,
Hoje gostaria de falar um pouco sobre o amor da
forma como eu o compreendo.
Pela língua portuguesa, a palavra amor é
classificada como um verbo, e verbo é aquilo que exprime uma ação.
E, para mim, o amor é um verbo em seu sentido exato
de entendimento. O amor é um conjunto de ações. Ações essas que levam a
inúmeras emoções.
Alguns significados pelo dicionário:
Amor: sm (lat amore) 1 Sentimento que impele as
pessoas para o que se lhes afigura belo, digno ou grandioso. 2 Grande afeição de uma a
outra pessoa de sexo contrário. 3 Afeição, grande amizade,
ligação espiritual. 4 Objeto dessa afeição. 5 Benevolência,
carinho, simpatia.
...
O amor se faz em verso e prosa. É sagrado, é
cristão e colorido, divino, felicidade, plenitude. Ou como diz a Rita Lee:
“Amor é um livro
Sexo é esporte
Sexo é escolha
Amor é sorte...
Sexo é esporte
Sexo é escolha
Amor é sorte...
...
Amor é cristão
Sexo é pagão
Amor é latifúndio
Sexo é invasão
Amor é divino
Sexo é animal
Amor é bossa nova
Sexo é carnaval...
...
Amor é um
Sexo é dois...”
Sexo é dois...”
Sempre acreditei na história de que o amor é único
e eterno, que o amor verdadeiro só passa por nós uma única vez. Já vivi algumas
paixões avassaladoras em minha vida, e cheguei a achar que era amor, daí me
sentia confusa quanto à crença de o amor ser único.
Mas quando percebia que o desejo carnal era maior
que a vontade de ficar junto, ou que o sentimento me fazia sofrer mais que me
deixava feliz, ou que não havia cumplicidade, quando o ciúme e a falta de
confiança imperavam, a realidade voltava para debaixo dos meus pés e eu
percebia que ainda não era o ‘tal do amor’.
O amor nos leva a ações e sentimentos sagrados,
únicos.
Não há mentiras no amor, há cumplicidades... Há
respeito, fé, vida...
O amor me ensinou o significado da palavra
incondicional.
Não estou dizendo que meu amor por ele seja
incondicional, penso que somente as mães e Deus são capazes de amar assim, mas
sei que meu amor é maior que eu imaginei sentir um dia.
Quando ele estava na fase ativa de sua adicção eu
achava que o amava, mas na verdade eu apenas desejava amá-lo a ponto de
sentir-me capaz de fazê-lo parar de usar. Isso é codependência, não chega a ser
amor. Nos últimos meses, antes de sua internação, eu já não tinha mais forças
nem esperanças, já não queria mais viver daquela forma, vi o quanto eu estava
destruindo a minha vida. Tudo de mais lindo que eu havia sonhado foi destruído pela
droga.
Eu descobri que o amava quando o vi lutar para se
transformar em um homem diferente. Foi esse novo homem que me fez acreditar que
eu merecia amar de verdade e ser, reciprocamente, amada.
Foi muito difícil recomeçar. Na verdade eu não
estava dando a ele uma nova chance, eu estava dando essa chance a mim mesma e a
aquele homem que estava nascendo.
Mesmo que um dia ele recaia ou escolha voltar para
as drogas, continuarei a amá-lo, mas isso não quer dizer que aceitarei
continuar a viver ao lado dele. Posso amá-lo de longe, sem participar de suas
escolhas erradas. Não tenho mais estrutura emocional para viver assim, para ver
meus sonhos escorregando por entre meus dedos. Mas também não tenho como saber
exatamente o que eu faria (e espero não ter que fazer descobrir).
Algumas amigas queridas estão passando por isso. A dor
delas dói em mim também.
Compreendo que amo meu companheiro, pois apesar de
todas as suas limitações, me sinto completa ao lado dele e sei que também o
completo.
Outro dia escrevi-lhe uma carta falando sobre essa
minha compreensão do amor. Sem rancores, sem palavras pesadas eu lhe disse que
talvez ele ainda não me amasse. Mesmo acreditando em toda a sinceridade dele ao
me dizer que pretende viver ao meu lado para sempre, que precisa de mim, que
sente minha falta, que sente-se seguro ao meu lado...
Enfim...
Disse a ele que talvez ainda não seja amor, apesar
de ter certeza de que ele deseja muito me amar.
Simplesmente porque ele nunca soube o que é amor. Talvez
ele esteja aprendendo a me amar, descobrindo-se capaz de amar alguém.
Verbo esse que era desconhecido até então. A poesia
e a prosa não aconteceram antes.
Pensei nisso, pois ele ainda está centrado em si
mesmo, apenas. Mas hoje eu não vejo isso negativamente. Ele está aprendendo.
A gente sabe que ama quando percebemos que o outro
é parte de nós. Quando não são apenas nossos desejos e vontades que merecem atenção.
Quando nos preocupamos, quando pensamos antes de falar para não ferir.
Ele passou a vida toda manipulando a todos que o
cercavam para conseguir mais e mais drogas. Imagino o quanto seja difícil recomeçar,
com novas posturas e novas escolhas.
Ele ainda não sabe dividir, e prioriza apenas a si
mesmo e as suas vontades, ainda não me ajuda nas tarefas de casa como poderia e
não se lembra de pegar a pizza que eu gosto no supermercado.
Eu estava dormindo quando ele chegou e leu a carta.
Depois, ele veio até mim e disse que me amava sim, muito...
Que sabia de seus erros e que desejava muito
melhorar.
Amor é sagrado...
Na reunião aberta de domingo eu não fui, não tenho
me sentido a vontade desde quando ele falou coisas duras sobre mim. Mas ele me
disse que se delatou. Assumiu todas as suas falhas, sua falta de paciência, sua
sede pelo trabalho, suas escapadas de seu padrinho.
Ele parecia estar feliz por se assumir falho.
Mesmo na vida miserável que ele estava levando,
Deus me ensinou a olhar para ele da forma como Jesus olharia. Jesus era capaz
de descobrir amor nas pessoas que eram renegadas e fracas.
Eu amo meu querido. E eu o amo da forma mais
sagrada que Jesus me ensinou a amar. E sei que sou sua amada também. Sim, ele
me convenceu de que me ama, mas ainda tem muito a aprender.
“Amor é um livro
Amor é sorte...
Amor é sorte...
...
Amor é cristão
Amor é latifúndio
Amor é divino
Amor é bossa nova
...
Amor é um...”
Um grande beijo a todas...
Nenhum comentário:
Postar um comentário