quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Porque Deus me ensinou que devo amar o que me faz feliz

Vamos aos fatos...
No último post eu falei do que aprendi no Encontro, agora vou falar de como foram as coisas.

Como eu já comentei numa postagem anterior, meu amor estava meio que trabalhando além da conta, como se quisesse recuperar o tempo perdido.
Sua dedicação estava chegando a ser doentia, principalmente porque estava recebendo um 'senhor voto de confiança' de seu antigo e atual patrão, que tantas vezes deu a ele 'mais uma chance', e em todas elas ele meteu os pés pelas mão!

O terapeuta e padrinho dele, com todo seu 'jeito ogro de ser', lhe abriu os olhos com um digno esporro:
"Desde quando trabalho é sinal de recuperação? Eu quero você nas reuniões pelo menos quatro vezes na semana. E se você arrumar qualquer desculpa a Flor irá anotar e me contar. Se você continuar nesse ritmo vai recair. E eu mesmo vou ligar pro seu patrão e avisar. Tá me entendendo?"

E depois, numa terapia em grupo, tornou a repetir em tom debochado:
"Tem gente por aí achando que trabalho é sinal de recuperação... Só quer saber de trabalhar pra recuperar o tempo perdido. Não frequente às reuniões não, para ver no que vai dar..."

E chega a ser engraçado, pois os afilhados dele, que o chamam carinhosamente de titio, costumam dizer que ele é um profeta, e por isso ficam apavorados quando recebem certas 'ordens' desse nível.
"Tudo que titio fala acontece, então é melhor obedecer e fazer o que ele mandar..."

Então...
Seguimos para o Encontro na 5ª feira à noite. E quando chegamos lá, meu amor estava completamente emburrado, mal humorado e distante. E isso piorou muito quando ele percebeu que celulares não funcionavam, ou seja, estávamos completamente incomunicáveis. Parecia arrependido de estar ali. Só conseguia pensar nas cirurgias que havia feito, que não teria como buscar notícias dos bichinhos, e blá-blá-blá...
Comentei com o terapeuta, que logo puxou as orelhas dele, mais uma vez, de uma maneira bem delicada!

Mas eu permaneci inquieta até o dia seguinte, e cheguei a pensar (aliás, tive certeza) de que ele só estava ali fisicamente, e fiquei muito chateada com isso. Senti-me no estúpido direito de dizer isso a ele, que, é óbvio, irritou-se muito e chamou minha atenção dizendo que o mal humor já havia passado, e que estava muito feliz por estar ali... Chegamos a discutir.
Nessas horas eu percebo o quanto ainda preciso melhorar, pois ainda fico sofrendo por algo que está fora de meu alcance. Sofri...
Mas, sempre ficamos tristes quando discutimos e logo damos um jeitinho de colocar os pingos nos 'is'. Ele me confortou dizendo que me amava.
A partir dali deixei por conta dele, como deve ser. Como sempre digo, a recuperação não está e nem nunca estará em minhas mãos.


Desejei do fundo do meu coração que todos os adictos que conheço, se entreguem verdadeiramente a esse Programa Divino.

Como eles mesmos disseram, o Programa é bem simples, mas a simplicidade pode ser assustadora, pois requer disciplina e mudanças de vida.
E é por isso que muitos não dão conta e fogem para as drogas novamente. O Programa não promete que o adicto nunca mais irá usar, isso vai acontecer de acordo com o grau de entrega de cada um.


O Evento foi maravilhoso, mais que eu imaginava.
Em muitos momentos me emocionei, não exatamente pelas histórias de vida, mas por me identificar com alguns sentimentos mencionados por eles: traumas sofridos na infância, dificuldades de relacionamentos com algum familiar que se ama, perdas afetivas, baixa auto-estima.
Sentimentos estes que venho buscando tratar dentro de mim já há alguns anos, e que sei que já melhoraram bastante, mas em alguns momentos insistem e me incomodar.
Fantasmas...

O momento em que mais me emocionei foi quando um deles, que é um cara extremamente gente boa e visivelmente de bem com a vida (já o vi várias vezes nas reuniões abertas), partilhando sobre o 11º passo (..melhorar o contato consciente com Deus...), falou de como ele conseguiu compreender Deus em sua vida, que em muitos momentos manifestou-se, mas ele não permitia Sua entrada.
Ele foi pai recentemente, e seu filhote estava lá (muito fofo!), e ele falou que hoje percebe que esse filho foi a maior prova da presença de Deus em sua vida, que ele jamais pensou que fosse viver tamanha alegria.

Esse cara tocou em dois pontos que mexeram comigo: Deus e constituição de uma família.
Ainda agora me arrepio ao lembrar das palavras dele.

Hoje vejo meu amor falar de Deus e fico tão tocada com isso. Ele que há pouquíssimo tempo atrás julgava-se acima de todas as coisas, que achava que não precisava de Deus, que recusava-se a acreditar que sua vida poderia ser melhor na presença Dele.

Me comovo muito também quando ele diz que me ama e que quer viver ao meu lado para sempre.
Ontem ele falou que estava muito feliz com sua nova vida.
"Fui para o trabalho emocionado, pensando em como está minha vida.."

E quando fomos dormir eu o perguntei porque ele achava que me amava:
"Porque Deus me ensinou que eu devo amar aquilo que me faz bem, que isso me deixaria feliz. Eu não consigo imaginar minha vida longe de você."

O fato é que eu também não consigo imaginar minha vida sem ele.
Tenho meus medos, mas não deixo eles me dominarem.
Ontem eles ficaram latentes dentro de mim...
Não sei, por exemplo, como iria lidar com uma recaída. Não gasto energia pensando nisso, mas é algo que pode um dia acontecer, a acabou de acontecer com o namorado de uma amiga, que já estava refazendo seus sonhos com seu amado (que estava reagindo super bem ao tratamento, e estava internado na mesma instituição que meu amor ficou). (Ele já está fora de casa a quase 48 horas. Sem notícias...).
Não sei também o que seria de mim em caso de uma traição, fiquei muito triste com a última postagem da Poly.

Mas nada disso está em minhas mãos... Nada...
A única coisa que está em minhas mãos é permitir-me a viver sem turbulências e acreditar que eu mereço, sim, ser feliz. Amá-lo, ser feliz ao lado dele e fazê-lo feliz também.
Assim chegaremos longe!

No mais, desejo dias melhores sempre.
Fiquem em paz!

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