quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Ele conseguiu!

Olá...
O cheirinho do feriadão já está no ar! Que delícia!

Boa tarde a todos!


A Poly falou (muito bem, por sinal) sobre depressão em seu post de hoje (Como vencer a depressão?). Vale a pena dar uma lida.


Nós, codependentes, temos uma forte tendência a nos preocuparmos além da conta com aquilo que não está sobre o nosso controle. Vivemos em função do outro e, muitas vezes, abandonamos nossas vidas. Algumas pessoas chegam a um grau tão doentio, que não conseguem mais levar suas vidas sem um foco problemático, ou seja, se tal problema foi resolvido, então a pessoa começa a buscar situações que possam lhe trazer novos problemas. É automático. Parece absurdo, mas acontece mais do que podemos supor. E o pior é que, na maioria das vezes, a pessoa não se dá conta ou não aceita que não está bem, o que dificulta o tratamento. Para buscar ajuda, é preciso assumir que existe um problema.

Lembro-me que foi por isso que busquei pela terapia, em 2007. Percebi que havia chegado a um estágio em que eu não estava mais dando conta de mim mesma. Se eu não encarasse de frente o fato de que eu não estava bem, poderia chegar a um grau de depressão tão grave, que tenho até medo de pensar no final. Demorei muito a descobrir quem eu era e a perceber que não tenho apenas defeitos, tenho muitas qualidades também e que minhas vontades também são importantes, na verdade, elas devem ser prioridades para mim.

Mas sei que ainda há muito a melhorar e a crescer, muita coisa a ser colocada em prática, como me disse meu amor. Algumas vezes eu saboto a mim mesma buscando conflitos onde eles não existem, como quando permito que os velhos sentimentos melancólicos me dominem e me pego confusa ou com medo de viver na felicidade. Procuro me policiar quanto a isso para não chegar a esse extremo da codependência. Tenho muito medo disso.

É comum também depositarmos nossa felicidade nas mãos dos nossos amados, amigos, parentes, enfim, qualquer um será responsável pela nossa realização, menos nós mesmas.
E na verdade, a minha felicidade depende apenas de mim, depende de EU ser capaz de conseguir administrar os meus problemas, frustrações e dores, não deixando que eles me administrem.
Altos e baixos existem em qualquer relacionamento, com nossos pais, irmãos, amigos, e, é claro, com nossos companheiros, sejam eles adictos ou não. E precisamos aprender a estar preparados para lidar com as dificuldades.

Usamos de algumas válvulas de escape para encarar nossas dificuldades, assim como nossos adictos. Eles, por não se aceitarem, buscam pela droga para fugir de quem verdadeiramente são, e nós buscamos por situações problemáticas para resolver, como se pudéssemos salvar o mundo.

Quanto a mim, descobri que sou codependente desde que nasci. Mas hoje, como já assumi isso, busco armas para não adoecer e me afundar. Tenho procurado viver de forma mais leve (isso é muito difícil) e aceitei que muitas situações da minha vida não estão em minhas mãos.

A briga horrível que tivemos talvez tenha aberto os nossos olhos, estamos em paz desde então. Percebi até que ele anda se esforçando mais em me ajudar em casa, de uma forma meio torta, mas está tentando, rs. Amanhã passaremos o dia juntos, sem compromissos maiores.

Esta última segunda-feira foi um dia que tinha tudo para ser tenso além da conta, eu poderia ter surtado de vez, mas conseguimos superar. Ele recebeu seu primeiro salário! E recebeu dos dois hospitais no mesmo dia, o que ele trabalhou por cerca de uma semana e o que ele está agora.

Para quem não sabe, o dinheiro é algo complicado para os DQs. Se estão em sua fase ativa, o dinheiro está associado às drogas, afinal é com isso que eles gastam. Apenas isso importa.
Quando entram em fase de recuperação, leva um tempo até eles conseguirem lidar bem com isso, e valores elevados em suas mãos deve ser evitado. É uma prova de fogo desnecessária.

Foi numa dessas que o namorado de minha amiga recaiu. Facilitaram para ele, e ele foi colocado numa situação que lhe favoreceu a ter em mãos um valor bem elevado de dinheiro, e por mais que ele já tivesse as armas para lidar com isso, ele não conseguiu. Nada justifica, a escolha de usar foi dele, mas cabe a nós, envolvidos em sua recuperação, estar atentos para essas situações.

Na parte da tarde, fui com meu amado receber o dinheiro em um dos hospitais, e de lá seguimos direto para depositar. Sua mudança de humor foi instantânea assim que saímos do banco. Ele ficou irritado, agitado, enfim... Talvez uma mistura de sentimentos: impotência, raiva, frustração, sei lá. Preferi não falar muito sobre isso, apenas disse que ele havia mudado.

Saí para trabalhar à noite, e quando ainda estava no caminho ele me ligou dizendo que havia acabado de receber o cheque do hospital que ele está trabalhando agora. Um valor alto. Engasguei, mas eu não poderia fazer absolutamente nada. Entreguei a Deus, que em todo seu amor por mim logo me acalmou e me mostrou algumas coisas: o documento dele estava comigo; ele não conseguiria descontar o cheque naquela hora, pois já estava de noite; nenhum comércio e nem ninguém trocaria o cheque para ele justamente por ser um valor alto e ele estar sem documento; além disso, se ele pretendesse fazer alguma coisa, ele não me ligaria avisando que havia recebido.

Relaxei!
Depois soube que ele ligou para seu padrinho e para minha mãe para contar. Achei graça. Parecia que queria se proteger contando aos próximos que estava com o cheque.
Mas o que importa é que ele conseguiu.
Cheguei em casa e o cheque estava sobre a cômoda.
Isso é recuperação, isso é o programa de NA.
Se ele optasse por usar, eu sofreria demais. Nem sei como iria lidar com a dor, mas a escolha seria dele, e eu não poderia fazer nada para impedi-lo. A única coisa que me restaria a fazer, seria seguir minha vida.

No mais, tenham um excelente feriado e fiquem com Deus!








Um comentário:

  1. Boa escolha, companheiro!

    Lindas palavras, Flor!

    Amo ver um casal feliz!!! ♥

    Bjos.

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