terça-feira, 30 de outubro de 2012

Fofocas!


Oi pessoas!

A correria dos últimos dias causada pela mudança de emprego, associada a uma pane na internet desde a semana passada me deixaram ausente! Já estava aflita!

Na última semana pude vivenciar um amor verdadeiro por mim. E foi muito bom. Foi minha última semana na Escola (fui convidada a trabalhar na Secretaria de Educação) e meus meninos prepararam festas com homenagens, no mínimo, inesquecíveis, com direito a mensagens de carinho, músicas dedicadas a mim, cartinhas, presentes...
Por mais que eu soubesse que há um carinho enorme entre nós, eu não imaginava tantas surpresas e lágrimas. Tanto deles quanto minhas.
Achei que minha saída seria mais fácil!
Tomar decisões nunca foi o meu forte, principalmente se essa decisão envolver mudanças drásticas. Sempre tive um pouco de medo do desconhecido.
Mas as vezes precisamos mudar, por mais difícil que seja... Seguir por novos caminhos... Descobrir o novo...

Vivo um momento de muita paz e serenidade. Paz esta que nunca fez parte de minha vida. Os conflitos, internos e externos eram frequentes. Hoje eu sei que eles são frutos de minha codependência.

Antes de iniciar uma relação com um dependente químico nunca havia escutado esta palavra. Fui descobrir sobre o assunto nas reuniões do Amor Exigente. E, a medida que o tempo foi passando, tomei consciência de que fui codependente minha vida toda.

Por exemplo, em um trecho do livro "Comer, rezar e amar", a personagem, numa conversa com uma amiga, fala que sempre há uma palavra que descreve um lugar, alguém ou algo. Lembro-me que quando li isso, passei dias pensando em qual palavra me descreveria. Cheguei a falar sobre isso com minha psicóloga, e concluí que minha palavra seria CUIDAR!
Sempre tive em mim o desejo de cuidar de quem está próximo. Também desejo muito ser cuidada, mas às vezes há um vazio nesse ponto. Sinto falta de alguém para me mimar e cuidar de mim também, mas saber que estou cuidando do outro já me deixa muito contente!
Olha a codependência gritando!!
Dependência afetiva / física / emocional do outro.

Sempre estive no olho do furacão nas tribulações que surgiam na minha família, responsabilizando-me pelo fracasso do casamento dos meus pais e pela dificuldade na relação com minha irmã.
Nos meus poucos namoros, eu me envolvi com pessoas problemáticas, e colocava-me em posição de solucionar tudo.
E assim também foi com o meu  amor... Cheguei a pensar que talvez pudesse salvá-lo com meu carinho, amor e dedicação.

Doce ilusão!!! (rsrs)

Logo que ele foi internado, em minha primeira sessão com o terapeuta, ele abriu meus olhos:
"É... Você já viu que nada do que você fez deu certo, né?!"

Sim...
Nada deu certo. Minhas tentativas de salvar o mundo (que se resumia em meu amado) foram em vão!
Simplesmente porque ele não havia tomado a decisão de parar de usar. A droga era prioridade na vida dele.

A decisão veio quando ele se viu completamente no fundo de poço. Não havia mais nenhuma escolha que preservasse sua vida além dessa.

E é preciso cautela, pois a dependência química é uma doença progressiva e fatal, ou seja, se ele recair, a quantidade de drogas que ele precisará usar para satisfazê-lo deverá ser cada vez maior, o que pode levar a morte mais rápido.
E por isso, tanto ele quanto eu precisamos estar atentos, numa eterna vigília. Eu tenho uma visão externa do comportamento dele, e ele pode perceber-se entrando no que o terapeuta chama de “rota de colisão”. Hoje ele tem as armas que precisa para controlar seu auto-engano.
Tem funcionado!

Porém, nas últimas semanas meu querido estava dedicando-se ao trabalho além do que deveria. Quase não ficávamos juntos. As reuniões ficaram em segundo plano. E a colaboração nos afazeres da nossa casa passou longe de acontecer (e ainda estou nessa batalha! Que luta!).

Na semana passada tivemos nosso primeiro momento com o terapeuta, que irá fazer um acompanhamento ambulatorial com os casais após a finalização do tratamento (quase uma terapia de casal). Isso será ótimo pra gente.
É claro que não escondo absolutamente nada do terrapeuta. Inclusive quando surge alguma situação que me deixa em dúvida já vou logo ligando...

E ele já começou dando um puxão de orelha:

“Cara... Você é mestre em fugas. Te falei isso desde que te conheci, muito antes de sua internação... Quando você tentou iniciar um tratamento ambulatorial comigo, e quando te apertei você já logo sumiu. E você já está fugindo de novo, fugindo de você mesmo. Desde quando trabalho é sinônimo de recuperação?”

Estabeleceu alguns limites de horário, priorizou as reuniões, cobrou o desenrolar do 4º passo (que está parado há um bom tempo), e, para finalizar, disse-me que qualquer deslize dele, qualquer tentativa de colocar sua recuperação em segundo plano novamente, eu devo anotar a transmitir a ele depois.
Como ele é seu padrinho, meu amor ouve e acata tudo que ele diz. Algumas vezes depois ele resmunga, apontando dificuldades, fala que vai “tentar fazer da forma que ele mandou, mas não sabe se vai conseguir” e blá-blá-blá...
Tento não dar ouvidos.
Limito-me a tentar mostrar-lhe a armadilha em que ele se coloca e conto ao terapeuta depois (sou obediente!!).

Isso mesmo! Por uma boa causa, tornei-me uma fofoqueira!!

Se não há segredos entre eu e meu bem, também não pode haver segredos com o terapeuta responsável por mostrar-lhe seu real caráter e fazer com que ele desejasse lutar pela vida.
Meu amor as vezes fica bravo e emburrado ao perceber que faço minhas fofocas sobre como ele está, mas o seu respeito pelo padrinho é tão grande que, lá no fundinho, ele sabe que é assim que eu posso ajudá-lo, e que é isso que eu devo fazer.
Se amanhã ou depois eu acatar alguma postura incoerente com o que o programa ensina, ou omitir atitudes incorretas, estarei empurrando-o para uma recaída.

Só por hoje tudo está dando certo.
Só por hoje ele permanece em recuperação.

Estamos felizes, demais da conta...
Alguns conflitos bobos de casal, mas que são perfeitamente normais no início da vida a dois, e que logo são resolvidos.
Em paz e serenidade.
Cúmplices!


Sinto muito por aquelas que não estão, neste momento, tão em paz...
Sinto muito pela Poly.
Sinto muito por uma conhecida cujo esposo internou-se no mesmo centro terapêutico que meu amor e que optou por voltar ao uso.
Sinto muito por uma colega do Amor Exigente, que descobriu que o marido internado estava com um celular lá dentro há 4 meses e mantendo contato com uma amante.
Sinto muito por uma conhecida que trabalhou comigo na Escola e que soube que está  morando nas ruas, refém do crack.
Sinto muito por todos os adictos que estão sofrendo nesse momento.
Estou orando!

Fiquem com Deus!
Muitas bênçãos!



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