sábado, 15 de setembro de 2012

Livre para voar!

Escrevi este post ontem, mas só agora estou conseguindo publicar...



Hoje é sexta-feira e desde já desejo que tenham um excelente final de semana!
Desejo isso para mim também.

Minha semana foi boa, apesar da eterna correria, e tive alguns pontos marcantes. Estou me sentindo meio chata nos últimos dias, pois ando usando a frase "estou muito cansada" com uma frequência maior do que costumo dizer. E acho isso um pouco incoveniente, pois tenho a sensação de que estou apenas reclamando o tempo todo. E eu detesto pessoas que só reclamam.

Na quarta-feira, dia 12 de setembro, meu amado completou 175 dias limpo e além disso, completamos três meses de namoro.
É... Três meses... Afinal, começamos nossa nova vida no dia 12 de junho.
Como meu bem está na fase do "desmame", ele sai da clínica nas quartas-feiras à tarde e vem para minha casa. Recebi sua vinda nesse dia especial como um presente Divino.
"Amor, você sabe que dia é hoje?"
E ele lembrou a data. Isso, apesar de parecer um detalhe bobo para muitos, foi uma coisa marcante para mim.

Ele trouxe na bolsa duas cartas que escrevi logo no início de sua internação. Na primeira delas, escrita em maio, eu fui bastente dura, apontando situações de dor em que vivi ao lado dele.
Lembro-me que o terapeuta me pediu que lesse a carta olhando nos olhos deles. Foi horrível reler aquilo e relembrar as cenas que descrevi. Meus olhos lacrimejaram.
A segunda carta foi escrita em junho, e entreguei no dia da visita pedindo que ele lesse no dia dos namorados, que seria dentro de três dias. Eu não sabia que o terapeuta iria mandá-lo me pedir em namoro. Eu falei do significado dessa data para mim, que era uma data que eu sempre me sentia triste pois nunca havia tido um dia dos namorados feliz. Também engasguei quando li.
Resolvemos que vamos incinerar todas as cartas escritas durante o período de sua adicção ativa quando formos para o apartamento definitivamente, que, por sinal, ainda não está pronto. E isso estava me consumindo! Mas percebi que ficar nervosa não ajudaria o apartamento ficar pronto mais rápido.

"Amor, hoje eu sei o quanto esta data significa para você e eu te prometo que seus próximos dias dos namorados serão felizes".

Na quinta-feira ele me ajudou a corrigir provas e isso foi delicioso. À noite fomos à reunião. Ele ao NA, e eu ao Amor Exigente.
Fico muito orgulhosa ao vê-lo fazendo a coisa certa e lutando diariamente por sua recuperação. E fico feliz ao perceber que ele confia em mim e partilha também comigo seus sentimentos.

Ele me contou que tem sido elogiado pelos companheiros por suas partilhas. Em uma das terapias, um interno partilhou, de maneira meio pessimista, que devido às insanidades que já cometeu na vida, muitas vezes sente que não é digno de receber as graças de Deus. Meu amor, em seguida, desculpou-se dizendo que não era um retorno, mas que ele se sente, sim, merecedor do amor misericordioso de Deus, pois já sofreu bastante na vida durante sua fase ativa de uso de drogas, mas que hoje sabe que merece e quer ser feliz.

Isso se chama sintonia!
Sim, estamos em sintonia...
E a sintonia pode ser traduzida em amor. Nos amamos muito.

Minha mãe está, da maneira dela, ajudando-o muito a crescer. Vira e mexe ela dá uma espécie de puxão de orelha nele, e ele sempre me conta depois com certa satisfação. Principalmente porque nessas conversas ele consegue perceber que ela gosta dele.

Hoje estamos em Minas, na cidade dele, onde a irmã ainda mora. É uma cidade interiorana, mas que me assusta com a quantidade de pessoas com problemas com drogas. A sensação que tenho é que em TODAS as casas existe um usuário. Um horror!

Chegar aqui me causou certo desconforto e me remeteu lembranças ruins, pois viemos para cá em fevereiro, e ele já não estava bem, sempre aflito e agitado, em função da abstinência.
Fomos até a casa dos avós paternos dele, e logo que paramos o carro, mais uma recordação desagradável, pois da outra vez que estivemos lá, discutimos assim que chegamos devido a uma grosseria que ele fez comigo. Tudo desencadeado por sua doença.

Além disso, aqui ele viveu momentos intensos de uso de drogas. E tem muitos "amigos" daquela época. Fico angustiada achando que ele pode encontrar alguém na rua e isso desperte nele o desejo de usar. Ele não sai sem mim, mas mesmo assim, me sinto frágil.
Cheguei a perguntar se ele sentiu vontade de rever alguém e me incomodou muito ouvir uma resposta positiva. Meu medo é que essa vontade seja de rever aqueles que sempre usavam junto com ele.
Fiquei irritada também ao vê-lo pegar o número de telefone de um primo, que cresceu junto com ele e fez parte de toda sua vida. E com quem teve sempre momentos de noitadas, cheias de mulheres, bebidas e drogas. Um turbilhão de pensamentos me dominou, mas procurei afastar os pensamentos mirabolantes e repeti a mim mesma "Ele precisa ser responsável pelas escolhas dele, e arcar com as consequências".
Eles se amam, são primos e não tenho como mudar isso. Muito menos tenho o direito de impedir o convívio. Graças a Deus consegui manter-me em silêncio.
Ele repete sempre que nada mudará o propósito dele de ter uma vida ao meu lado, mas confesso que me sinto muito insegura nessas horas.

Eu preciso conviver com esses encontros, afinal, minha cunhada mora aqui.

Hoje sei que era pura ilusão minha achar que estando comigo ele estava seguro, só porque conseguia ficar limpo alguns dias a mais. Mas, na verdade, era só eu dar as costas que ele saía para usar.
Isso se chama co-dependência, como todos já sabemos!

Não depende de mim... Não depende de mim... Não depende de mim...
Eu preciso gritar isso para mim mesma, preciso deixá-lo livre, preciso deixá-lo voar com suas próprias asas, por mais que isso me doa.

Hoje, o que importa é que estamos felizes, e muito!
Estamos em um fim de semana em família, coisa que não existia na vida dele antes.
E amanhã é outro dia...



POR MAIS QUE A GENTE ERRE, POR MAIS QUE SEJAMOS MISERÁVEIS, NÓS MERECEMOS A VIDA!
(Pe. Fábio de Melo)


Estamos completando quase mil acessos em três meses!
Muito obrigada a todos que partilham comigo esses momentos, e obrigada pelo carinho.
Fiquem com Deus!
bjs
Flor

Um comentário:

  1. Florzinha, parabéns pelo blog, parabéns pelo amor e pela recuperação de vocês! Essas nossas dúvidas e conflitos fazem parte, mas o importante mesmo é saber até aonde vai o nosso papel... Muito feliz por vocês! Apaguem as cartas, e as más lembranças, e vivam, um dia de cada vez, essa vida linda que acontece AGORA! Beijos! Bom domingo!

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