domingo, 9 de setembro de 2012

A recuperação deve ser apenas por ele!

Domingo... Finalzinho de feriadão...
Já estou fisicamente distante do meu amor. Mas agora está pertinho dessa distância terminar.
Não estou tão ansiosa, e nem acho ruim essa separação, sei que é necessária e extremamente importante. É claro que lá no fundinho eu preferiria estar ao lado dele o tempo inteiro, curtindo nossa vidinha, principalmente depois de vários dias grudadinhos.
Mas logo lembro que estaremos juntos de novo no meio da semana... E aí tá tudo bem!

Meu amado chegou em minha casa na quarta-feira no final da tarde, mas só nos vimos à noite, pois eu havia saído para o trabalho e ele ficou aqui com minha mãe, e até foram juntos ao shopping!
(Obrigada, meu Deus, por essa alegria!)

Na quinta-feira cedinho fui trabalhar, minha mãe viajou, e ele ficou dormindo.
Foi inevitável. Lembrei-me da última vez que eu havia saído e o deixado em casa ("aquele dia"), e percebi a diferença de sentimentos. Naquele dia, eu saí angustiada, triste, com medo, chorando, pressentindo que algo errado aconteceria. E aconteceu!
Dessa vez, nada de ruim passou pela minha cabeça. Nenhum sentimento de medo me atormentou. Fui tranquila. Dei um beijo nele e disse que o amava, e ele retribuiu. Deixei um bilhete ao lado dele na cama.

Quando cheguei, na hora do almoço, ele me abraçou muito. Disse que ficou pensando na vida e que chorou de felicidade. Que agradeceu a Deus pelo que está vivendo. Disse que era muito grato ao seu terapeuta e padrinho, que o amava e nunca teria como agradecê-lo por ter salvo sua vida.
Chorei também.

Na sexta-feira viajamos para passar o feriado no interior, na casa da minha avó, que completou 88 anos!
Ele já havia ido lá comigo, uma semana antes de tudo desabar sobre minha cabeça, e por isso, quando chegamos na cidade tive algumas recordações ruins, pois ele já estava numa fase de bomba-relógio, e eu vivia escutando o tic-tac da explosão.
Mas graças a Deus, as lembranças ruins foram embora rapidinho. Ele estava tão diferente da viagem anterior. Tão mais paciente, mais atencioso com minha avó, com minha mãe.
Nós até chegamos a ter uma discussão bobinha nesses dias, mas a nossa sintonia nos faz perceber logo que estamos errados e que não vale a pena brigar ou ficar emburrado um com o outro.
Logo fazemos as pazes. E é muito bom isso!


Ele não conhecia muitas pessoas da minha família, apenas as tias mais próximas. Mas nesse final de semana a família inteira estava lá, e ele teve que encarar TODO MUNDO! (coitado! rsrs)
Digo "encarar" no sentido de assumir um relacionamento, e não por sua adicção, pois eles não sabem de sua doença.
Todos gostaram dele. E ele deu conta do recado! Até ganhamos uns presentinhos para nossa casa!

E a minha avó, numa conversa extremamente moderna para quem já tem 88 anos, disse-me com todas as letras:
"Mas você vai casar pra que? Vai só morar junto? Já tá bom assim..."
Morri de rir... E ele também.
"Vó... Casamento é sagrado para mim, é um sacramento... Eu e ele fazemos questão de casar na igreja!"

Passamos os dias na casa da fazenda, no mesmo lugar que ficamos da outra vez, mas foi bem diferente, pois eu estava tranquila, e meu amor, mais ainda.
A casa estava lotada, todos os netos ficaram lá.
Meus primos bebem muito, e alguns até fumam maconha e usam outras drogas eventualmente. Meu bem sabe disso.
Na sexta-feira e ontem eles beberam bastante, o dia inteiro e sem parar. Mas em instante algum o meu querido demonstrou aflição, ou deu indícios de que desejaria estar lá com eles.
"Amor, você também é alcoólatra, certo? A bebida não está te incomodando?"
"Não. Não sinto mais vontade... E se fosse para eu recair, com certeza não seria com bebida, seria com a 'droga preferida'. Mas nada me faz ter a vontade de perder essa paz."

Em um dado momento, um de meus primos o chamou para "tomar uma com eles".
"Não, obrigada, não bebo"
Simples assim!
Antes, ele sempre dava um jeito de me manipular para conseguir beber, dizendo que se bebesse uma cervejinha comigo não havia problemas, pois ele sabia que beberia só pouquinho, e que não teria mais nada além do álcool.
Hoje eu sei que a bebida é terminantemente proibida para um adicto, mesmo que ele não seja alcoólatra. O álcool faz com que o desejo pela droga seja despertado, e ele certamente irá usar na primeira oportunidade que tiver. Todas as vezes que ele bebeu "só um pouquinho" comigo, depois que eu saí de perto (voltei para minha casa) ele saiu para usar!
(Portanto, não seja ingênua como eu fui, e NÃO CAIA NESSE PAPO! É manipulação!)

Sempre que tínhamos oportunidade, como quando íamos dormir, conversávamos e partilhávamos um pouco. Sem máscaras, sem segredos, sem reservas.
Às vezes acho que ele também encara isso como parte de seu tratamento.

Meu amor está leve como eu estou. Ele está feliz, e sua paz é realmente verdadeira. Sabe quem são seus amigos verdadeiros atualmente. Sabe o que o faz feliz. Ele está focado em sua recuperação.
"Não quero que você pense que estou desmerecendo nossa relação, mas é por mim que tenho que me recuperar. Você e minha mãe não podem ser prioridades nisso. Sou eu..."

Fiquei aliviada quando ouvi isso, pois todas as vezes que um DQ tenta se recuperar para agradar alguém, já é sinal de que não assumiu sua doença. 
Tipo, se eu sou diabética, não posso controlar o açúcar para que minha família não fique triste ou brigue comigo. Preciso controlar o açúcar pois ele pode me matar! É apenas por minha saúde que eu preciso me tratar.

A recuperação é diária, e é sempre o HOJE que importa.

Sempre acreditei que nosso reencontro em 2010, após tantos anos sem notícias um do outro, era algo sagrado. Quando tudo aconteceu, minhas certezas ficaram atordoadas, cheguei a desacreditar e ter minha fé abalada. Mas toda essa confusão mental foi bem passageira, graças a Deus. E hoje, tenho cada dia mais certeza de que Deus está entre nós.

Tenham uma ótima semana!
Fiquem com Deus!

2 comentários:

  1. Que delícia de post... Suave... Doce... Com cheiro de amor e sabor de recuperação! Parabéns a vocês dois! O que mais valorizo no relacionamento com um adicto é que aprendemos a dar valor nas mínimas coisas boas que nos acontecem, não é mesmo?
    Felicidades, querida!
    Bjão e boa semana!

    ResponderExcluir
  2. Bom dia !!

    Que bom que seu amado está conciente em relaçao ao alcool, meu marido tbm qdo insistia e me manipulava pra tomar só uma latinha de cerveja...afff podia saber que aquela noite eu ia ter trabalho com ele, pois ele saia pra usar, uma simples latinha que qq pessoa toma, mas eles DQs uma latinha é a pura recaida pra sua droga de preferencia!

    Um otima semana pra vc !

    ResponderExcluir