Eu e o Nar-Anon x Eu e Ele

Paz, serenidade e flores de primavera... É o que desejo a você antes de qualquer coisa, antes mesmo que comece a ler esse post.

Encontro-me serena, cada dia mais.
Lúcida, certa do que quero e do que não quero para minha vida.

Desejo o mesmo para você.

Meu sentimento de gratidão a Deus  é cada dia maior.

Recentemente realizei um grande sonho!

O sonho de ter um cantinho para me refugiar, para esquecer da civilização, para andar de pé no chão e ver o nascer e o pôr do sol da minha janela.

Quando estou lá consigo refletir sobre minha vida, converso com Deus e escuto o que Ele tem a me dizer.

Estou tão feliz!

E isso significa que estou seguindo meu caminho em passos retos. Tudo está se encaixando perfeitamente em minha vida. Cada dia mais...

É difícil explicar o quão grata eu sou por tudo que vivi até hoje.

Grata pelo meu crescimento.

E começarei falando do Nar-Anon...

Continuo firme e forte nas reuniões e recentemente comecei a servir a irmandade.

Estou muito feliz por isso, sentindo-me útil.

Outro dia uma amiga, que não frequenta grupos e continua vivendo as insanidades da codependência, me perguntou de forma bem taxativa:

"Flor, por que você continua indo às reuniões? Por que você não esquece isso, não some daquele grupo? Você não precisa mais daquilo! Eu queria tanto esquecer dos meus problemas, daria tudo para não viver mais isso, e agora você pode deixar tudo pra lá. Você é jovem, bonita, bem sucedida, referência no estado na sua profissão, é independente, inteligente. Você não precisa mais passar por isso. Segue sua vida!"

Eu sorri, respirei fundo e respondi de forma serena:

"Minha amiga, gratidão pela preocupação. Vamos lá, vou explicar... Eu estou seguindo minha vida. Eu não vou ao grupo por causa dele, vou por mim. Esse programa salvou minha vida. Se eu consegui me manter serena para enfrentar toda essa situação, toda essa tribulação, foi graças a esse programa. E eu não posso deixar de ir àquela sala. O programa é para minha vida e não para a dele. Vou por mim. Lá eu aprendi a viver o hoje, a entregar de verdade nas mãos de Deus, a refletir antes de agir, a dar a  verdadeira importância para cada situação vivida. Eu sou uma pessoa infinitamente melhor hoje do que era antes de conhecer esse programa. Entende? É por isso que permaneço na sala."

Eu poderia sim ter deixado de ir ao Nar-Anon, seria mais fácil e mais cômodo. E se quisesse permanecer no programa, poderia frequentar o Neuróticos Anônimos, mas não... Foi na sala do Nar-Anon que eu encontrei forças, então é lá que devo ficar.

Gratidão eterna por aquelas companheiras que tanto me ajudaram e ainda me ajudam em cada partilha.

O programa me ensinou ainda a pensar, a ponderar, a refletir sobre minhas escolhas e meus sentimentos.

E de umas semanas para cá eu tenho pensado muito nele. 

Deixei a anestesia de lado e me permiti sentir saudade, me permiti pensar na gente...

Não criei expectativas ou fiz planos, não...

Apenas lembrei de nós e senti saudade.

E como Deus providencia tudo, durante uma reunião, uma companheira, em sua partilha, falou exatamente sobre o que eu estava refletindo nos dias que antecederam aquela reunião...

Ela disse que em diversos momentos havia se questionado se realmente amava o marido ou se não era uma relação de dependência emocional, um excesso de carência, ou coisa parecida.

Bingo!

Era tudo que eu precisava ouvir.

Eu me faço essa pergunta há bastante tempo, desde a época da ativa dele.

Lembro-me que me perguntei isso quando reatamos durante sua internação, em 2012.

Quando dei o sim, naquela tarde do dia 12 de junho, numa praia linda (clique aqui e veja como foi!)

E eu dei o meu SIM certa de que meu sentimento era amor.

Eu estava disposta a viver ao lado dele para sempre.

Entretanto, hoje, que ele não está aqui comigo, e que eu estou bem mais evoluída no programa, posso, novamente, responder a essa questão com mais certeza.

E eu não tenho a mínima dúvida de que meu sentimento por ele é e sempre será de AMOR.

Eu não tenho dúvidas que viveria, feliz, ao lado dele para sempre.

A doença dele não era mais um fardo para mim, pois eu aprendi a lidar com ela, eu estudei, eu busquei a minha recuperação, aprendi minhas limitações, aprendi a dizer a palavra certa quando ele deslizava.

Se eu olhar para trás, vejo que vivemos alguns momentos de insanidade, mas tivemos muito mais momentos felizes que  momentos ruins.

Desde que eu o conheci, no carnaval de 1999, algo muito forte surgiu entre nós.

Hoje estamos há quase quatro meses separados.

Ele está namorando e eu também conheci uma pessoa (mas não quero compromisso!).

Mas ouso a dizer que, independente de qualquer rumo que seguirmos, estaremos unidos para sempre.

E NINGUÉM nunca conseguirá mudar isso!

Outro dia ouvi, por alto, um padre falando sobre relacionamentos.

Ele dizia que um relacionamento perfeito e abençoado é aquele onde não há máscaras, onde os dois se amam apesar das misérias um do outro, onde os dois não são apenas amantes, são os  melhores amigos um do outro, são irmãos.

Nós éramos isso tudo, e acho que ainda somos.

Ele sabe que pode confiar em mim.

Mas isso não significa que ficarei aqui, sentadinha, esperando a fase de amadurecimento dele chegar (se chegar!). Não posso fazer isso e nem quero.

SÓ POR HOJE eu sei que, apesar do amor, não estamos prontos para ficarmos juntos, que não é a hora.

SÓ POR HOJE, o que posso fazer é esperar Deus agir e fazer o que for melhor para ambos.

Deus sabe de todas as coisas!

Ao final da partilha da companheira, a conclusão que ela chegou foi a mesma que eu cheguei.

Só por hoje, ela e o marido estão muito felizes e formam um lindo casal.

Senti o perfume das flores. E um enorme alívio no peito ao conseguir assumir para mim mesma, sem culpa e sem dor, o que sinto por ele.

No dia 12 de junho de 2012, quando eu dei o SIM a ele, uma música tocava no som do carro.

A canção e o clipe traduzem exatamente o que eu sinto.

Eu também não entendo muita coisa, mas não me desgasto mais tentando entender nada.
Deixei o controle nas mãos do único que pode entender...

Um excelente início de semana!

Beijo no coração!