Boa tarde e boa semana a todos!
Meus últimos dias não foram muito
bons, pois recebi uma visitinha da minha enxaqueca, que veio com força total,
mas já estou melhor. Graças a Deus. Essas crises me acompanham desde os 10 anos
de idade, mas eu, em minha teimosia, às vezes deixo de fazer o que eu deveria
fazer quando aparecem os primeiros sintomas, e quando vejo já estou derrubada
no quarto escuro. Enfim...
Hoje eu quero falar um pouco de
escolhas, e indiretamente, falar sobre a minha concepção de livre arbítrio.
A vida é feita de escolhas mesmo.
E a responsabilidade por colher os frutos daquilo que se plantou é inerente de
cada sujeito. Quando amamos muito uma pessoa, nos damos o direito de opinar sobre
a vida dela, de expor nossa opinião sobre aquilo que julgamos certo ou errado,
essas coisas. Mas isso não quer dizer que temos o direito de escolher por ela.
Situação essa que é comum aos codependentes.
É importante também entender que
as minhas escolhas devem ter um único objetivo: A MINHA SATISFAÇÃO PESSOAL!
Até pouco tempo atrás eu fazia
minhas escolhas pensando em agradar ao outro, e quando algo dava errado eu me
frustrava e responsabilizava esse outro por minha infelicidade. Eu cresci
colocando minhas alegrias nas mãos de todo mundo, menos nas minhas. Hoje penso
em agradar a mim mesma, o que me levou a um amadurecimento gigantesco. Assim foi quando decidi reatar com meu amor.
Minha mãe, em sua enorme sabedoria, não aprovava nossa relação, o que seria
esperado de qualquer mãe que viu sua filha sofrer com um usuário de drogas na
ativa, mas ela sempre respeitou minha decisão. Cheguei a pensar em como seria
ter que fazer algo contra a vontade de minha mãe, mas fiz mesmo assim, pois era
minha felicidade que estava em jogo. E depois disso Deus providenciou a reconciliação
dos dois quando fui internada, e hoje eles são apaixonados um pelo outro.
Muitas vezes as pessoas são
julgadas por suas escolhas, mas as mesmas pessoas que julgam não param para
olhar se as escolhas que elas próprias fizeram agradaram ao mundo! Só eu posso
decidir o que é bom para mim. É claro que essa regra só vale quando estou em
condições perfeitas de minhas faculdades mentais.
No que diz respeito ao livre
arbítrio, penso que é um direito que Deus nos deu de escolher o caminho que
desejamos seguir. Se é o caminho certo ou o errado, não importa. E Deus não vai
me impedir de segui-lo, mesmo que eu faça a escolha diferente do que Ele planeja
para mim. Deus não nos impõe nada, Ele
apenas nos mostra, cabe a cada um de nós decidir se vamos acatar. A partir do
momento em que eu disser: “Pai, diga-me como agir, cuida dos meus
caminhos, orienta-me a fazer as escolhas certas”. Aí sim, Deus irá “se meter” na minha vida, mas mesmo
assim eu posso não aceitar os direcionamentos Dele.
Um usuário de drogas escolheu
entrar nessa vida, e é o único responsável pelas consequências, contudo, não
cabe a ele, e nem a Deus, decidir se irá desenvolver a doença da adicção ou
não, pois isso é orgânico. Em função disso, quando chega ao grau máximo da
doença, o DQ pode perder o seu livre arbítrio.
“O que as pessoas, em sua maioria
jovens, buscam e sonham encontrar é totalmente divergente daquilo que
realmente encontram. Procuram aventura e liberdade, e acabam presos na mais
amarga das prisões.” (Superando o
cárcere da emoção – Augusto Cury – pág. 56)
Mas mesmo assim a decisão de
parar de usar, assim como a decisão de manter-se limpo e em recuperação, deve
ser do indivíduo.
Quando a gente se mete na vida
alheia, mesmo que essa vida seja próxima a nossa, erramos tentando acertar. A
doença da codependência faz com que mães, esposas, irmãs(os) e demais pessoas
próximas ao DQ desejem, a todo custo, decidir por ele sobre sua recuperação. Eu
agi assim por um bom tempo, e de nada adiantou, pois ele ainda não havia feito à
escolha.
Só por hoje ele está limpo há 334
dias não porque eu, a mãe dele ou qualquer outra pessoa pediu, mas porque ele
quer! Ele escolheu, ele desejou.
Ontem pela manhã estivemos na
clínica. Meu amado sempre gosta de passar por lá. E fiquei pensando em tantas
coisas enquanto eu observava, de longe, meu amor conversando com os companheiros. Pensei
em como deve ser difícil, em quantos tormentos a mente deles não deve ter que
superar. Em quanto eles desejam ver o outro bem quando estão no mesmo
propósito. Pensei também em quanto tenho que agradecer a Deus por ter me dado
forças para continuar, pois hoje sou feliz com ele. Pensei no quanto ele ainda
tem obstáculos a vencer, em como o tempo passou rápido, em quantas vezes achei
que não veria ele bem, em quantas vezes pedi a Deus que o trouxesse vivo para
casa, em como é bom vê-lo feliz. E em mais uma infinidade de coisas!
Um amigo querido, que recebeu
alta alguns dias depois dele, recaiu no início desse mês e eles conversaram
bastante. Desnudaram-se: “Ele me contou sobre o que o levou a isso.
Percebeu onde errou. Eu também me abri com ele. Tivemos uma partilha boa, como
há muito tempo eu não partilhava. Foi muito bom.”
Graças a Deus assim que percebeu o
que havia feito teve coragem suficiente para pedir socorro e voltou para a
clínica. Cheguei a conversar um pouquinho com ele também e fiquei muito
orgulhosa por ele ter voltado. Dei-lhe um abraço apertado e um beijo!
Um outro amigo, que luta há anos
contra o vício em cocaína, também voltou para lá. Arrasado, destruído,
humilhado, envergonhado, sem forças. Como é triste ver isso! Ver a dor
estampada em sua face, e ao mesmo tempo ver a fraqueza por não conseguir lutar
da forma como deve... Mas também fiquei feliz por saber que ele tomou a decisão
de voltar, e dessa vez, tomou a decisão sozinho! Mas ele não me deu liberdade de aproximação para dar-lhe um beijo e um abraço e dizer que estou na torcida.
A escolha de tentar usar “só mais um pouquinho” foi deles, o
livre arbítrio foi deles, e as consequências por isso também.
Há uma diferença entre
a RECAÍDA e voltar à FASE ATIVA. Por exemplo, meu amor ficou internado numa fazenda
em 2011 e teve sua primeira recaída um mês depois que saiu. Em seguida ele teve
outras espaçadas por cerca de 30 dias. A partir daí, a frequência foi
aumentando, ou seja, já não era mais recaída, e sim a fase ativa de volta.
Quando a recaída acontece, o DQ,
ao perceber as consequências do que fez, precisa lutar contra si mesmo para não
deixar que essa recaída traga a fase ativa de volta. Penso que seja um momento horrível
na vida deles, principalmente depois que conheceram o Programa de NA. Eles olham
para si mesmos e percebem que jogaram todo seu tempo limpo pela janela, assim
como a confiança nos familiares que estavam novamente conquistando.
“É fundamental não deixar que
pensamentos negativos, tais como, ‘Eu não tenho a solução’ ou ‘Voltou tudo de
novo’ criem raízes na psique, caso contrário, um sentimento de desânimo paralisará
a capacidade de lutar. O grande problema não é a recaída, mas o que se faz com
ela.
...
Uma recaída nunca deve ser
encarada como a perda de uma guerra. Uma guerra é composta por muitas
batalhas. Uma recaída deve ser encarada como a perda de uma das batalhas.” (Superando o cárcere da emoção – Augusto
Cury – págs. 44 e 45)
Eu não sei como eu reagiria se meu
amor recaísse hoje, e prefiro nem pensar. Na verdade, prefiro nunca descobrir
(risos!), mas sei que não estamos imunes a isso. Mas, numa situação dessas, o
que mais me preocuparia, é em saber como ELE reagiria se recaísse. Sei que não
há nada que eu poderia fazer, somente ELE decidiria se seria uma recaída ou um
retorno a fase ativa.
Hoje ele tem plena consciência de
onde está errando em sua recuperação, e é livre para escolher o que vai fazer para mudar isso. O livre arbítrio é dele.
Escolhas... Livre arbítrio...
Só por hoje eu escolho fazer o
que me deixa feliz. Só por hoje entrego minha vida a Deus e peço a ele que me
conduza...
Só por hoje estamos felizes e serenos!
Amém!
o minina não começa o post com esse titulo não..quase cai pra trás de susto...rs...fico feliz que esteja tudo bem com vcs...tamu junto..bju
ResponderExcluirPow! Realmente, amiga!! A primeira impressão que tive ao ler o Título da postagem me deixou assustado, visse?
ResponderExcluirMas ainda bem que foi só uma explicação sobre tal.
Outro dia eu também fiz uma postagem "ESTOU RECAÍDO" e a galera logo me ligaram...rsrrsrs Mas eu realmente estava recaído...não na fase do uso de substâncias, mas na fase espiritual da recaída, pois o uso só consuma o fato.
Quanto ao mais, alegro-me em saber que está tudo bem por ai.
Abração e bons momentos.
TAMUJUNTU.