sexta-feira, 5 de abril de 2013

Reconciliação...


Chega, não dá mais para ficar no casulo.
Estou cansada, exausta de lutar contra mim mesma.

Iniciei a fase de reconciliação com a minha vida e comigo mesma.
Ando fazendo coisas impensadas e sem nexo, motivadas por um impulso de dor, aflição e vazio. Não desejo a ninguém essa angústia na qual me encontro. E preciso agir.
Ontem eu tive um dia perfeito, mas hoje as coisas já não estão nada bem.
Chega dessa instabilidade. Certamente essa mudança acontecerá em doses homeopáticas, claro, mas não dá mais para ficar assim.


Os sinais da inconstância...

- A carta -
Eu adoro escrever cartas, acho pessoal e íntimo. E então, na última quarta-feira eu me sentei na cama enquanto assistia TV e comecei a escrever uma carta para ele. Não sei o que me motivou a fazer isso, mas escrevi uma carta de despedida. Talvez inspirada pelo cansaço de lutar contra mim mesma, ou pelo sentimento de fracasso por não conseguir (ou não desejar) sair desse casulo, talvez por crer que não mereço ser feliz (sim, eu sempre acreditei que não era merecedora da felicidade). Não sei, só sei que escrevi.

Assim que terminei ele leu, mas disse que não havia entendido nada, não sabia o que eu queria dizer, não sabia se era um rompimento.
Eu chorei, sufocada por esses sentimentos vazios e insensatos que me perseguem, e por nem eu mesma saber o que me levou a isso. Dormimos abraçados.

- O rompimento -
Hoje cedo eu voltei a falar com ele que queria romper, mesmo depois de ter uma noite deliciosa ao lado dele. Eu disse com todas as letras que não quero mais viver assim e que quero terminar.
E se você quer saber se estou certa disso, vou dizer que não sei, e que me recusei a pensar nisso depois que falei. Só sei que estou muito cansada e preciso me fortalecer.
Cansada de tudo.
É um cansaço físico, proveniente do trabalho e dos afazeres da vida de dona de casa. Cansaço mental por estar sem férias há dois anos. Cansaço por ainda permanecer vivendo melancolicamente. Estou cansada de tentar me entender, e de viver nesse sentimento de inércia contra mim mesma. Enfim, estou cansada de mim!

Quando penso em minha vida daqui há 10 anos, é ao lado dele que sempre me vejo, eu faço planos e sonho com a gente junto todos os dias. Eu tenho certeza de que nossa história é sagrada e que somos capazes de sermos felizes juntos.
Mas eu estou colocando freios em mim mesma. Estou colocando minha felicidade nas mãos do outro, mais uma vez...
Estou cansada de repetir os mesmos erros.

- O alvo -
Ele tem sido meu principal alvo, talvez por ele ser a pessoa mais próxima. Meu humor oscila o tempo todo. Em um instante eu estou super bem ao lado dele, mas no momento seguinte eu fico mal.
Em outros tempos da minha vida eu tinha outros alvos...


Acontece que tenho que aceitar que a vida não é uma eterna primavera. Estou no outono, e é nessa estação que as flores velhas vão morrer para que as novas possam renascer.

Minhas flores precisam nascer de novo, cheias de vida. Com novas cores e perfumes. Senão eu não vou mais dar conta de nada.

Então é hora de sair do casulo, mesmo que devagar. Preciso voltar a fazer coisas que me deixam feliz. Preciso voltar a pensar em mim. Reconciliar-me comigo.
Só serei capaz de amar o outro se for capaz de amar a mim mesma, e eu não estou me amando.

- Deus -
Deus sempre cuidou de mim muito bem, mesmo eu não entendendo em alguns momentos. Ele sempre respondeu as minhas dúvidas.
Desde que iniciei minha relação com meu amado, as respostas foram mais claras ainda. Às vezes eu até me assustava com a velocidade com que os meus questionamentos eram esclarecidos.
Tipo, quando eu estava escrevendo a carta de despedida, a TV estava ligada na Canção Nova, e no instante em que mencionei que “estava exausta, sem forças e desistindo”, dirigi-me a Deus e pedi que me orientasse. No mesmo momento, Pe. Fábio de Melo disse: “Como você pode achar que não tem mais forças? Quem te dá essa certeza? Somente Deus pode dizer a hora que você deve desistir”.
Mas mesmo assim entreguei a carta e disse-lhe que estava cansada.


Dando passos para o início da reconciliação...

- A amiga -
Algumas das minhas amigas mais próximas e amadas estão morando longe. E eu escondi delas toda a dor que passei na fase ativa. Fiz isso para me proteger, para protegê-lo e por medo da rejeição delas. É claro que quando elas souberam, nos afastamos. Elas queriam me proteger e eu queria outro tipo de proteção.
Mas, essa semana, consegui me reconciliar com uma delas. Começamos uma conversa longa por email, falando das aflições que estamos vivendo em função da mudança de vida. Ela também está cheia de medos e conflitos. Com o passar “dos e-mails”, a conversa mudou de rumo e nos abrimos. Eu disse o quanto me senti sozinha nos momentos em que eu mais desejei alguém ao meu lado (na internação e quando resolvi formar minha vida ao lado dele). Ela me falou de suas angústias em relação a tudo que me aconteceu. Foi maravilhoso.
Recomeçamos...

- A outra amiga -
Ontem fiz algo por mim, coisa que já não fazia há um bom tempo. Ontem resolvi me curtir e curtir uma amiga querida.
Nos divertimos falando de coisas boas para nós duas, sem olhar no relógio, sem se prender a horários. Nem vi o tempo passar. Me senti feliz!
Delicioso.

- A irmã -
Já mencionei aqui várias vezes sobre a relação abalada que tenho com minha irmã. Somos distantes, e não há afinidades... Sempre nos estranhamos e eu sofro com isso.
Mas hoje ela me procurou.
Algo muito sério aconteceu e ela me pediu socorro.
Entrei em pânico. Como eu, que estou tão emocionalmente frágil e descontrolada, poderei ajudá-la?
Pedi forças a Deus. Senti muita vontade de chorar. Senti culpa (claro!), pois mesmo com toda a barreira que tenho contra ela, somente eu poderei ajudá-la. Ainda não sei como farei isso. Só sei que, mais que nunca, preciso ser forte.

"Quando sou fraco é que sou forte..."

Eu não posso mais dizer que “não consigo” mudar de vida, pois como o meu terapeuta disse: “Dizer que não sabe é o mesmo que dizer que não quer...”

Os medos ainda estão aqui comigo. A sensação de impotência contra mim mesma, as angústias, a aflição... Tudo está aqui. Mas eu não quero e não posso  mais viver assim.
Estou cansada...
Não sei como será quando eu voltar para casa.
Não sei como será quando eu encontrar com minha irmã...
Não sei de mais nada.
Só sei que não quero mais viver pelo outro, preciso viver por mim, pois somente assim serei capaz de ser útil àqueles que precisarem de mim.

Um abençoado resto de dia à todos!
Torçam por mim e eu continuo na torcida por cada um de nós...
Beijos...

2 comentários:

  1. Ninguém mais pode salvar você.
    Sua responsabilidade é atravessar sua própria dor.
    Mesmo quando une sua vida com a de outra pessoa,
    essa responsabilidade permanece com você.
    Se você perde de vista essa responsabilidade,
    ou tenta passá-la para outro alguém,
    inevitavelmente paga o preço. Um alto preço.

    Paul Ferrini

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    1. Como eu te disse:
      Não posso colocar nem minhas alegrias e nem minhas tristezas na mão de ninguém.
      Eu sou responsável por mim mesma...
      Obrigada por tudo, Márcio!

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