Oi
pessoas...
Desejo
coisas boas e paz.
Ontem foi
um dia bem difícil para mim. Difícil, pois ouvi muitas verdades a meu respeito.
Verdades essas que já me eram conhecidas, verdades que me fazem sofrer e me
causam dor, verdades pelas quais venho lutando para vencer ao longo de toda uma
vida. Mas a cada dia tenho mais certeza de que não estou lutando como deveria.
E ontem eu ouvi isso de um profissional.
Engraçado
que estou tão focada nos meus conflitos, na minha dor, eu estou vivendo isso de
maneira tão intensa já há alguns meses, que a recaída dele mal me abalou. Eu
nem lembro que aconteceu! (Talvez o fato de ter sido “somente por uma noite”, e
por ele ter procurado socorro no mesmo dia, tenha me ajudado nisso! Mas o fato
é que nem me lembro dela, graças a Deus!)
As coisas
mais importantes que aprendi ao longo de sete anos de terapia foram:
- perceber
aquilo que eu NÃO quero para minha vida;
- me
conhecer e perceber que tenho muitas qualidades, que até então, eu desconhecia;
- identificar
cada uma de minhas fraquezas e, ao invés de colocar-me como vítima, assumir que
me sinto impotente perante minhas emoções;
- e descobri
que tenho diversos conflitos internos, que nasceram na minha infância.
Isso foi
uma grande evolução para mim, pois antes eu nem identificava nada disso. O
problema é que reconheço também o meu maior erro, que é não me esforçar para
aprender a vencer essas fraquezas.
Assim
como o DQ tem dificuldades de tomar a decisão de parar de usar por saber que
será uma luta diária e árdua, acho que eu também estou me escondendo em minhas dificuldades.
Eu não estou fazendo o que deveria fazer para vencê-las. Talvez seja uma zona
de conforto minha, ou um medo de conhecer o desconhecido.
Tivemos
uma consulta juntos, com o padrinho/terapeuta.
Ele me
apontou várias coisas que, como eu já mencionei, eu já sabia, mas que não estou
conseguindo modificar, ou até mesmo, tenho receio de modificar. Tudo é muito
confuso para mim, muito difícil! Minha cabeça vive cheia de nós!
Ele me falou da pirâmide da codependência:
O DQ, ou simplesmente o "alvo" (quando não envolver DQ) que desejamos "salvar" está no topo da pirâmide Na base temos: de um lado a posição de "perseguição", e do outro a posição de "vítima".
Traduzindo:
- O foco de nossas vidas é salvar o DQ (ou alguém) e vivemos em busca disso, fazemos tudo que nos for possível para tentar salvá-lo. Extrapolamos nossos limites.
Até que conseguimos ajudá-lo. E nos sentimos felizes com isso... Verdadeiras heroínas!
- Contudo, entramos num ciclo de perseguição. Perseguição no sentido de continuar querendo fazer tudo por ele. Não permitimos que eles caminhem com suas próprias pernas.
Até que ele explode, sente-se sufocado.
- E aí nós entramos na posição de vítima. Sofremos com a "falta de reconhecimento" deles.
Os codependentes vivem assim, nesse eterno ciclo.
Suas frases ainda ecoam dentro de mim. E ele está certo em cada letra do que disse. Minha psicóloga também já me sinalizou isso (de forma mais delicadinha, claro! rsrs).
“...Quando você chegou pela primeira vez em meu
consultório você estava um lixo, destruída emocionalmente e fisicamente. Hoje você é outra mulher, por dentro e por
fora. Você amadureceu... Mas está emocionalmente recaída, desde que parou de
seguir meus direcionamentos (em
dezembro!)...”
“Você não é doente, você está doente. Está deixando
a codependência te comandar...”
“...Andei lendo seu blog... Você fala de coisas maravilhosas,
mas não pratica nada do que fala... Desligamento emocional... Desligue-se...”
“...A única obrigação que você tem na vida é o seu
trabalho, mais nada... Porque o resto do seu tempo você está apenas vivendo
para ele... Pare com isso, viva a sua vida...”
“Você está se comportando como mãe dele...”
“Você é bonita, inteligente, independente... Você é
muito boa... É a mulher que qualquer homem gostaria de ter... Claro... Você
aceita tudo...”
“...E tem mais... Se você resolver terminar com
ele, vai arrumar outro igualzinho se não tratar a codependência...”
“Se você fosse uma adicta, seria daquelas mais
intensas...” (Isso eu
descobri quando fui para a Convenção Carioca de NA, ano passado. Veja na postagem - Mentiras e Verdades -)
Meu amor
estava ao meu lado enquanto o terapeuta falava. Ele também levou alguns puxões
de orelha, mas o foco da terapia de hoje era eu.
Passei o
dia perguntando a mim mesma por que eu não consigo me impor limites. Nunca
consegui... Fui permissiva a vida inteira. Permiti que “o mundo” me magoasse e
não me defendi. Na minha infância, por volta dos seis anos, quando os meninos
mais velhos da rua zombavam de mim, eu desejava que minha irmã me protegesse,
afinal ela era mais velha que eu e todos gostavam dela. Mas ela nunca me protegeu...
E eu, assustada, fui me trancando dentro de um casulo.
Mas hoje em dia não a culpo por meus traumas. Eu era uma criança e essa foi a forma que arrumei para me defender. O
problema é que meu casulo ficou muito bem lacrado, e por isso estou nele até
hoje... Tenho medo de sair daqui, penso que estou protegida... Tenho medo do
que vou encontrar aqui fora. Mas eu não posso mais viver nesse casulo... O
mundo vai muito além dele... Quero dar o primeiro passo...
Silenciei-me
o resto do dia... Chorei em alguns momentos. Ele tentou se aproximar várias
vezes, mas não consegui acolhê-lo. Permaneci no casulo!
Já de
tarde resolvemos ir para a casa da mãe dele, e como a clínica fica no caminho,
passamos por lá. É sempre bom passar por lá. Ele adora!
E Deus
mandou um anjo para me abraçar... Enquanto meu bem conversava com os outros
internos, o ex-namorado de minha amiga, que está internado lá, veio até mim, me
abraçou e indagou:
“Estou te achando triste... Você não está bem não
é?!”
Não deu para
conter as lágrimas...
“Flor, sabia que eu penso em você todos os dias? É
que estou lendo um livro seu que ficou aqui... Tem várias anotações e trechos
marcados (eu tenho mania de rabiscar meus
livros), e suas anotações me ajudam
bastante... Você é uma pessoa muito especial... Você é inteligente e bonita,
merece ser feliz... Acho que está na hora de você reler esse livro.”
Da última
vez que passamos por lá, ele nem se aproximou de mim, estava arredio,
envergonhado... Mas hoje houve uma inversão de papéis: a ordem natural das
coisas seria eu confortá-lo e encorajá-lo a se reerguer, como sempre faço com
os meninos que estão lá, mas foi ele que veio me confortar. E eu não esperava
por isso.
Agora é
meu momento de decidir: permanecer no casulo ou sair dele.
E eu já
decidi.
Não quero
mais continuar aqui. Está escuro, frio e me sinto sozinha. Aqui dentro eu vivo
num eterno outono. Muito ruim...
Mas
confesso que estou cheia de medos. Medo do desconhecido, medo do que é bom...
Medo sei lá de que...
Mas não
quero mais ter medo.
Torçam
por mim. Orem por mim.
Beijos a
todos e um excelente domingo!
hummm...tem horas q eu preciso ouvir umas desss tb...assim bem diretamente...rs..pra sair dof antastico mundo de boby..rs...da medo..é estranho..da tudo isso..mais se atira...na SUA VIDA..e se permita ser HUMANA...falhar é normal..o negócio é erra de maneira diferente, aprenda com seus erros e continue errando diferente pra aprender outras coisas...será assim até morrer...a vida é um aprendizado, nucna deixaremos de errar...tb se deixarmos..o homem la de cima..puxa nossa ficha...e fala..sobe ou desce..rs...perde a função entende viver nesse mundo se não tivermos o que aprender e ensinar...rs..bjsu e fique com Deus
ResponderExcluirEi Lindona...
ResponderExcluirPois é... Eu sei que falhar é normal e que precisamos aprender com os erros...
Minha dificuldade é não cometer os mesmos erros... E isso não tem nada haver com a DQ dele ou com nossa relação, isso acontece em qualquer ramo da minha vida.
Tô numa fase de muitos "nós na cabeça", com de raiva de mim por sempre errar...
Sempre brinco com minha psicóloga: "na teoria eu sei tudo, mas não consigo por em prática", parece que eu me travo!
Hoje cheguei no trabalho falando que queria ser a Bela Adormecida, dormir por cem anos e acordar com todos os meus problemas resolvidos!
TMJ!
Flor, incrível como me identifico com tudo o que vc escreveu nesse blog. Vc escreve super bem, e consegue esmiuçar os sentimentos. Muito bom, muito bom mesmo!
ResponderExcluirObrigada, minha querida...
ExcluirNós sempre vamos nos identificar umas com as outras...
Bjs