terça-feira, 19 de março de 2013

Ando devagar porque já tive pressa...


Oi pessoas!

Tudo em paz comigo, graças ao meu bom Deus...

Minha ausência nesses dias não teve muita relação com o último feito do meu amado. É que preferi me manter um pouco afastada do computador devido às crises de enxaqueca e também porque não queria escrever por impulso.

É fato que aquela noite foi uma noite de cão, óbvio. Eu não esperava e estava numa contagem regressiva para seu primeiro aniversário de vida. Cheia de planos lindos, que se foram ralo abaixo. Fazer o quê?

Depois que ele voltou para casa, um sentimento de inércia me dominou ao longo do dia. Eu cheguei a lhe dizer que não estava sentindo absolutamente nada: raiva, dor, pena, medo, angústia, melancolia, culpa... Nada... Ausência de sentimentos. Parecia que nada iria me fazer sair do eixo, nada me faria voltar atrás sobre a decisão de não aceitar o Outono como única estação da minha vida.

Foi uma sensação estranha, mas ao mesmo tempo foi bom para mim, pois confirmei meu amadurecimento nesse assunto. Claro que doeu, mas o meu sangue estava tão frio que me ajudou a não perder o controle e não deixar minhas emoções me dominarem.
(Coisa rara de acontecer comigo!)

No dia seguinte, permaneci um pouco melancólica, triste, com um vazio dentro do peito. Acho que foi o meu momento de luto. Mas isso passou rapidinho. Afinal, não fui eu quem jogou 11 meses e 23 dias no lixo!

A ficha dele caiu logo que voltou ao estado normal de suas faculdades mentais. Inicialmente manteve-se arredio, na defensiva. Quando percebeu que não tinha escapatória, ele aceitou fazer o que deveria ter feito assim que saiu da clínica: iniciou o pós-tratamento com o terapeuta (e padrinho) dele e com uma psicóloga. Ambos trabalham em conjunto. É um projeto muito bacana, eles tratam o DQ e a família, em sessões ora individuais e ora coletivas. Mas até o momento em que entramos no consultório, ele estava na defensiva. Porém, foi só chegar diante do padrinho que ele adotou a postura submissa, e desnudou-se. Foi ótimo!

“... os usuários começam a ter um desejo quase incontrolável de usar as drogas e, por isso, trabalham engenhosamente para procurar uma nova dose... A serenidade é implodida... mentem para si mesmos e para o mundo que não vão usar drogas, mas no fundo sabem que irão...”
(Augusto Cury)

É bom saber que meu bem respeita seu padrinho, pena que não seguiu seus direcionamentos desde o início. Muita coisa teria sido evitada.

Ao longo desse tempo, algumas vezes eu lhe perguntava: “Por que você não procura por seu padrinho para se aconselhar?”
E ele respondia: “Por que eu sei o que ele vai me pedir para fazer e eu ainda não vou fazer o que ele quer!”

Deu no que deu!

No dia seguinte da sessão, logo cedo, quando saíamos de casa para trabalhar, suas palavras foram: 
“Vou usar isso a nosso favor. Eu sei que vai ser difícil você acreditar, mas tudo vai mudar agora, nossa relação vai mudar, eu vou mudar...”

É... Ele está certo, no momento é meio difícil acreditar... Mas agora só me resta olhar para frente e aguardar. Como eu já mencionei, a minha decisão está tomada: quero uma vida de flores!

Aparentemente, ele parece ter mesmo decidido levantar-se da queda. Espero que sim e que assuma todos os erros.

Ele ainda não foi ao grupo. 
“Estou com vergonha, mas eu vou voltar sim...”

“Faz certo que dá certo” – esse é um dos lemas do NA.


Eu o amo demais, mais até que imaginei amar alguém. E também acredito no seu amor por mim. Contudo, isso não pode me deixar cega. Já me convenci de que a escolha de fazer a coisa certa só pode vir dele.
E o fato de eu amá-lo muito não quer dizer que eu tenha que compactuar com escolhas e atitudes insanas, principalmente se essas escolhas/atitudes me afetarem ou afetarem meus sentimentos. Não posso ser complacente, não posso me permitir a voltar a viver daquela maneira, pois eu sei o quanto me fez mal.

Eu o amo tanto que sou capaz de deixá-lo seguir seu caminho sem mim se um dia eu perceber que é isso que ele prefere.

De agora para frente, ele precisa, mais que nunca, fazer escolhas com sabedoria e buscar por sua recuperação. Mas essa recuperação deve englobar tudo.

“Não é possível vencer as drogas sem ser autênticos, sem ser honestos até as últimas consequências. O primeiro golpe da farmacodependência é aprender a banir a mentira e viver a arte da autenticidade.”
(Augusto Cury)


Estarei ao lado dele enquanto eu acreditar nesse amor, enquanto eu sentir que vale a pena, enquanto existir em mim uma mísera pontinha de esperança. Desejo que isso dure para sempre, pois eu acredito e quero o “para sempre”.

Nosso amor é sagrado e abençoado, estou certa disso. Sempre estive. Deus me deu respostas claras sobre o caminho que eu deveria seguir, mas Deus também me falou que eu não devo seguir sozinha, meu amado precisa estar ao meu lado. Se em algum momento eu perceber que estou sozinha, é a hora de voltar atrás, pois eu posso me perder...
Enquanto eu me sentir confiante de que ele caminhará ao meu lado, lutando por sua recuperação e contando comigo para isso, assim eu farei... Eu seguirei em frente, com minhas mãos unidas às mãos dele.

“... ao invés de criticarmos e marginalizarmos os usuários, deveríamos compreendê-los e acolhê-los com o maior respeito e consideração... É fácil julgá-los e condená-los, mas é difícil colocar-se no lugar deles e perceber as amarras construídas nos bastidores de suas mentes...”
(Augusto Cury)

Certa vez ouvi o Pe. Fábio de Melo falando algo assim. Ele explicava que precisamos aprender e aceitar que as pessoas são diferentes em sentimentos e escolhas, e quando nos permitimos a entrar no tempo do outro, teremos uma compreensão maior da dor e das alegrias dos nossos irmãos.

É isso que eu me propus a fazer quando aceitei viver ao lado dele. Decidi entrar no tempo dele, buscar compreender sua doença e suas angústias. Às vezes meto os pés pelas mãos e deixo a ansiedade me dominar. Mas depois reflito sobre o fato e tento me corrigir.

Todos nós, adictos ou não, temos caminhos longos a percorrer. Todos nós estamos sujeitos a conflitos internos, a fantasmas que nos assombram, a medos e inseguranças. Todos nós erramos e acertamos, e nada disso é problema...

O que precisamos, de fato, é tentar compreender esses tempos diferentes de cada um, principalmente se esse “um” for alguém que amamos muito; se é com esse “um” que desejamos passar o resto de nossas vidas; se estamos certos de que esse “um” é alguém capaz de nos fazer feliz, alguém que estará conosco ‘na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza por todos os dias de nossas vidas’, se esse “um” é capaz de nos compreender e nos aceitar em nossas maiores misérias e mesmo assim permanecer ao nosso lado.

Todo ser humano é frágil, cheio de defeitos, mas também cheio de qualidades. Penso que um DQ para entrar, definitivamente, em recuperação precisa aprender a olhar para si mesmo e aceitar sua fragilidade. Nesse momento ele vai conseguir reconhecer e identificar os seus defeitos, tentar corrigi-los. A partir daí ele começará a descobrir suas qualidades. Depois disso, acho que o DQ é capaz de aprender a entrar no tempo do outro e ver que o mundo não gira ao redor de si mesmo. Ele deixará o egoísmo/egocentrismo um pouco de lado...

Logo que comecei a escrever esse blog, falei que não gostava de contar os dias limpos de meu bem, mas com o tempo isso ficou automático. Agora, pretendo me condicionar a não mais contar esses dias, pelo menos não com tanta ansiedade, pretendo simplesmente deixar acontecer... Deixar a vida seguir seu rumo e as flores voltarem a nascer em nosso jardim.

“Quanto mais tempo um usuário passa sem as drogas, mais ele vai arquivando novas experiências. Em um dia saudável, ele pode arquivar centenas ou milhares de novas experiências, reeditando assim a sua história...”
(Augusto Cury)

Fiquem com Deus e tenham lindas próximas 24 horas...
Beijo grande!

2 comentários:

  1. Oi querida, só nesse post é que entendi o anterior...mas agora é seguir em frente, ele já viu que realmente nao pode com "ela"

    As vezes é bom dar um tempo de postagens como vc fez, faço isso a vezes, principalmente qdo minha cabeça esta um turbilhão, aí espero as ideias se assentarem pra daí então me expressar no blog...

    Tudo vai dar certo, viu? tamujunto! bjs

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  2. TMJ amiga..de tempo ao tempo...lute pela sua felicidade que no final só Deus pode prever.....bjus

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