terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Promessa de ano novo...

Oi gente!

Mais um ano chega ao fim, e mais uma vez a gente lembra daquela antiga e linda canção:

"Este ano quero paz
No meu coração
Quem quiser ter um amigo
Que me dê a mão

O tempo passa e com ele
Caminhamos todos juntos
Sem parar
Nossos passos pelo chão
Vão ficar

Marcas do que se foi
Sonhos que vamos ter
Como todo dia nasce
Novo em cada amanhecer..."


Pois então...

2013 está chegando ao fim, estamos vivendo seus último momentos...
Foi um ano de muito aprendizado, muito crescimento, muita dor e muitas alegrias...

As festas estas estão tranquilas por aqui. Não viajamos. Ele está em escala de plantão e eu não estou de férias, e isso dificulta.

Além disso, na verdade, eu não estou muito no espírito de festas. O meu estado (ES) passou por dias difíceis. Tivemos uma das piores enchentes da história (a última foi em 1979) e nosso estado foi devastado. Estradas destruídas e cidades inteiras ainda isoladas/alagadas. Muitas perdas e destruição. A capital não sofreu tanto, mas, mais de 60 mil pessoas estão desabrigadas, incluindo na região metropolitana. Isso me desestruturou... Mas ao mesmo tempo, vi o verdadeiro espírito de Natal tomar conta da população para se mobilizar em ajudar o próximo. Foi lindo de se ver! Isso me emocionou mais ainda!

Mas, vamos falar de mim, e de meu amor... Para mim, o saldo final de 2013 foi positivo, graças a Deus, apesar de alguns percalços!

Meu amor segue limpo, trabalhando e feliz!

E eu também aprendi (e decidi) a entrar no Programa...

Ainda tenho muito a mudar, a aprender e a crescer...
Ainda tenho muito Programa para absorver e praticar...
Estou longe da recuperação completa! (Se é que ela existe!) 

Mas,o que mais importa para mim hoje, é que mesmo com a certeza de que ainda erro demais, pelo menos sou capaz de identificar com grande facilidade e lucidez aonde estão minhas maiores fraquezas e o que ainda preciso amadurecer...

Por exemplo, ainda não consegui direcionar o foco inteiramente para mim, e sei o quanto isso é importante para minha recuperação.
Frequentemente ainda sofro com algumas atitudes egocêntricas dele (típicas da doença). É um sentimento que me corrói, e luto muito contra ele, mas, às vezes ele insiste em aparecer. Muitas vezes, percebo que ele se comporta de forma egoísta porque é a maneira que encontrou para lutar contra suas vontades, que, se forem satisfeitas, podem ter consequências desastrosas.

Meu racional me explica direitinho o que está acontecendo, mas meu lado passional me impede de absorver...

Essa é a maior luta que preciso travar contra mim mesma em meu processo de recuperação. E é minha promessa para 2014, minha promessa de ano novo...

Em 2013 eu cheguei ao auge de minha codependência e da auto-piedade.
E ele, no auge da auto-suficiência...

Foram muitos altos e baixos...

Mas Deus é tão maravilhoso que nos fez ver que se a gente não olhasse para o lado certo, a gente iria se perder. E Deus me colocou naquela sala do Nar-Anon, e lá eu estou reaprendendo a viver.

Estou também aprendendo a enxergar o que não posso controlar. E que só posso modificar a mim mesma.

Por isso, tenho certeza de que vou chegar lá... Que vou conseguir e que 2014 será bem melhor que 2013!


Que venha o ANO NOVO... E que o ANO NOVO se faça NOVO!!!

Desejo um lindo recomeço na vida de cada um.
Muita paz no coração, saúde e serenidade!

Deus abençoe cada um de nós...

Beijo grande e até ano que vem...






domingo, 22 de dezembro de 2013

Retrospectiva - Parte II

E, conforme prometido, continuando minha retrospectiva.... 

Olhando para trás e vendo que tudo valeu a pena...

Minha vida profissional deu um giro de 360º em 2013!
No final de 2012 fui convidada a deixar a sala de aula e atuar na Secretaria de Educação. Senti muito medo de não dar conta... Assumi com um tremendo frio na barriga, afinal, eu seria a professora responsável no Estado por minha disciplina (química)! E eu sempre fui extremamente insegura e desacreditada de mim mesma.

Que medo!!! Era muita responsabilidade!

Mas acontece que eu dei, e estou dando conta!
O Programa me ajudou nisso também, a ser mais auto confiante... Coisa que os sete anos de terapia não me fizeram evoluir...

Eu sinto muita falta da sala de aula, dos meus alunos. Meu amor por eles é algo que não sou capaz de descrever. São adolescentes carentes de amor, limites, carinho, família...

Mas ao mesmo tempo, estou muito feliz na Secretaria. Tudo é muito diferente e estou aprendendo coisas novas. Amadureci muito em um ano.
Participo de reuniões, elaboro documentos da minha área, faço pareceres de materiais didáticos, etc...

Na Escola eu já abordava a temática das drogas, sempre sem tabus, de forma instrutiva, sem levantar bandeira "pró" ou "contra"... Eu apenas falava sobre o lado químico das substâncias. Minha disciplina favorece isso...

E por isso, além das atribuições relativas à minha disciplina, agora estou tendo uma oportunidade que nunca imaginei que seria capaz de fazer.
Ingressei no Comitê de Prevenção às Drogas nas Escolas, que nasceu no fim de 2012, como prioridade de Governo.
Tudo era novo...

E então veio o 1º Seminário Estadual de Prevenção às Drogas, realizado em junho. O tema foi "A Escola em Rede". Discutimos as formas de acionar as redes de apoio. O que a Escola precisa fazer caso tenha situações críticas de uso/abuso de drogas em seu ambiente.
Temos muitas Escolas localizadas em zonas de risco.
Minha Escola mesmo, fica num dos bairros da capital onde o tráfico é mais forte.

Tivemos representantes da Justiça, da Saúde, da Assistência Social. Tivemos apresentações de práticas exitosas de professores da Rede Estadual de Educação. 

Foi um sucesso!

A Secretaria de Educação é subdividida em 11 Regionais, e como desdobramento do Seminário Estadual, vieram os Seminários Regionais.

Cada Regional montou o seu Seminário, partindo do princípio de cultivar a ideia de se trabalhar em rede, mas direcionando as especificidades de cada lugar...

E, de agosto a novembro, o Comitê percorreu todas essas 11 regionais, para "levar a mensagem". Participamos de todos!

Cada lugarzinho nos surpreendeu de alguma forma...
Os municípios do interior capricharam. Fizeram direitinho seu dever de casa...

Alguns temas abordados foram:

- Valorização/desvalorização da família e estrutura familiar;
- Políticas de prevenção e redução de danos;
- Mudança comportamental e restabelecimento da ordem pública;
- PROERD (Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência);
- Cumprimento das leis;
- Estabelecimento de parcerias e trabalho em rede;
- Fatores de risco e fatores de proteção;
- Amor exigente;
- etc, etc, etc...

Gente, não dá para descrever tão rapidamente o quão proveitoso foi cada uma das discussões.

Cada Regional nos presenteou também com mostras culturais apresentadas por alunos da Rede.
Tivemos peças teatrais lindíssimas. Uma delas foi apresentada por alunos internos da Penitenciária de Segurança Média que encontraram no teatro uma forma de recomeçar, e outra foi a apresentação de um Coral em Libras (isso mesmo, língua brasileira de sinais!)! Não teve quem não se emocionou!

Tivemos ainda grupos de dança e uma orquestra de violões composta por 12 adolescentes, 6 meninos e 6 meninas, tocando juntos! Acho que nunca vi nada mais lindo na vida!

Mas um fato, no mínimo estranho, me chamou a atenção. Das 11 Regionais, 3 pertencem à Região Metropolitana... E foi justamente nessas 3 que tivemos os únicos Seminários "fracos", digamos assim... As pessoas não deram o mesmo valor ao tema. O que pareceu demonstrar que as pessoas das grandes cidades preferem mesmo fechar os olhos ao assunto e assumir a postura de que "eu não tenho nada com isso, e isso não é problema meu".

Enfim...

E nesse meio tempo, assumi a Coordenação de um site de conteúdos de apoio ao professor para trabalhar a temática nas Escolas. Temos diversos materiais e vídeo aulas. O site é bem rico e devagar estamos melhorando ainda mais! Tudo que eu posto ali é escolhido com muito carinho, dedicação e amor...

Acesse e divulgue: De Cara Pra Vida

Na semana passada soube que o Secretário de Educação quer que a gente inscreva o site para concorrer ao Prêmio de Boas Práticas na Educação! E que vai instituí-lo como Projeto de Governo! (Que chique!!!)

Estou muito orgulhosa com esse trabalho. Já dei três entrevistas sobre ele!! E o apresentei nos Seminários Regionais.
Como se diz no facebook: Se sentindo feliz!
Acho que é uma das formas de se levar a mensagem, como diz o Passo 12!

E também, para completar, fiz um curso da SENAD e estou fazendo uma capacitação pela UFES em "Tabaco, álcool e outras drogas". Estou aprendendo muito!
E, para finalizar, em 2014 farei um curso da SENAD específico para professores.

Em alguns Seminários, quando apresentava o site, eu falava: "Infelizmente, quando eu mais aprendi sobre as drogas, eu sai da Escola!"

Esse aprendizado veio tanto da DQ de meu amor, quanto das atividades desenvolvidas no Comitê.

A vida é mesmo um eterno aprendizado...

Quero partilhar com você algumas das sábias frases que anotei nos diversos Seminários:

"... Nesse horizonte familiar desmantelado, a educação não forma para ser gente, forma para competir, para ganhar dinheiro. O sentido da vida não é encontrado e como resultado vem a depressão, o vazio, às drogas, a prostituição. Nossa cultura evoluiu para o desumanismo..."
(Padre Félix Bassini)

"As visões do homem são voltadas para o individualismo, o que dificulta a integração do ser humano. A droga é apenas um dos fatores. É preciso buscar uma mudança comportamental..."
(Lucas Rigoni - psicólogo)

"Chega desse papo de dizer para um adolescente que droga é ruim. Se você disser isso, ele responderá na hora que você está errado. Na escola e em todo lugar o trabalho precisa ser coletivo. Não podemos viver numa ilha, isolados..."
(Drª Janete Pantaleão - juíza da infância e da juventude)


"Todos temos problemas, até as crianças. Cada problema adequado a sua faixa etária, e se não soubermos  lidar com isso, ficamos vulneráveis. Existem muitos casos de abandono familiar."
(Capitão do Proerd)

"O modelo antigo 'diga não às drogas' é moralista e exclui o sujeito que já faz uso de entorpecentes. E também não considera as substâncias lícitas e medicamentos que estão no cotidiano. É um modelo de intolerância ao usuário."
(Roberta Scaramussa - psicóloga)



É isso gente...
2013 foi um ano abençoado e de muito crescimento profissional.
Estou realizada!



Ah, e antes de finalizar, quero partilhar com vocês uma coisa bacana que está acontecendo aqui no ES.
O Governo do estado criou a Rede Abraço, que montou um Centro de Acolhimento para familiares de DQs e DQs que querem ajuda.
O espaço conta com diversos profissionais capacitados para acolher quem precisar, além de convênio com diversas clínicas, caso seja necessário internação. É uma ideia inspirada em um projeto que acontece em Alagoas.

É claro que criou-se uma briga de egos entre Secretarias, mas o povo não está preocupado em saber de quem veio a ideia, ou se já existem outras redes que precisam ser fortalecidas, mas sim, em como encontrar ajuda... E lá é um bom lugar! Assim como os CAPS...
É isso... Um dia a gente chega lá...

Uma semana de paz e bençãos para cada um de vocês...
Um Natal iluminado e um 2014 de muitas colheitas...

Beijo grande!







Retrospectiva - Parte I

Olá pessoas...
Bom dia!

Mais um ano está chegando ao fim, e muitas coisas aconteceram. Por isso, vou dividir essa postagem em duas partes...
Nessa primeira, farei uma retrospectiva de minha vida ao longo desse ano, dos meus sentimentos e minha busca por recuperação.

Na segunda parte, que postarei ainda hoje, vou fazer um balanço do lado profissional.
...


Às vezes a gente tem a sensação de que "esse ano foi horrível" ou "esse ano foi produtivo", "graças a Deus que acabou", "foi maravilhoso", e coisas assim...

Na verdade, acho que em todos os anos acontecem coisas muito boas ou muito ruins, dependendo de como olhamos para elas.
De uns tempos para cá, tenho tentado tirar proveito de tudo que me acontece, por pior que seja, tento ver como posso crescer com aquela situação. Não é fácil olhar assim, muitas vezes estamos machucados e isso dificulta... Mas, ainda assim, quando esfriamos a cabeça e conseguimos raciocinar sobre o ocorrido, vemos que pode ter algo positivo no ar...

2013 foi para mim um ano bom, de muito aprendizado e autoconhecimento. Eu nunca, em toda minha vida, consegui enxergar tão claramente meus defeitos e meus principais erros.

Tive muitos momentos de dor e sofrimento, principalmente no primeiro semestre, quando permiti que a codependência, potencializada por minha instabilidade emocional que me acompanha desde a infância, me dominasse e me levasse ao fundo do poço.
Por muitas vezes achei que minha história com meu amor chegaria ao fim, que não seríamos capazes de passar por aquilo, que não aprenderíamos a respeitar um ao outro.

Vamos aos pontos negativos de 2013:
- Tive brigas sérias com meu amor;
- Cai totalmente na autopiedade;
- Percebi que meu amor já havia deixado de lado sua recuperação e com isso teve algumas recaídas;
- Depois disso, eu o vi entrar no ciclo da auto-suficiência e, por isso, teve que voltar para a clínica por 30 dias;
- Tive que resolver sozinha todo o processo de mudança para o apartamento novo;
- Tive que bancar a casa sozinha (com meu salário de professora!) enquanto ele ficou sem trabalhar quando estava internado;
- Tive várias crises de enxaqueca;
- Senti medo e solidão;
- Achei que não tinha mais amigos para partilhar minhas dores, já que minhas amigas mais íntimas estão morando em outro estado ou não compreendem muito bem o universo da DQ;
- Achei que não tinha mais amigos para jogar conversa fora;
- Recentemente rompi (???) relações com minha irmã;
- Estou há mais de dois meses sem conviver com minha sobrinha e afilhada (está doendo horrores);
- Vi (e vejo) minha mãe sofrer muito com isso.

Mas, apesar disso tudo... 2013 foi um ano muito abençoado!

Em junho, ao me dar conta do buraco em que eu estava me enfiando, lutei com todas as forças para sair dele. 
Até então, eu achava que devia fazer terapia com o padrinho dele, já que ele fazia (e faz) atendimentos aos familiares e conhecia bem nosso mundo. Porém, chegou um ponto em que eu estava me sentindo confusa e não sabia mais qual era minha direção. E, conversando com uma amiga, cujo (ex)namorado também é DQ, ela me falou:

"Amiga, acorda! Ele tem que cuidar dos meninos, não da gente. Nós precisamos buscar por alguém que trate das nossas insanidades, que são diferentes das deles! Foca em você!"

Foi então que eu acordei!
Procurei por um tratamento terapêutico específico que não tivesse atrelado ao problema dele e sim aos meus e me joguei de peito aberto. 

Em paralelo, como eu não estava satisfeita com as reuniões do Amor Exigente, procurei o Nar-Anon. E foi a melhor coisa que fiz em minha vida!

Lá eu conheci o Programa de Recuperação e vi o quanto ele é rico.  E, principalmente, que posso (e devo) aplicá-lo em todos os pontos de minha vida.
Lá eu descobri que quando erro, posso buscar aprender com isso e me fortalecer para não repeti-lo. A literatura é uma benção!
Naquela sala eu encontrei pessoas que me amam e se preocupam comigo desde o primeiro instante que me veem.
Lá eu recebi (e recebo) os abraços mais verdadeiros do mundo. Lá eu aprendo a ser alguém melhor todos os dias.
Lá eu compreendi que tenho valor e que mereço ser feliz, e que isso só depende de mim!
Que o desligamento com amor é algo maravilhoso e não é egoísta.
Que eu posso (e devo) ter uma vida independente da dele.
Lá eu também compreendi que, por mais que algumas vezes minha relação pareceu estar fora do prumo, isso não quer dizer que nosso amor não seja verdadeiro, e sim que precisamos mudar o olhar.
Eu consegui forças para me manter de pé quando ele voltou para a clínica (em julho).
E também foi por estar lá que eu estou conseguindo sobreviver à privação da convivência com minha sobrinha, que é como uma filha para mim.

Depois que eu conheci o Programa, eu continuei errando, e muito, mas ao invés de me culpar por isso, ou de ser recriminada por alguém, eu recebo palavras de incentivo para recomeçar, a aprender com os erros. 

A briga com minha irmã é o melhor exemplo disso: cometi o mesmo erro da vida inteira tentando resultados diferentes. E deu no que deu!
A culpa da situação criada foi minha? Sim!
Eu não devia ter ido a casa dela e tentado mais uma vez o diálogo com uma pessoa que nunca permitiu o diálogo. No fundo eu já sabia que não daria certo.
Deixei essa culpa me corroer e me levar para a autopiedade? Não!

Ou seja, lição aprendida!
Dói, claro... Mas pelo menos serviu pra eu aceitar o que eu já sabia. Não posso modificá-la! 

É uma pena que apenas nós, familiares de DQs procuramos por isso! Nós temos uma facilidade maior em aceitar que temos um problema emocional grave e por isso lutamos por uma nova forma de viver!

O saldo de 2013 foi positivo.
Estou muito feliz e em paz comigo mesma.

Meu DQ tomou gosto pelo grupo e até assumiu uma sala. Está feliz com isso e se dedicando!
Faz questão de participar dos eventos e sente orgulho de si mesmo.

E a vida segue... Devagar e sempre...
Um dia de cada vez! Só por hoje...

Desejo um Natal de muita luz e bençãos na vida de cada um de nós, e um 2014 cheio de amor e paz!
Desejo serenidade e força!

Beijo grande!


"Eu seguro a minha mão na sua, e uno o meu coração ao seu, para que juntas possamos fazer aquilo que sozinha não conseguimos..."


quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Três momentos...

Bom dia, pessoas...

Vim aqui rapidinho para partilhar uma coisinha com vocês...

Ontem era dia de grupo (Nar-Anon), mas eu não fui. Eu tava meio tristinha com umas coisas pessoais e preferi ficar sozinha refletindo...

Tá, eu sei, nos dias em que estamos mais tristes é que precisamos buscar pelo grupo, mas mesmo assim eu precisava desse momento de silenciar... Conversei com Deus no cantinho do meu lar!

Liguei para uma das companheiras e falei que não ia, ela tentou me convencer, mas...
Porém, antes de desligar fiz algo que já estava protelando, sem razão específica, há algum tempo, perguntei-lhe se poderia ser minha madrinha!

Ela tem, aproximadamente, a idade da minha mãe:
"Assim você seria minha segunda mãe e me daria colo..."

Ela aceitou e ficou muito feliz! E eu também!
Nosso grupo é pequeno, mas muito acolhedor. Aqui as pessoas procuram mais pelo Amor Exigente.

Hoje já estou bem melhor, graças a Deus...

Para finalizar, quero deixar para vocês uma mensagem que recebi outro dia de uma amiga:

"Temos três momentos importantes:

1- O momento feliz;
2- O momento triste;
3- O momento difícil.

O momento feliz nos mostra o que não precisamos mudar.
O momento triste nos mostra o que precisamos mudar.
E o momento difícil nos mostra o que somos capazes de superar."
(Mario Quintana)

Amanhã é sempre um novo dia, faça você mesma que ele seja não só um novo dia, e sim um melhor dia!

Lindas palavras, não é mesmo?

Transmito-as para vocês!

Beijos no coração!



segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

"Mais uma vez"

Bom dia, flores do dia!!!

Hoje quero falar um pouco de escolhas...

Quando eu aceitei namorar e, posteriormente, viver ao lado de um dependente químico, a escolha foi minha. Isso significa que se passei por grandes tribulações ao lado dele, se sofri, se virei noites em claro, se chorei, enfim, se qualquer outra coisa, ninguém, além de mim, pode ser responsabilizado por isso. Cada um de nós vai arcar com as consequências de nossas escolhas.

Se hoje eu estou afastada do convívio com minha irmã e minha afilhada (que é como uma filha para mim), isso aconteceu devido a uma escolha errada que fiz. Procurei resultados diferentes com atitudes iguais (leia clicando aqui). Está doendo muito, mas não posso fazer nada, além de esperar o momento de Deus.

Uma vez minha sogra falou que, voltando de viagem, presenciou uma jovem bonita e grávida descendo num trecho da estrada que é próximo a uma penitenciária. Ela só poderia estar indo para lá, uma vez que não há outra coisa nos arredores. Minha sogra disse que sentiu muita pena da moça. Eu respondi:

"Sinceramente, eu não tenho pena, por mais triste e constrangedora que seja a situação. Ela escolheu viver aquilo, e é ela que está aceitando permanecer assim..."

Vejam bem, não estou sendo fria, ao contrário, sou extremamente sensível às escolhas e às emoções do ser humano (choro até com final de novela da Globo!). Mas o fato é que essa moça poderia ter deixado para lá, ter tentado recomeçar a vida ao lado do filho que trazia no ventre, e quem sabe tentar encontrar um novo amor. Sempre é possível recomeçar, mas ela ainda acredita nele, e isso lhe dá forças para visitá-lo, para lutar. Essa é a maneira que ela encontrou para recomeçar.

Eu também poderia ter dado as costas para toda aquela tribulação quando ele estava na ativa, quando, por várias vezes, eu achei que não tinha mais forças para aguentar tanto sofrimento. No início eu permaneci ao lado dele porque eu acreditava que poderia "salvar sua vida" (codependência pura)... Depois, eu vi que não dependia de mim, mas mesmo assim preferi ficar, simplesmente porque eu acredito no poder de superação do ser humano.

Além disso, o fator principal que me fez permanecer ao lado dele foi o amor que sinto. O amor, muitas vezes, é um santo remédio! E acho que tomei a dose certa do remédio, pois hoje sei que o amo de forma saudável, sem posses, sem a sensação de que sou responsável por sua recuperação. Então, se eu aprendi a amá-lo, aceitando suas limitações, por que deveria deixá-lo nos momentos difíceis?

Eu o amo muito. Tive que aprender algumas coisas para vivenciar essa relação, mas não me arrependo. Na verdade, até agradeço, pois me tornei mais madura. Talvez, se eu não tivesse vivido aquela tempestade, eu não tivesse aprendido a me valorizar, a aceitar que não posso abrir mão de todas as minhas vontades apenas para satisfazer o outro, etc... Eu agia assim com meu ex-namorado, e certamente continuaria assim com o(s) próximo(s). 

Dizem que o tempo nos ensina muita coisa, e ensina mesmo. Aprendi, a tirar o melhor de tudo que me acontece, mesmo que seja a pior de todas as situações. O distanciamento da minha irmã, por exemplo, me fez aceitar que sou impotente sobre ela, e sobre suas escolhas também. Assim como eu já sabia de minha impotência perante meu adicto.

Depois que meu bem aceitou sua doença e resolveu lutar para tentar adormecê-la, já que não há cura, eu vejo que vale a pena estar com ele.
Somos amigos, cúmplices, amantes, irmãos. 
Outro dia Padre Fábio falava sobre as relações, e que precisamos praticar o amor fraterno, que é o amor que aprendemos a ter com nossos amigos. Não escolhemos um amigo. As amizades simplesmente acontecem! Deus nos envia as pessoas para nos ajudar a suprir as ausências.

"Em um casamento, se não houver o amor fraterno, se marido e mulher não forem amigos, se não houver diálogo entre os dois, logo o casamento entra em crise. O vínculo fraterno é o único que nos torna livres, pois com ele não há prisões. O amor materno, paterno, ou entre um casal não é suficiente, é preciso associar o amor fraterno nessas relações..."

Ouso a dizer que, na medida do possível, estamos aprendendo a praticar esse tipo de amor.

Mas também somos limitados, e por isso, algumas vezes erramos um com o outro, mas a cada erro eu procuro ver o que preciso corrigir e uso o erro a meu favor, assim como ensinava aos meus alunos na Escola. Os DQs têm dificuldades de aceitar seus erros, mas mesmo assim, em doses homeopáticas, eles tentam ser pessoas melhores. Na verdade, a maioria dos seres humanos é limitada quanto ao fato de assumir falhas, mas essa limitação é um pouco mais acentuada neles, assim como o egocentrismo e o egoísmo.

Se hoje meu amor voltar para a ativa, minha consciência está mais que tranquila. Se ele perder o emprego, perder o cargo de Secretário do grupo, se perder a mim, ou perder qualquer outra coisa, é claro que vou sofrer e até chorar muito (como já falei, sou chorona), mas o choro vai ser de tristeza por ele, de compaixão. Não assumo mais essa culpa. Aceitarei as escolhas dele e farei as minhas. Mas enquanto eu ver nele a vontade de ser melhor, estarei ao lado dele, lutando.

Os codependentes carregam muitas culpas. É comum vermos alguém dizendo que se tivesse feito isso ou aquilo, talvez o DQ não tivesse usado, que sente-se culpada(o) por não ter conseguido impedir a recaída, e essas coisas. É comum ouvirmos o adicto dizer que usou por "nossa" culpa, porque não fizemos isso ou aquilo por ele. É comum, também, vermos o adicto, na ativa ou apenas após uma recaída, nos pedindo para ajudá-lo a resolver o problema na qual se envolveu... E por isso precisamos ter em mente que somos responsáveis por qualquer escolha que fizermos. Se você vai pagar a conta de uma recaída que aconteceu por escolha DELE, não tem o direito de reclamar depois que não tem dinheiro, ou que não aguenta mais isso, ou que está se privando das suas necessidades para arcar com os erros dele.

Duas boas lições que tirei:
1- Não faça pelo outro aquilo que ele é capaz de fazer por si mesmo;
2- Não assuma a responsabilidade pelos erros do outro.

Por exemplo, um amigo dele disse para a namorada (um verdadeiro mulherão, diga-se de passagem), que estava com ele há uns 5 anos e se manteve junto durante toda a fase difícil, que queria terminar pois ele queria voltar a curtir raves e se divertir. Lembrando que "se divertir", nesse caso, é sinônimo de "usar drogas". Ele não recaiu, ele optou por voltar para a ativa. Ele escolheu! E as consequências disso são apenas dele, e de mais ninguém. Quanto a ela... Recomeçou, e está muito feliz. Ela poderia escolher entre viver lamentando por isso ou refazer a vida dela. Ela escolheu a segunda opção!

Quando eu erro, vou colher aquilo que plantei, mas posso aprender a fazer diferente da próxima vez. Eu acredito na capacidade de superação e na bondade das pessoas. Tem gente que me critica por isso, mas sou feliz assim!

Ontem postei no face um trecho de uma canção do Renato Russo que é muito propícia aos recomeços, a renovação da esperança, da fé... A música chama-se "Mais uma vez". Essa música nos ensina a viver uma dia de cada vez, a acreditar que podemos ter um dia melhor hoje, apesar das escolhas erradas que fizemos ontem.


"...Mas é claro que o sol vai voltar amanhã
Mais uma vez, eu sei
Escuridão já vi pior, de noitecer gente sã
Espera que o sol já vem
Nunca deixe que lhe digam que não vale a pena
Acreditar no sonho que se tem
Ou que seus planos nunca vão dar certo
Ou que você nunca vai ser alguém
Tem gente que machuca os outros
Tem gente que não sabe amar
Mas eu sei que um dia a gente aprende
Se você quiser alguém em quem confiar
Confie em si mesmo
Quem acredita sempre alcança!..."

É fato, quem acredita sempre alcança... E quem cultiva, sempre colhe...

A frase do livro CEFE de hoje é linda, e também pode nos ensinar muita coisa:
"Não pode haver felicidade se as coisas em que acreditamos são diferentes daquelas que fazemos" 
(Freya Stark)

É isso...
Beijos com perfume de flores, e até a próxima!