terça-feira, 27 de agosto de 2013

Renato Russo

Oi pessoal,

Aqui em casa as coisas caminham na mais perfeita paz de Deus!
Estamos vivendo uma lua de mel! Felizes demais.
Caminhando juntos em nossa recuperação, buscando por aquilo que nos manterá nessa sintonia e tentando sentir diariamente o perfume das flores que estamos regando!

Não há sinais de mentiras ou de joguinhos emocionais, nem de desconfianças.
Não há sinais de auto-piedade.
Sinto-me segura.

Ainda tenho muito que buscar na serenidade, claro. Inclusive às vezes percebo que ela quer me deixar por instantes, daí eu tento voltar ao foco rapidinho. Busco refazer meus pensamentos.
Nessas horas, sempre tento recordar-me de como eu estava insana, do quanto minha vida estava fora de controle. Era muita dor dentro de mim!
E eu sabia que aquela situação nada mais era que um acúmulo de distorções emocionais que estavam dentro de mim desde a infância, e que o fato de viver com um DQ só me ajudou a potencializá-las.
Eu precisava buscar por estas distorções da infância para compreender como elas estavam refletindo no meu HOJE!

Graças a Deus eu estou conseguindo! E só tenho a agradecer!

Mas vamos lá...


Já tem algum tempo que gostaria de falar dele...
Renato Russo...
Para quem era jovem ou adolescente no início dos anos 90, gostando ou não, cresceu ao som da banda Legião Urbana.

Renato Russo faleceu em 1996, aos 36 anos. Ele tinha um estilo único, e que, a meu ver, até hoje não houve outro que fosse capaz de seguir sua linha. Sua voz forte, suas canções com uma melodia inconfundível, suas letras poeticamente críticas, e algumas vezes com a dor nas entrelinhas. Suas músicas sempre estavam entre as mais tocadas. Renato Russo era Renato Russo e ponto!

Ele tinha uma vida intensa e fazia uso de drogas. Soube, recentemente, que no final do ano de 1990 ele chegou a se internar para tratar do alcoolismo, mas não durou muito tempo. Ele se irritou por ser proibido de tocar violão para os outros pacientes na festinha de fim de ano e colocou fogo na clínica!
Logo depois ele começou a suspeitar que era HIV-positivo e passou por momentos de tensão, depressão, e irritação, o que o levou a beber ainda mais. Sua morte se deu devido a complicações decorrentes do HIV.

Prestando atenção nas letras dele, percebi que muitas parecem vir carregadas de um desejo de recuperação, ou um desejo de não se sentir preso às drogas ou a sua doença.

Ressalto que essas são conclusões minhas, não li isso em lugar algum, e também não li sua biografia. Tentei esmiuçar sua poesia e ler as entrelinhas.

Uma de suas músicas tem o título "Só Por Hoje", e parece mostrar que ele conhecia o Programa, parece mostrar que ele sabia que era necessário viver um dia de cada vez.

"Só por hoje 
eu não quero mais chorar
Só por hoje 
eu espero conseguir 
Aceitar
o que passou o que virá 
Só por hoje vou me lembrar que sou feliz. 

Hoje já sei que sou, tudo que preciso ser 
Não preciso me desculpar, e nem te convencer
O mundo é radical, 
Não sei onde estou indo 
Só sei que não estou perdido 
Aprendi a viver, um dia de cada vez, 
Só por hoje 
eu não vou me machucar 
Só por hoje
eu não quero me esquecer 
Que há algumas pouco vinte quatro horas 
Quase joguei, a minha vida inteira fora. 

Não não não não 
Viver é uma dádiva fatal 
No fim das contas, ninguém sai vivo daqui mas 
Vamos com calma!
Só por hoje 
eu não quero mais chorar 
Só por hoje
eu não vou me destruir 
Posso até, ficar triste se eu quiser
É só por hoje, ao menos isso eu aprendi."


Se você prestar atenção em tantas outras letras, perceberá os mesmos sentimentos, às vezes descritos em frases soltas e isoladas da canção.


"...Quero ter alguém com quem conversar. Alguém que depois não use o que eu disse contra mim..."

"...O céu já foi azul, mas agora é cinza. E o que era verde aqui já não existe mais..."

"...É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã, porque se você parar para pensar, na verdade não há..."

"...Até bem pouco tempo atrás poderíamos mudar o mundo. Quem roubou nossa coragem? Tudo é dor. E toda dor, vem do desejo de não sentirmos dor..."

"...Este é o nosso mundo. O que é demais nunca é o bastante, e a primeira vez é sempre a última chance..."

"...Mentir pra si mesmo é sempre a pior mentira..."

"...Se lembra quando a gente chegou um dia a acreditar que tudo era pra sempre, sem saber que o pra sempre, sempre acaba..."


É isso, muitos sofrem, mas sofrem calados ou tentam transmitir sua dor na poesia. Talvez assim sejam compreendidos. É uma pena que muitos não conseguem ou não desejam se libertar da escravidão e do falso prazer!

Ótimas próximas 24 horas para todos...


segunda-feira, 19 de agosto de 2013

O perfume das rosas é bom!

Ele:
"A gente precisa descobrir como vamos fazer para manter essa felicidade para sempre."
Eu:
"É simples! Basta nem eu e nem você nos afastarmos do programa!" 

Foi com esse diálogo que iniciamos o dia hoje. Estávamos abraçados.

Boa tarde, pessoas!

Aqui tudo está correndo na mais perfeita paz! Como é bom ser feliz!
Parece que nossas "loucuras" estão controladas, rsrs, e precisamos muito buscar por sabedoria para nos mantermos assim.

...

Ele chegou da clínica na terça-feira no início da noite, veio de carona com o padrinho (que é o terapeuta da clínica). Saí de casa para encontrá-lo em uma loja de sucos, que fica há alguns minutos de casa.
Senti meus olhos brilharem quando o vi, lindo e sereno. Os olhos dele também brilharam!
Nos abraçamos muito intensamente. Acho que a última vez que nos abraçamos daquela maneira foi quando ele me pediu em namoro (clique aqui e saiba como foi). Foi delicioso reencontrá-lo! Nossas mãos permaneciam entrelaçadas sempre que possível.

Fomos direto para casa. Ele ainda não havia ido lá após a mudança, ou seja, não sabia como o apartamento estava depois de pronto. Ele adorou, mas a "ficha" dele só caiu mesmo uns dois dias depois:
"Amor, só agora estou me dando conta de como tudo ficou lindo!"

No começo ele estava muito aflito com relação ao seu trabalho. O proprietário do hospital, apesar de gostar muito dele, não tem mais como aguentar suas instabilidades. Meu amor trabalha lá desde a época da ativa, antes de estarmos juntos. Por várias vezes trabalhou sobre efeito de drogas, e por muitas outras precisou interromper o trabalho por conta de sua adicção. Sua primeira internação foi feita por seu patrão, mas durou apenas 15 dias e, claro, não adiantou nada!

E, mesmo depois de tantas besteiras, ele recebeu uma nova oportunidade ano passado, quando saiu da clínica. Meu bem não tinha coragem de ir pedir emprego e foi trabalhar em outro hospital, bem menor, mas, por intervenção divina, o (ex)patrão foi atrás dele e o convidou a voltar.
Tudo caminhava muito bem, até meu amor sair de vez do programa e chutar o balde!
Meu DQ o respeita muito e tem muita gratidão, e temia por não conseguir mais voltar.
Mas seu anjo da guarda é forte mesmo!

Na sexta-feira eles conversaram. Meu bem levou uns puxões de orelha, claro, mas no sábado ele retornou ao trabalho. Parecia uma criança indo brincar! Ele estava radiante!

Nossa vida está muito diferente.
Estamos mais juntos, mais próximos, mais unidos.
Nosso amor está mais forte.
Todas as noites, antes de dormir, fazemos juntos a oração da serenidade de mãos dadas.

Toda a tribulação que vivemos nos últimos meses nos levaram a um amadurecimento incrível.
E quando digo tribulação, não me refiro à sua recaída que o levou a ficar 30 dias recluso para desintoxicação, mas sim ao período em que eu estava completamente dominada pela codependência e pela depressão, e ele inteiramente na auto-suficiência. Ou seja, ambos estávamos totalmente recaídos! E estávamos vivendo em um verdadeiro inferno! (Odeio essa expressão, mas, infelizmente, é a única que descreve!)

Como sempre digo, o que importa não é a recaída, mas o que se faz com ela!
Nós conseguimos usá-la para nos reerguermos. Graças a Deus!

O medo não está aqui, o desespero, a aflição, a angústia também não.
Quem está aqui é o programa, que está nos levando para junto de Deus, e está nos fazendo sentir o perfume das rosas.

Só Por Hoje a serenidade nos tornou os melhores amigos!

Paz e fé a cada um!


segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Surpresa!!!


Oi pessoas...

Ontem foi dia dos pais. É uma data que me incomoda um pouco, pois o meu pai distanciou-se bastante das filhas depois que ele e minha mãe se separaram. Ele mora em Minas, e a última vez que nos falamos foi ano passado, quando ele veio ao Espírito Santo para resolver umas coisas dele e pedir dinheiro às filhas! Estou tentando (em vão) falar com ele desde o início deste ano, mas não consigo.
Às vezes eu me sentia culpada por meu pai não me procurar (??). Sim, é isso mesmo! Ele sumia, não dava notícias, e eu achava que a culpa era minha! 
Bom... A vida segue... Eu descobri que a culpa não é minha e já o perdoei por suas falhas!

O pai do meu amor faleceu ano passado, logo após o carnaval. Ele era alcoólatra, e imagino que, em decorrência disso, ele também não tenha sido muito presente. Meu bem era muito apegado ao pai, e estava totalmente na ativa nessa época, e usou esse fato para se afundar de vez. Menos de um mês depois eu o internei.

Mas hoje eu não quero falar de coisas tristes ou que tragam lembranças tristes. E, independente da ausência de nossos pais, eu peço a Deus por eles e por todos os papais do mundo. Por aqueles que estão aqui, curtindo seus pimpolhos; por aqueles que estão ansiosos esperando os fofuxos chegarem; por aqueles que estão em recuperação; por aqueles que ainda não encontraram a paz; por aqueles que estão enfermos; pelos papais que já são vovôs; por aqueles que já se foram; e por tantos outros...

Meu amor, em função de sua doença, tem muito medo de ser pai, mas tenho certeza que ele será um paizão... Acho que vai ser daqueles bem "babões", que se a mulher não ficar esperta, vai "estragar" as crianças, tipo, quando a mãe dá um "castiguinho", ele libera escondidinho, rsrs. Ou que vai ser aquele pai com ciúmes de filha, que vai se morder todo quando pensar na possibilidade da menina arrumar um namorado; ou ainda que vai comprar uma camisetinha do flamengo assim que souber que é um menininho. Isso sem contar a ansiedade, aposto que se dependesse dele, a criança nasceria com três meses, andaria com cinco e falaria fluentemente com apenas nove meses! E, claro, aos 10 anos já estaria formado na faculdade!! Num dou conta!
Há uns dois meses atrás a irmã dele esteve aqui e fomos ao shopping. Ele levou a sobrinha (e afilhada) a uma loja de brinquedos e disse-lhe: "Pode escolher o que você quiser! É seu presente de aniversário!!"
Eu, como professora de rede pública, tenho a postura de impor limites, e sendo assim, não concordo com essas falas , mas a cena me comoveu muito. Não deixei que ele percebesse, mas por um instante meus olhos lacrimejaram.
Ele nunca havia dado nada a menina, nunca participou de seu aniversário. Aquilo teve mais significado para ele do que para ela. Não tenho dúvidas! Nesse dia eu tive certeza de que, lá no fundo, ele deseja ser pai!

Até conversamos sobre esse provável instinto paterno na volta da viagem do Caparaó. Ele deu um sorriso meio amarelo, nervoso de canto de boca, engasgou, e no final concordou!

Se for da vontade de Deus, um dia a família aumenta!
Eu sempre desejei ser mãe, mas, no fundo também tenho medo. E, por isso, decidi que não quero planejar nada, nem ficar pensando para não me frustrar. O que tiver que ser, será... Deus está no controle!

Bom, mas vamos mudar de assunto e seguir aos últimos fatos...

Para aumentar minha dose diária de felicidade (muito bom viver assim!), fui surpreendida com uma mega novidade: MEU AMOR SAI AMANHÃ DA CLÍNICA! Ele sairia na quinta-feira, mas o terapeuta o liberou para amanhã.

Estou com muita saudade, e pronta para recomeçar!

Temos muito que conversar ainda, mas quero fazer isso com calma, sem cobranças, com sabedoria e serenidade. Inspirada por Deus.

Sabe o que eu acho mais lindo no que eu sinto por ele? 
É que eu sei que não preciso dele para nada. Eu tenho emprego, sou concursada, sempre me sustentei, tenho carro, apartamento, família, amigos abençoados, sei me virar sozinha em meus pepinos. Ou seja, sou independente!
E isso é mágico: não precisar do outro para nada, mas mesmo assim desejar viver ao lado dele para sempre!
Na minha concepção, esse é o significado do amor!
E sei que, financeiramente falando, ele também não precisa de mim para nada, "apenas" me ama!


Isso é muito lindo! É sagrado! É florido!
É o que dá sentido a frase: "Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, por todos os dias de nossas vidas..."

Ele vem para nossa casa nova, que está linda de viver! Estou ansiosa para ver a carinha dele quando entrar pela porta!

Quando eu disse ontem que essa casa está cheirando a amor, é verdade.
Ano passado, quando fomos morar juntos no outro apartamento, ele estava saindo da clínica. Tudo era muito novo para mim e eu tinha meus medos, tanto que logo depois, me deixei afundar na codependência, associada a depressão. Foi horrível! Eu até tentei, mas não fui feliz lá. Passei meses afundada na autopiedade. Na verdade, eu ainda depositava minha felicidade nas mãos dos outros.

Já aqui, foi tudo feito e planejado de forma saudável e serena. Eu descobri a graça de viver e ser feliz. Sinto-me centrada e vi que posso ser feliz independente das escolhas dele ou de qualquer um. Demorou, mas eu entendi que não tenho como controlar e me responsabilizar por essas escolhas. A recuperação está aqui, dentro de mim...

Estou muito feliz.
Mas dessa vez, estou muito feliz comigo mesma. Antes eu ficava feliz apenas pelos outros, a minha alegria não importava. Esse é o meu diferencial!

No mais...
Desejo sonhos realizados a cada um...
Desejo ótimas próximas 24 horas.
Beijos!


domingo, 11 de agosto de 2013

É bom, muito bom...

A felicidade me domina...
Nossa, nunca pensei que fosse tão bom e fácil ser feliz!

Meu histórico de vida é melancólico. Autopiedade desde a infância??? Provavelmente. Mas eu não tinha consciência disso.

Eu cresci com o pensamento "ninguém me ama, ninguém me quer" latejando na minha cabeça.

Quando eu escutava aquela famosa frase que diz que "a felicidade está dentro de cada um de nós" eu me irritava, mas eu nunca deixei claro para ninguém que eu era infeliz, frustrada ou que tinha tendência depressiva. Na verdade, acho que eu nem sabia. Só descobri quando o meu primeiro namoro sério chegou ao fim, em 2007, e iniciei a terapia. Eu estava um lixo!

E quando olho para trás, vejo o quanto já havia sintomas de minha codependência nesse namoro, mesmo sem existir drogas na história. Não tinha nada para dar certo entre a gente, e eu vivia para tentar ajudá-lo a ter uma vida melhor! (Madre Tereza!)

Era um caso meio "Eduardo e Mônica", sabe?!

"...Eduardo e Mônica eram nada parecidos
Ela era de Leão e ele tinha dezesseis
Ela fazia Medicina e falava alemão
E ele ainda nas aulinhas de inglês

Ela gostava do Bandeira e do Bauhaus
Van Gogh e dos Mutantes, de Caetano e de Rimbaud
E o Eduardo gostava de novela
E jogava futebol-de-botão com seu avô

Ela falava coisas sobre o Planalto Central
Também magia e meditação
E o Eduardo ainda tava no esquema
Escola, cinema, clube, televisão..."


Enfim...
A depressão quase me destruiu nessa época.

Porém, mesmo após anos de terapia, eu ainda me sentia infeliz. Eu até aprendi que tinha valor, que tinha qualidades, que era boa, que merecia coisas boas, mas não vivenciava isso. Eu não sabia como viver bem comigo mesma.
Eu cheguei ao ponto de achar que era muita vaidade minha me achar boa, que isso é obrigação de qualquer pessoa!

E eu vivi assim até "ontem"! Basta você ver minhas postagens até junho desse ano. A última carregada de autopiedade foi Ando mentindo para vocês, perdão...
E ali, eu, graças a Deus, consegui enxergar que se EU não fizesse algo por mim mesma ninguém mais faria!

Talvez alguns possam pensar que eu estou brincando de Alice nos país das maravilhas e me enganando ou tentando enganar os outros, fingindo que estou feliz!
Não me importo com isso!

ESTOU FELIZ DE VERDADE!!! MUITO FELIZ!!!

E estou mais feliz ainda de ver o quanto é bom estar feliz!
Deus está sendo tão maravilhoso comigo. Ele está me abraçando todos os dias, na verdade, Ele sempre me abraçou, eu é que não desfrutava.

O fato dele ter tido uma recaída horrorosa, de quase ter jogado nossa vida juntos pela janela, de pensar na possibilidade de ter que viver sozinha num lar que foi sonhado para dois, dele não estar aqui há quase um mês, não me tirou do eixo.

É desligamento com amor, que me soava muito esquisito no início. Mas agora sei que é muito bom aprender isso, afinal, é possível aplicar em qualquer relação de nossas vidas. Estou usando na relação difícil que tenho com minha irmã também.

Eu tenho pouquíssimo tempo de Nar-Anon (comecei em maio). E cheguei lá desesperada, procurando por recuperação, mas aos poucos fui me acalmando, deixando as coisas acontecerem. Em junho fiz meu tratamento terapêutico com abordagem no inconsciente, que, associado ao que aprendo no grupo, digamos assim, salvou minha vida!

E como eu consegui tão rápido????

Me olhei no espelho!
Vi aquilo que eu não queria ver, minha auto-destruição! E pedi a Deus para me dar serenidade para fazer o certo.

E eu consegui!

Eu não tenho controle sobre as escolhas dele, e nem tenho o direito de interferir, caso ele opte por voltar a ativa.
Vou sofrer, claro.
Mas minha vida independe da dele, e seguirei em frente. 

Conversamos um pouco sobre isso na viagem ao Caparaó.
A viagem foi maravilhosa. Estávamos numa sintonia diferente. Ambos cientes de nossas doenças. Cientes de que precisamos um do outro para ficarmos bem, que, além de companheiros, somos amigos, e que podemos contar um com o outro. Eu procurei falar pouco sobre o que aconteceu, deixei-o falar mais.
A viagem não foi terapêutica, foi familiar.

E, depois de reencontrá-lo e confirmar que o amor ainda está aqui, eu estou com muita saudade dele, claro! Mas estou tão em paz que isso não me corrói e nem faz eu me sentir sozinha. Ou seja, eu aprendi que posso respirar por mim mesma!

E descobri que respirar, assim como ser feliz, também é muito bom!

E por isso já estou morando no apartamento novo!
Não esperei ele sair da clínica (ele sai essa semana, após os 30 dias para desintoxicação), e me mudei na sexta-feira, sozinha. A semana foi uma loucura!
O pedreiro atrasou e ainda estava aqui finalizando algumas coisas. E eu e minha faxineira corríamos de um lado para o outro para limpar tudo em cada canto da casa (a medida que o pedreiro acabava), enquanto o pessoal da mudança arrumava as coisas no outro apartamento!
De noite eu não tinha força nem para falar!
Mas valeu a pena!
Ficou tudo lindamente perfeito!

A casa está cheirando a amor! E esse perfume não vai sair daqui nunca, porque o amor está dentro de mim, de mãozinhas dadas com a felicidade!

Eu poderia ter esperado ele sair para me ajudar... Sim eu poderia, mas eu não queria esperar... Eu decidi que faria a mudança naquele dia e assim o fiz! Afinal eu não me mudaria mesmo que nós não tivéssemos reatado??? E se ele optasse por voltar para a ativa? Eu não posso mais deixar de fazer algo por conta das escolhas dele. Então... Porque eu deveria esperar?
Ele chegou a dizer que pediria para o liberarem para vir me ajudar. Fingi que nem ouvi!

(E também, vamos combinar... Nessas horas, homem só ajuda com a força física, porque quando a gente quer comprar uma coisinha aqui ou ali para incrementar, decorar assim ou assado, para ficar mais bonitinho, eles só atrapalham!!! rsrs. Sempre acham que é bobagem ou frescura de mulher!!)

É isso...
A Primavera chegou. E mesmo que daqui a pouco venha o Outono, não me assusto mais, pois sei que ele prepara o terreno para as flores exalarem seus perfumes...

"Não perca de vista a primavera que o outono prepara."
(Pe. Fábio de Melo)

sábado, 3 de agosto de 2013

Passando a limpo!

O medo é ausência de fé.
A raiva é um sentimento que nos domina quando não raciocinamos ou não refletimos.
O ódio é antagônico ao amor, e até bem próximo a ele. Ambos podem nos cegar.
A indiferença é motivada pela desesperança, que chega quando já não há mais vontade de lutar ou de sonhar.
A tristeza vem quando vivemos momentos de dor.
A autopiedade é quando nos sentimos a vítima do mundo e optamos por acreditar nisso.

Nenhum desses sentimentos estava aqui comigo.
Aliás, eu não fui capaz de encontrar uma palavra para descrever o que eu sentia.
Isso gerou um nó dentro do meu estômago.
Eu não queria vê-lo antes dos 30 dias de internação por receio de despertar alguma das emoções acima.
E no fundo eu pensava "ele vai sentir a zona de conforto que precisa, e isso não é bom".

E então eu rezei.
E pensei no Terceiro Passo, pensei nos lemas...
De nada adianta eu tentar prever o que virá. Entreguei a Deus, com toda certeza de que é Ele quem está no controle e que está cuidando de mim. E fui praticar o exercício da  escuta.

Explicando...

O terapeuta convidou algumas pessoas para passar o fim de semana no Caparaó (MG).
Dessa vez, sem fundo terapêutico, apenas um momento entre famílias e amigos.
Ele chegou em casa na quinta-feira à noite, após a reunião, pois viajaríamos de manhã.
Conversamos um pouco. Ele tentava se aproximar, mas eu não estava confortável em permitir. Ele acatava minha distância.
A indecisão entre viajar ou não me corroeu até o momento em que pegamos a estrada.

Percebi que estávamos mantendo a serenidade.
Que ainda há muito o que mudar nele (assim como em mim), e que não vai ser em um mês que tudo se transformará.
Percebi uma vontade verdadeira de assumir seus erros, e de se conformar que não pode ter tudo que quer.
Percebi que nosso amor é verdadeiro e que não há motivos para manipularmos um ao outro.

E estamos aqui, curtindo o friozinho. Bons momentos entre amigos. Recomeçando, reescrevendo tudo, apagando o que deu errado e fazendo de novo. Passando a limpo o que ainda estava no rascunho.

Só por hoje!