Ziriguindum... Ziriguindum... Ziriguindum...
O ziriguindum de 2013 chegou ao fim...
O carnaval é uma época do ano associada a festas, bebidas, azaração, etc...
Muitos se comportam como se o mundo fosse acabar. E às vezes acaba mesmo para alguns!
Eu já vivi carnavais cheios dessas coisas todas.
Inclusive, foi num carnaval que conheci o meu amor - em 1999.
Até hoje lembro-me nitidamente de como ele estava vestido. E sou capaz de rever a cena em câmera lenta diante de mim.
Uma amiga que o conhecia, que é da mesma cidade dele, o apontou e disse:
"Amiga, olha aquele carinha ali... É o Fulano... Ele é uma gracinha, não é?"
Era de tarde, fazia calor, ele estava sem camisa, queimado de sol, bêbado, com uma bermuda amarela, óculos escuros de lente espelhada, uma lata de cerveja na mão, embaixo da sombra de uma castanheira. Um típico playboy!
Eu estava sobre a mesma sombra, mas em cima de um banquinho de madeira, mais ou menos uns 5 metros de distância.
O trio elétrico estava passando com uma música ensurdecedora...
E eu olhei!! Só isso... Olhei... E ele retribuiu o olhar...
Mas sinceramente não sei se 'me viu', digamos assim...
Contudo, foi só uma troca de olhar, nada aconteceu. Eu estava meio enrolada com outro carinha. Somente alguns meses depois é que fomos nos conhecer de verdade.
Hoje cedo, quando abri meus olhos e o vi deitado ao meu lado, ainda dormindo, essa cena me veio a cabeça e perguntei a Deus se era um sonho...
E então meu amado resmungou: "Que horas são, amor?"
E eu vi que não era sonho não... rsrsrs...
Obrigada, meu Deus!
O carnaval de 2012 foi tão diferente.
Meu amor estava completamente na ativa. E eu, naquela fase desesperadora, contando os dias que ele conseguia se manter limpo.
Eu vivia como um radar, tentando captar o tempo inteiro sinais de que ele iria decidir parar de usar!
Eu não dormia em paz, não respirava, não me concentrava em outra coisa que não fosse a maldita droga. Meu corpo tremia o tempo todo, minhas crises de enxaqueca retornaram.
Eu já estava chegando no meu limite e sabia que não suportaria aquilo por muito tempo mais. Estava tomando forças para dar um basta e seguir minha vida.
Horrível!
Estávamos em Minas, na casa da irmã dele, na tentativa de fugir das festas e tumultos de carnaval. Foi um feriadão delicioso. Curtimos os sobrinhos dele, cachoeira no Caparaó e programas de família. E eu cheguei a ver uma luz no fim do túnel quando ele disse que eu era seu maior estímulo para parar de usar. Mas é claro que essa luz só ficou acesa enquanto estávamos lá.
Logo depois ele teve a desculpa que precisava, o pai faleceu...
E alguns dias após veio o fundo de poço e a internação!
Sagrada internação!
Foram seis meses para o renascimento. O meu e o dele!
E 2013 veio com a promessa de ser diferente.
Principalmente no que diz respeito a mim em relação a ele.
Não vivo mais com os fantasmas. Meu corpo parou de tremer. Não tenho dúvidas que ele chegará em casa. Não penso em esconder nada. Não me assombra se ele recusar a ligação do celular (sei que é porque está em atendimento). O radar parou de funcionar...
Estou em paz!
Graças a Deus! Graças mesmo!!
Mas é claro que, por um algum tempo, sei que tenho que ficar atenta. E ele também!
Ele ainda é inseguro com valores altos de dinheiro, além de desorganizado financeiramente, e por isso prefere deixar comigo.
Quanto a mim, apenas duas situações ainda me deixam um pouco insegura:
1- Deixar o carro com ele para percursos longos;
2- Viajar e deixá-lo sozinho.
Na verdade, acho que é mais para manter uma 'zona de segurança' do que o medo, propriamente dito.
Mas sei que se ele quiser usar, não será isso que vai impedir...
Tivemos um carnaval tranquilo.
Meu amor trabalhou no sábado e na segunda. E nos dias de folga fomos para uma praia deliciosa, limpa e livre de folias, onde uma tia tem casa...
Até namoramos uns terrenos lá com vistas mais que deslumbrantes...
Planos...
Minha mãe adorou a ideia!
Assistimos desfiles, fomos juntos à missa e ficamos por conta do fazer nada!
Ontem a noite ele foi ao Grupo... E paz!
Como não ser grata a Deus?
Esses dias eu falei com meu amor que o carnaval, vivido de forma intensa e descontrolada, nunca foi meu maior prazer.
Não que eu nunca tenha curtido dessa forma... Mas eu estava ali, naqueles locais, mais por aceitação social entre meus amigos do que por gostar de verdade.
(Até porque, eu sempre detestei o tal do trio elétrico!)
Em 36 anos, acho que participei de 3 ou 4 carnavais desses...
Não posso dizer que não tenha sido divertido, mas não era meu programa predileto!
Depois que assumi para mim mesma que não gostava muito das insanidades que acontecem nessa época, passei a usar esse período para fazer algo que quase não dá tempo de fazer durante o ano: DESCANSAR!
Já deve ter quase uns 10 anos que tem sido assim...
E continuará sendo...
Entre o Natal e o Carnaval acontecem muitas recaídas de adictos que estão em recuperação.
É uma fase de tumulto na cabeça deles. Muitas festas associadas a bebidas e drogas.
Sei que há por ai, muitos sofrendo e usando nesse momento...
Sei que há também muitos familiares sofrendo tanto quanto eles, ou até mais...
Sinto muito por isso...
Gostaria de dizer que há algo que possamos fazer, gostaria de dizer que há uma receita ou fórmula mágica, mas infelizmente não há...
Somente eles podem decidir entre a vida ou a droga e suas consequências...
Então só nos resta mesmo esperar e confiar!
No mais... desejo paz e serenidade a todos...
Desejo dias de recuperação aos DQs e aos codependentes...
Desejo amor e felicidade!
Desejos bençãos do Poder Superior...