Oi pessoal...
Tudo na mais perfeita paz por aqui. Bom demais!
Amor meu e eu caminhando juntos pela recuperação, graças a Deus. Ele no NA e eu no Nar-Anon.
Nossa, como agradeço a Deus por ter conhecido esse programa!
Fico triste ao ver algumas companheiras, tanto dos blogs quanto ao meu redor, levando a vida ainda em função da codependência. É muita dor, é muito sofrimento. A gente fica completamente perdida, sem rumo...
E é por isso que hoje gostaria de falar um pouco do MEU processo de recuperação.
Eu e meu adicto nos conhecemos desde 1999 (ou 1998? nem sei mais... preciso refazer as contas...), mas apenas em 2011 passamos a ter uma relação de verdade. Eu sabia que ele usava drogas, mas a doença mesmo ainda era novidade para mim. Enfim, quando resolvemos ficar juntos, ele estava internado, mas ainda não tinha decidido parar de usar. Claro que eu não sabia dessa parte, achava que tudo seria lindo quando ele recebesse alta.
Ele já saiu da Comunidade Terapêutica, em agosto de 2011, com indícios de recaída e 25 dias depois já voltou para a ativa. Lembro-me da primeira recaída. Eu não sabia o que fazer, como agir, o que falar, o que pensar... Fiquei sem norte. Ele ficou quase 24 horas fora de casa. Eu SURTEI! Nunca imaginei que era assim que funcionava.
Era dia de reunião no Amor Exigente e eu só conseguia chorar. Era desesperador para mim. Meu corpo não parava de tremer, minha enxaqueca atacou, meu estômago travou... Lembro-me que eu havia buscado meu carro novo na concessionária, mas eu nem consegui curtir. Dali pra frente foram várias situações nesses moldes.
Aos poucos o desespero foi diminuindo, mas eu ainda achava que podia ajudá-lo, que seria a Madre Teresa na vida dele.
Até que ano passado ele precisou passar por nova internação, mas dessa vez tudo foi diferente, eu já estava mais fortalecida e sabia como funcionava a doença dele. E ele não tinha mais saída a não ser parar de usar.
Quando ele saiu da clínica, em setembro de 2012, veio morar comigo. Inicialmente eu tive muito medo de reviver algumas coisas, apesar de ter certeza de que ele já tinha entendido que não dava mais para "usar só um pouquinho".
Ele ficou bem e logo voltou a trabalhar, foi então que a codependência me consumiu de outras formas. Eu não estava mais frequentando o Amor Exigente pois achava que as reuniões estavam meio sem foco.
Gente, EU SURTEI MAIS AINDA! LOUCURA TOTAL!!!
Eu passei a "cuidar" de tudo na vida dele, como a gente faz com uma criança, sabe?! Eu era capaz de ligar para a pessoa do marmitex, diariamente, para saber o que tinha, depois ligava pra ele para perguntar o que ele queria e, novamente, para a moça do marmitex para fazer o pedido dele!!
(IMPORTANTE: Nunca faça pelo adicto aquilo que ele é capaz de fazer sozinho!)
Ele entrou no ciclo da auto-suficiência e acabou recaindo algumas vezes.
Confesso que sofri muito com as recaídas, mas era diferente da época da ativa. Eu já havia compreendido e assimilado bem que não estava em minhas mãos cuidar da doença dele. Meu sofrimento era mais por ele ter jogado fora o que havia construído até então...
Minha codependência estava direcionada para outro foco: a vida dele, o cuidar dele, nossa relação. A droga não me preocupava mais (e hoje em dia também não me preocupa), eu sabia que ele sofria muito quando recaia, então, em tese, não havia risco de voltar para a ativa.
Passamos meses vivendo um verdadeiro "furacão" dentro de casa, eram brigas e mais brigas, pelos motivos mais fúteis que você puder imaginar. Prato cheio para eu cair na auto-piedade. Eu AINDA estava tentando modificá-lo, só que dessa vez não pela droga, mas por "nossa linda história de amor".
Cheguei e pensar que não conseguiríamos ficar juntos.
Gente... Não tenho como explicar a dor que senti. Foi muito pior do que quando ele estava na ativa, até porque, naquela época nós não morávamos juntos e a casa dela ficava há 50 Km da minha. Eu me afundei demais. E eu pensava:
"Como isso pode estar acontecendo? Passamos por coisas tão piores... E agora que não existe mais o fantasma das drogas vamos jogar tudo pela janela???"
Doeu demais...
Fiquei a um passo de uma depressão. E a auto-piedade me fazia cobrar dele:
"Eu estive com você na fase mais difícil da sua vida e agora que eu é que estou mal você me trata assim???"
Fiquei a um passo de uma depressão. E a auto-piedade me fazia cobrar dele:
"Eu estive com você na fase mais difícil da sua vida e agora que eu é que estou mal você me trata assim???"
....
O sentimento de solidão me corroía...
...
E então eu acordei! Tive meu despertar...
O sentimento de solidão me corroía...
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E então eu acordei! Tive meu despertar...
Foi num piscar de olhos, literalmente do dia para a noite...
Eu já conhecia a profundidade e a magia do Programa de Recuperação de NA. Sempre achei muito bonito e via que funcionava, bastava fazer o certo.
E então fui conhecer o NAr-Anon e fiz mais mil coisas ao mesmo tempo que pudessem me levar a um processo de reencontro, reconstrução e renascimento com um único objetivo: sair do ciclo doentio da codependência!
Me agarrei com todas as forças nesses passos e direcionei o foco para mim mesma.
Funcionou!
Hoje sinto que sou outra pessoa!
Mas vamos aos fatos.
Tenho uma instabilidade emocional muito grande, e carrego isso desde a minha infância. Na verdade, penso que isso nasceu à partir da fragilidade no relacionamento que sempre tive com minha irmã mais velha. Eu queria que ela me protegesse e não me sentia protegida. Cresci assim e assim permanecemos até hoje.
Não estou dizendo que a culpa de minha fragilidade além da normal seja dela, não é isso, só acho que o fato de ter me sentido desprotegida quando ainda era uma criança provavelmente me levaram a criar esse monte de conflitos internos.
Sou mais frágil do que eu gostaria e muitas vezes potencializo coisas simples e magoo com facilidade.
Sendo assim, às vezes o sentimento de vazio, de solidão, o medo ainda aparecem para me visitar. E às vezes me deixo levar por eles.
E aí vem a magia dos 12 passos...
Hoje eu estou buscando ferramentas para manter a serenidade, e descobri que se eu me afastar do Programa os sentimentos que me acompanham desde a infância irão trazer de volta os sintomas da codependência. Ou seja, uma coisa está interligada a outra.
Partilhei sobre isso na minha última reunião.
Meus problemas emocionais não nasceram a partir da adicção de um familiar, pois não tenho casos na família, eles nasceram por outros fatores. A adicção de meu amor foi a gotinha d'água que faltava para a doença se manifestar.
E é isso, gente...
Foi assim que se deu meu processo de recuperação, que é contínuo e que eu não posso descuidar.
Desejo, de coração, que nossas companheiras que ainda estão na fase ativa da codependência também busquem por essa nova forma de viver.
Desejo paz e serenidade...
"Eu seguro a minha mão na sua e uno o meu coração ao seu
Para que juntas possamos fazer aquilo que sozinha eu não consigo"
Beijos no coração!