quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

15 de fevereiro e 12 de fevereiro

Olá, pessoal!

As coisas estão caminhando bem em minha vida. Graças ao meu Poder Superior, Deus, na forma como eu compreendo.
Estou em fases de altos e baixos emocionais, para variar, mas mesmo assim estou muito bem, não estou completamente recaída.
Digo isso porque, mais que nunca, estou me aprofundando no Programa e refletindo muito a cada tropeço. Ainda não me debrucei na literatura como gostaria e deveria, mas os momentos de reflexão já estão me dando muita força.

Tem dias que a dor é insuportável, quase uma abstinência, mas quando sentimentos assim chegam, eu "grito" silenciosamente a Oração da Serenidade, tento me acalmar o mais rápido que posso, e direciono meu pensamento para os lemas. Sábios lemas...

Meu amor também está bem. Se dedicando muito ao trabalho e comprometido com o Grupo. Esses dias ele comentou que vai junto com uns companheiros fazer o que eles chamam de HI para ver como é (visitas a hospitais e instituições). Sempre que possível ele também dá um pulinho na Clínica para rever os companheiros e partilhar um pouco com eles. O ambiente lá é leve e as portas estão sempre abertas aos ex-internos.

A recuperação, tanto do DQ quanto do codependente, é um processo milagroso e lento.
Cada dia é um novo dia, cada dia é uma chance de recomeçar, portanto, se erramos hoje, amanhã podemos tentar novamente, a fazer o certo para acertar.
Digo que é um processo milagroso porque viver o HOJE é bíblico. Ontem e amanhã são dias que não existem. Eu só tenho o hoje para viver.
Mas, ao mesmo tempo que isso é óbvio, verdadeiro e simples, é muito difícil de ser praticado. O que não quer dizer que seja impossível...

Mas vamos ao que interessa...
A postagem de hoje não será para falar de recuperação, trabalho, ou coisas afins... Ela será especial!
Meu último post foi no dia 12 de fevereiro, mas a correria não me permitiu dar conta de que dia era. Esse dia, assim como o dia 15 do mesmo mês, possui um significado muito especial na minha vida.

Vamos lá... Vamos falar um pouco sobre eles...

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15 de Fevereiro de 1999, segunda-feira de carnaval a tarde...

Era carnaval... Eu estava com um grupo de amigos numa cidade litorânea do ES, e meio enrolada com um carinha.
E então, na tarde desse dia, eu e uma grande amiga estávamos numa mesinha de um bar de frente para a praia, sobre a sombra de uma castanheira bem grande, enquanto o trio elétrico passava com seu barulho ensurdecedor. Nós estávamos em pé em cima do banco, para "olhar o movimento por cima". Até que ela falou ao meu ouvido (papo de garotas solteiras curtindo o carnaval na praia, rsrsrs):

"Amiga, olha ali do lado. Aquele carinha sem camisa, de bermuda amarela e óculos espelhado. É o S. Ele é lá da minha cidade, eu o conheço um pouquinho. Olha como ele é fofo. Se você der mole, rola..."

O segundo seguinte às palavras dela, quando eu olhei para o lado buscando o que ela me mostrava pode ser descrito como uma cena em câmera utra-lenta de filme romântico, na qual o casal se vê pela primeira vez...

Nos olhamos simultaneamente, ele retirou o óculos espelhado (péssimo, por sinal! rsrs) e permanecemos assim por cerca de 5 segundos, mas, como a cena estava em câmera ultra-lenta, durou 5 horas!
Ele estava bêbado, claro, mas lúcido. E eu levemente alterada...
O sol estava refletindo nele.
Senti as borboletas começarem a bater as asas dentro do meu estômago desesperadamente.
Não nos falamos, nem sorrimos um para o outro, nem nos apresentamos, nada... Apenas "nos vimos".
Nem mesmo nos dias que se seguiram do carnaval, nada aconteceu...
Eu sabia apenas o nome dele, de onde ele era e que ele estava disponível. Entretanto, eu estava enrolada, e para piorar, o carinha era da mesma cidade dele, eram conhecidos, talvez até amigos.
Ele sabia menos ainda de mim! Apenas que eu estava com esse cara... Dias depois, veio a saber também que minha amiga estava namorando com um de seus melhores amigos, quase primos.

Eu sei que o sentimento dele não foi o mesmo que o meu naquele momento. Na verdade, eu também ainda não havia mensurado e nem percebido a importância daquela cena. Ele era um bon vivant que só queria saber de curtir a vida adoidado. Era "o carinha popular da cidade", que "pegava todas as garotas que queria".
Eu sempre fui mais tranquila, romântica, no estilo "aprecie com moderação"... Mas eu também não me importei muito. Achei-o interessante, apenas isso! Se futuramente rolasse, ótimo, se não, ótimo também!


O primeiro beijo só aconteceu alguns meses depois, em abril ou maio, em um churrasco na casa de uma outra amiga. Foi bom desde a primeira vez. Uma química muito forte aconteceu entre a gente. A partir de então, foram várias saídas, beijos, risadas (ele sempre soube me fazer rir), encontros, loucuras, abraços, desencontros, alguns combinados, outros não. O tempo corrido máximo que ficamos juntos foi um mês. Mas todas as vezes que nos encontramos, sempre rolou algo. A última vez que ficamos juntos foi no réveillon de 2005, depois, não tive mais notícias.
Nunca houve compromisso, e nem a pretensão de que um dia aquela troca de olhares do carnaval chegaria ao ponto que estamos hoje.

Não imaginei que as borboletas que bateram asas no meu estômago naquele dia ficaram ouriçadas além da conta porque previam o que estava por vir no futuro. Mas o fato é que aquela primeira imagem, naquela tarde de carnaval, NUNCA saiu da minha cabeça, e isso sempre me intrigou, porque nunca tivemos nada sério. Eu sempre me recordei de cada detalhe daquele instante, que não durou mais que 5 segundos!

Eu o amo... Tenho certeza disso.


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12 de fevereiro de 2011, sábado, o dia todo...

Parece que foi ontem, mas já se passaram 3 anos! Nossa!

Nosso último encontro acontecera no réveillon de 2005, e desde então, nenhuma notícia, nunca mais, até que num dia qualquer de Setembro de 2010 meu amor me "achou" via telefone. Conversamos e nos encontramos rapidamente na rua, mas, dias depois ele sumiu do mapa novamente. Como esse era um comportamento típico dele, inicialmente eu não estranhei. Mas eu comecei a ter vários sonhos ruins, e decidi partir para uma busca desenfreada por notícias. Até que a mãe dele me contou que ele estava internado em uma comunidade terapêutica na cidade de Ipatinga - MG.

Começamos a nos corresponder por cartas (era o único contato permitido). Ainda tenho TODAS guardadas.
E em fevereiro a mãe dele permitiu que eu fosse visitá-lo.
A viagem de Vitória até lá dura cerca de oito horas de ônibus. Cheguei na cidade às 5h da manhã, porém a visita era somente a partir das 8h. Fiquei sentadinha no banquinho da (micro) rodoviária até dar o horário, feliz da vida! Nada abalava minha empolgação.

Não havia nada de concreto entre nós. Só tínhamos as lembranças de um "lance rápido" que acontecera no passado. Nunca namoramos, apenas nos enrolávamos. Isso significava que eu estava ali apenas como uma amiga, nada mais... Tentei me convencer disso, mas claro que não consegui.

Da mesma maneira que me recordo de cada minuto do momento em que o vi naquele dia 15 de Fevereiro de 1999, eu também me lembro exatamente da expressão do rosto dele quando me viu entrando pela porta da Comunidade Terapêutica. Ele sorriu com os olhos e com os lábios, simultaneamente. E naquele instante, minha "teoria da amiga" caiu por terra! A partir dali eu tive a certeza de que estaríamos juntos.

Nos abraçamos, mas não podia ser um abraço muito intenso. A instituição não permitia.
Passamos o dia juntos, de mãos dadas e dedos entrelaçados. Conversamos demais. Ele me falou sobre sua doença, fizemos planos, falamos do nosso passado, rodamos pela Fazenda, almoçamos juntos.

Hoje sei que ele já estava me manipulando (risos), porque naquela época eu era completamente crua no assunto dependência química, ou seja, alvo fácil! Eu trabalhava a temática na escola, dentro da minha disciplina, mas eu não tinha o conhecimento de causa!
Mas isso não importa mais. Essa fase passou...

Aquele dia foi um dos melhores dias da minha vida, independente do que veio depois. Naquele dia eu passei a acreditar no amor a primeira vista. Que as borboletas ficaram eufóricas naquele carnaval porque estavam tentando me avisar que aquele era o homem da minha vida. Descobri que eu o amei desde o primeiro instante que o vi.

Ficamos juntos até às 17h. Não nos beijamos, apenas nossas mãos se tocavam.
E então tive que ir embora... Nos despedimos com um abraço fraterno, e só!

Fiquei sentada na calçada em frente a Fazenda por uns 20 minutos esperando o taxista vir me buscar. A gente não podia mais conversar  ou ficar junto, e ele apenas me olhava de longe... Impotentes...
Cheguei na (mini) rodoviária por volta das 18h e meu ônibus só sairia às 22h. Chegou a ser engraçado eu ter que inventar coisas para fazer. Até banho no banheiro da (mini) rodoviária eu tomei! E acho que foi um dos melhores banhos da minha vida (risos), porque eu estava simplesmente morta de cansada. E quando entrei no ônibus eu senti essa enorme exaustão me derrubar, mas nada, absolutamente nada, me abalou. Nada tirava minha felicidade de tê-lo visto bem e ter passado um dia maravilhoso com ele.

Eu o amo... Sim... Tenho certeza disso... Eu o amo...


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A partir do momento em que decidimos ficar juntos, passamos por dias bons e outros ruins. Muitas lágrimas, palavras mal colocadas, enfim, muitos erros e acertos.
Tudo por conta de nossas insanidades e instabilidades. Ele por uma vida desregrada e eu por uma vida de baixa auto-estima.
Mas também tivemos, e temos, momentos maravilhosos, únicos...

Eu o amo tanto que só quero vê-lo bem e feliz, como ele está agora. Eu o amo tanto que decidi que o  meu Programa de Recuperação é a coisa mais preciosa da minha vida, e por isso vou me dedicar a ele. Eu o amo tanto que seria capaz de entender e respeitar a vontade dele se ele optasse por voltar atrás.
Doeria muito, mas...

Sim, eu o amo! Nossa, e como amo... E foi o amor que descobri que tenho por ele que me fez descobrir que preciso me amar mais.

E assim será...

Paz, serenidade e muito amor a todos. E maravilhosas próximas 24 horas!


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